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'DEVAGAR QUASE CORRENDO' É UMA GRANDE OBRA VINTAGE

 

Quem acha que vintage é gourmetizar a música de Michael Sullivan ou Benito di Paula ou imagina que cult é Grupo Molejo, Raça Negra e É O Tchan, está bastante desinformado das coisas. Precisa melhorar o repertório de leitura de livros e sair das zonas de conforto das obras anestésicas que "servem para relaxar".

Uma boa dica é meu livro Devagar, Quase Correndo, um livro que lancei há um tempo e que mostra coisas legais bem vintage. Um livro que serve para dialogar com o público que busca o verdadeiro saudosismo cultural, que é bem diferente do que ler aquele jornalista cultural isentão passando pano em esquecidos ídolos bregas ansiosos em voltar à carreira, agora promovidos como "gênios visionários".

O livro Devagar, Quase Correndo faz aquele estilo das coletâneas minhas. Não é material previamente lançado colhido numa mesma fonte. Há textos já publicados na Internet, mas há também textos exclusivos e raros, e outros que já figuraram na Internet mas estão fora do ar.

Há um pouco de tudo. Elvis Presley, Raul Seixas, Jerry Adriani, Monkees, Cauby Peixoto, Toninho Horta, Rita Lee, uma comparação entre Incríveis e Fevers. Há textos sobre teoria musical, como o problema das mixagesn na MPB e no Rock Brasil dos anos 1980. 

Há um ensaio sobre a sina de Niterói abrigar rádios de rock, sobre o movimento estudantil que no passado defendeu cultura de verdade e uma explicação correta sobre a Antropofagia Cultural de Oswald de Andrade, que não pode ser confundida com a "casa da Mãe Joana" da bregalização culturalmente colonizada e vira-lata.

Tem ídolo brega? Tem, sim, mas sem o habitual desfile de flanelas passantes encharcadas de muita choradeira vitimista. Um texto é uma bronca nos defensores do brega, que é conservador, que esconderam o reacionarismo de Waldick Soriano, ao passo que o punk rock, que tem fama de libertário, nunca escondeu a existência de músicos bem reaças como Johnny Ramone, dos Ramones.

Outro texto é um balde de água gelada em quem achava que Odair José é o "Bob Dylan da Central". Com uma abordagem objetiva, eu constatei que a imagem de "cantor de protesto" do ídolo cafona é uma grande cascata. Odair José sempre foi um cantor de bubblegum, e eu mostrei isso nas letras que reproduzi no texto.

Há textos sobre Chacrinha, sobre a mania da gravadora WEA adulterar anos de discos nas prensagens brasileiras dos anos 1980, sobre Sérgio Murilo, que foi "rei" antes de Roberto Carlos, e também sobre a revelação de que o Live Aid só fez mal ao seu idealizador, Bob Geldof.

Portanto, é um livro instigante com textos que não se vê na mídia musical, presas à mesmice do mainstream, influenciando canais no YouTube que dificilmente falam algo além do que é banal. Devagar, Quase Correndo merece muita leitura, e o EBook custa mais barato, embora o livro impresso seja bom para se ler na hora de deitar na cama ou para ter um item na estante caseira de livros.


Mas quem quiser adquirir o livro por outro portal, o também famoso Clube de Autores, é só clicar no seguinte endereço: https://clubedeautores.com.br/livro/devagar-quase-correndo. Desejamos boa leitura para todos vocês.

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