Pular para o conteúdo principal

LULA DECAI PELA FALTA DE FIRMEZA POLÍTICA

GOVERNO LULA FOI MARCADO MAIS PELAS PROPAGANDAS, OPINIÕES, CERIMÔNIAS E RELATÓRIOS DO QUE AÇÕES, ESTAS MUITO TÍMIDAS E QUASE NADA CORAJOSAS.

Não há como fingir, fazer textão, ficar com cara feia, pedir para boicotar questionamentos etc etc etc. O governo Lula sempre se conduziu pelo faz-de-conta, um governo de contos de fadas em que o sonho lutava para se sobressair à realidade, não aquele sonho de ideais a serem conquistados com justiça e mérito, mas o sonho no sentido de fantasia.

O governo Lula decai porque o povo pobre, o povo da vida real, não o "povo pobre" tresloucado do Tik Tok, Facebook e Instagram, não é trouxa para acreditar num governante que, supostamente representando as classes populares, pouco age em favor delas.

Falamos em fatos concretos, ações firmes, efeitos a serem sentidos não pelo coro de mensagens concordantes no efeito manada dos lulistas nas redes sociais, mas pela realidade concreta que nenhum textão substitui, com toda a sua persistente verossimilhança.

Lula, no caso dos alimentos caros, não agiu com firmeza. Para um presidente que chorou feito um bebê na campanha presidencial pedindo para os brasileiros votarem nele por causa do combate à fome, para depois, quando eleito, viajar e se pavonear pelo mundo, faz sentido uma atuação medíocre do líder político pelo qual se sentiram expectativas fabulosas, prometendo "o melhor governo de todos da História do Brasil".

A atuação medíocre se deu quando Lula não adotou uma atitude firme para conter as altas de alimentos. Tão empenhado em financiar deputados para votarem a favor do presidente, Lula não pensou em subsidiar produtores e comerciantes, incluindo redes de supermercados e até feiras livres, para ajudar na queda dos alimentos. Café e azeite de oliva foram, para o governo Lula, o que o leite e o tomate representaram para o governo Bolsonaro, em termos de carestia alimentícia.

Lula se limitou a fazer duas coisas. Primeiro, abrir um crédito para a população pobre poder comprar mais comida. Uma atitude paliativa, diante da impotência do presidente em impor a queda dos preços. Segundo, apenas estocar arroz, milho e trigo para conter o crescimento dos preços. Atitude emergencial que poderia ter sido desnecessária se Lula tivesse feito algo mais preventivo assim que começou seu atual mandato, desistindo de passear pelo mundo afora.

Daí que a queda de popularidade de Lula é um fato que este blogue havia mencionado há tempos, mas que a chamada "opinião pública" renegou. O negacionista factual não aceitava que Lula fosse visto como um traidor pelas classes populares, achando isso "impossível".

Mas eu, que tenho que andar pelas ruas e não posso ser escravo de convicções, tenho que verificar a realidade dos fatos que nem sempre são agradáveis. Eu sempre via trabalhadores e miseráveis falarem mal de Lula, e hoje a coisa perdeu o controle e pode se agravar ainda mais.

Nota-se a insegurança do presidente Lula, que não consegue esconder que teve que negociar tanto para sair da prisão quanto para ser eleito presidente. Seu governo nada tem de esquerdismo, e mesmo o chamado "centro-esquerdismo" do atual mandato está mais próximo de um neoliberalismo assistencialista. 

Até mesmo os "recordes históricos" não encontram reflexo na realidade. Aumento de empregos? Com trabalho 100% comissionado e escala 6x1 mantidos? Com a precarização que faz com que até formandos em ensino superior tenham que trabalhar no Uber e no I-Food para sobreviver, e isso quando não catam lixo nem carregam caixas de papelão desmontadas para vender em alguma oficina de reciclagem de lixo?

Quem tenta definir o atual mandato de Lula como "heroico", "revolucionário" e "atuante" é quem está bem de vida e quase não sai de casa senão dentro de seus carrões, com os vidros fumê estimulando a cegueira social daqueles que só gostam de pobre quando veem comédias na TV.

Lula tenta reverter a impopularidade viajando e, há poucos dias, teve um encontro com vários prefeitos de cidades brasileiras, tentando atrair a confiança e o apoio deles, enquanto o presidente está em "aquecimento" para enfrentar o povo nos palanques, como se o atual mandato do chefe do Executivo federal se limitasse a ser apenas uma campanha para o quarto mandato.

É muita propaganda. São muitas cerimônias. Muitas opiniões de Lula. Muitas promessas. Muitos relatórios. Ações foram poucas e dentro dos níveis medíocres dos governos de Fernando Henrique Cardoso e José Sarney. Só a classe média abastada se empolga com Lula e esta ainda quer que o povo pobre aceite e aplauda de pé um governo abertamente medíocre, com o presidente abandonando os brasileiros para viajar e intervir nos conflitos políticos alheios.

