Diferente do telecatch político entre Lula e Jair Bolsonaro, tomado de muita arrogância e bravataria, a Terceira Via respira, vai muito bem obrigado e merece ter espaço na campanha presidencial. Isto é democracia, é dar vez para mais candidatos expuserem suas ideias, dando aos eleitores o direito de escolha.
A grande mídia, ao menos Globo e Band, começam a cortejar os três candidatos considerados terceiro-viáveis, a senadora e advogada Simone Tebet (MDB-MS), o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT-CE) e o também advogado André Janones (Avante-MG), em programas de entrevistas e debates. Eles aabam se tornando prioridade pela grande mídia. A CCNN Brasil suspendeu o debate presidencial porque Lula e Bolsonaro não aceitaram participar.
O empenho da Terceira Via é de certa forma considerável, apesar da aparente baixa popularidade apontada por supostas pesquisas eleitorais, que Janones chegou a conversar com Lula e desistir da candidatura para apoiar o petista. Mas Janones preferiu seguir a candidatura até o fim.
Enquanto isso, a jornalista da Globo News, Natuza Nery, criticou a aparente recusa de Lula e Jair Bolsonaro de serem sabatinados pelo canal noticioso, o que indica o clima de salto alto dos dois pólos da corrida presidencial.
Não se está aqui fazendo julgamento de valor ou dizendo se os candidatos da Terceira Via são os melhores ou não. Há também outros candidatos no páreo. A diversidade da competição é saudável, seria muito chato haver só dois candidatos, ainda mais em primeiro turno.
Mesmo que Lula seja realmente o favorito, ele deveria descer do seu pedestal e aceitar enfrentar vários concorrentes. Lula que se destaque por suas ideias, indo a debates e enfrentando quem quer que seja. Essa paranoia do "ou Lula ou nada" é completamente ridícula e contraditória, uma vez que quer recuperar a democracia, mas atropela o seu necessário processo da competição eleitoral.
Simone, Ciro e André surpreendem pela despretensão, se contrapondo ao bonapartismo à esquerda de um Lula domesticado, que se contradiz o tempo todo, principalmente quando quer se aliar com a direita moderada e, em seguida, prometer um programa mais à esquerda. Isso não é democracia, democracia não pode jamais ser uma espécie de Dr. Jekyll & Mr. Hyde da política governamental, costurando neoliberalismo com concessões supostamente socialistas.
Sim, Simone, Ciro e André podem ser neoliberais, mas eles pelo menos não iludem as pessoas. Lula, por sua vez, ignora a realidade distópica, se alia com aqueles que, até pouco tempo atrás, contribuíram para o caos do qual hoje dizem repudiar, como a direita moderada que apoiou os retrocessos de Temer, mas hoje, sem prestar contas à sociedade, diz hoje defender o fim das desigualdades sociais.
É constrangedor ver os lulistas humilhando, ofendendo e agredindo a Terceira Via, se esquecendo que esta, um subproduto do antipetismo, poderia tirar os votos de Bolsonaro. A Terceira Via nunca ameaçou os votos de Lula, e o linchamento que os lulistas deram nos terceiro-viáveis acabou fortalecendo Bolsonaro.
Que sejam bem-vindos os terceiro-viáveis e outros presidenciáveis. Independente da qualidade de seus projetos políticos, é necessário haver diversidade de candidaturas. Isso é democracia, queiram ou não os lulistas. Que Lula, se quiser vencer, enfrente todos eles com humildade e consideração.
Comentários
Postar um comentário