A hipocrisia da classe média festiva que aposta na falácia do "ou Lula ou nada", atropelando a democracia que o petista afirma querer recuperar, é insólita. Afinal, essa elite do atraso, mascarada por um identitarismo supostamente esquerdista, diz que "não aguenta mais um dia" com Jair Bolsonaro presidindo o país. Mas nunca fez para tirá-lo do poder e já suportou quatro anos com Bolsonaro no poder.
O Movimento Fora Bolsonaro foi um fiasco, pela arrogância de seus organizadores, que se limitavam a organizar protestos com intervalos longos de um mês e meio e, mesmo assim, mais pareciam micaretas do que protestos. A arrogância e o salto alto eram tais que eles não aceitaram críticas, achando que estavam com razão marcarem manifestações de 45 em 45 dias. Quando fracassaram, tiveram que se calar.
E aí, com Bolsonaro mantendo o fôlego, os combustíveis e o leite dispararam no aumento dos preços. Se o Movimento Fora Bolsonaro tivesse tido maior empenho em realizar protestos, isso teria sido evitado. Talvez Lula não tivesse tido o papelão de se aliar com neoliberais comprometidos com o golpe político de 2016.
A classe média lulista é hipócrita. Acusa Ciro Gomes de agredir Lula, mas os lulistas é que agridem os adversários, sejam eles quem forem. Os seguidores de Lula atuam como se fossem valentões da escola, fazendo chacotas contra os adversários, em tons claramente ofensivos e desrespeitosos.
A Terceira Via não pode sequer respirar. O lulismo acaba se tornando uma obsessão doentia, uma paranoia, e é surreal que, para recuperar a democracia, se sacrifique, sem o menor escrúpulo, o processo democrático da competitividade eleitoral. Ainda que Lula possa ganhar todas, ele deveria ao menos enfrentar a Terceira Via, os políticos nanicos, todos os opositores no primeiro turno presidencial.
Os lulistas estão desesperados, com medo de perder, e por isso apelam para o discurso do "ou Lula ou nada". Nervosos, dizem que "não há outra escolha: é só Lula", e alegam que "não suportam mais um dia ver Bolsonaro presidindo o país". Maneira de dizer para produzir lacração nas redes sociais, pois tudo o que essa elite do atraso faz é aguentar Bolsonaro, pois nunca lutou sequer para evitar que ele fosse eleito.
Por isso é que a campanha de Lula acaba se tornando uma coleção de erros e equívocos, e a obsessão doentia por sua vitória entra em contradição com a democracia que o petista quer recuperar. Lula que tenha paciência para enfrentar todo tipo de rival e que convença o eleitorado no enfrentamento de ideias. Querer pular etapas sob a desculpa de que as eleições de 2022 são "plebiscitárias" é um grande contrassenso.
A classe média lulista demonstra sua hipocrisia, afinal ela nunca se sentiu incomodada durante o golpe político de 2016 e nem durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Essa elite sempre teve um lugar para brincar de ser revoltado, o parque de diversões digital das redes sociais, e fora isso sempre viveu na mais satisfatória prosperidade. Daí que eles aguentaram todo esse período sorrindo, brincando e dando gargalhadas, pois, parafraseando Renato Russo, essa elite "nunca dançou com ódio de verdade". Sua "revolta" apenas era um artifício para faturar com curtidas na Internet.
Comentários
Postar um comentário