Mas o povo pobre não é trouxa e, por sorte, quem mais utiliza as redes sociais é a elite do atraso agora repaginada numa classe "democrática", ainda presa em seus tabus incuráveis e sua obsessão pela prevalência da fantasia sobre a realidade.

No entanto, se o povo pobre da vida real tivesse a oportunidade de aparecer na Internet, sem os filtros propagandísticos do Lulismo Paz e Amor da Faria Lima, a forma de ver o governo Lula seria diferente, e muito mais dramática em termos de queda de popularidade. O povo não se ilude com um trabalhador mergulhado na areia movediça do peleguismo. O povo não é bobo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"ANIMAIS CONSUMISTAS"AJUDAM A ENCARECER PRODUTOS

O consumismo voraz dos "bem de vida" mostra o quanto o impulso de comprar, sem ver o preço, ajuda a tornar os produtos ainda mais caros. Mesmo no Brasil de Lula, que promete melhorias no poder aquisitivo da população, a carestia é um perigo constante e ameaçador. A "boa" sociedade dos que se acham "melhores do que todo mundo", que sonha com um protagonismo mundial quase totalitário, entrou no auge no período do declínio da pandemia e do bolsonarismo, agora como uma elite pretensamente esclarecida pronta a realizar seu desejo de "substituir" o povo brasileiro traçado desde o golpe de 1964. Vemos também que a “boa” sociedade brasileira tem um apetite voraz pelo consumo. São animais consumistas porque sua primeira razão é ter dinheiro e consumir, atendendo ao que seus instintos e impulsos, que estão no lugar de emoções e razões, ordenam.  Para eles, ter vale mais do que ser. Eles só “são” quando têm. Preferem acumular dinheiro sem motivo e fazer de ...

A SOCIEDADE HIPERMERCANTIL E HIPERMIDIÁTICA

CONSUMISMO, DIVERSÃO E HEDONISMO OBSESSIVOS SÃO AS NORMAS NO BRASIL ATUAL. As pessoas mais jovens, em especial a geração Z mas incluindo também a gente mais velha nascida a partir de 1978, não percebe que vive numa sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada. Pensa que o atual cenário sociocultural é tão fluente como as leis da natureza e sua rotina supostamente livre esconde uma realidade nada livre que muitos ignoram ou renegam. Difícil explicar para gente desinformada, sobretudo na flor da juventude, que vivemos numa sociedade marcada pelas imposições do mercado e da mídia. Tudo para essa geração parece novo e espontâneo, como se uma gíria fabricada como “balada” e a supervalorização de um ídolo mediano como Michael Jackson fossem fenômenos surgidos como um sopro da Mãe Natureza. Não são. Os comportamentos “espontâneos” e as gírias “naturais” são condicionados por um processo de estímulos psicológicos planejados pela mídia sob encomenda do mercado, visando criar uma legião de c...

LULA OFENDE O POVO POBRE COM PIADA DA "VARANDA DE PUM"

Em cerimônia de lançamento de um projeto de casas populares, o Morar Carioca, em parceria com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD-RJ), no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste carioca, o presidente Lula investiu num comentário bastante grosseiro e ofensivo às classes populares, quando defendeu que as habitações devem contar com varandas. Disse o presidente do Brasil: "Uma varandinha de 2 metros. O que custa fazer uma varandinha? Por que o povo tem que ficar dentro de um apartamento olhando para a parede e não tem uma sacadinha? Vamos fazer a varanda do pum. Todo mundo sabe que tem dia que a gente está com excesso de flatulência e é importante que a gente não fique fazendo as coisas perto da família. Vai na varandinha e faça o que tenha que fazer sem incomodar...". Lula tentou compensar a grosseria fazendo um comentário aparentemente favorável ao povo pobre: "As pessoas precisam saber que as pessoas pobres gostam de coisas boas, a gente gosta de se vestir bem, c...

AXÉ-MUSIC SOA MOFADA, COMO TODA MÚSICA BREGA-POPULARESCA

A AXÉ-MUSIC SERVE DE TRILHA SONORA PARA A ALEGRIA E O AMOR TORNADOS MERAS MERCADORIAS DE CONSUMO. A música brega-popularesca pode fazer sucesso estrondoso nas rádios, lotar plateias e atingir o grande público. Mas, passados seis meses, essas músicas soam velhas e não adianta a blindagem de intelectuais e críticos tentar exumar esses cadáveres sonoros porque o merecimento é inevitável. A título de comparação, canções da Legião urbana e de Cazuza ainda mantém o frescor de novas. E isso é irônico, pois Cazuza e Renato Russo estão falecidos há, respectivamente, 35 e 29 anos, portanto, muito tempo.  Os ídolos popularescos, no entanto, podem estar vivos e, todavia, seus sucessos perecem rapidamente. Seus primeiros sucessos já soam mais antigos do que parecem e mesmo quem adora essas músicas terá que admitir isso, até pela fugacidade de suas vidas frenéticas. Mas, para quem acha que Chaves é humor de vanguarda vai pensar que os sucessos popularescos são “modernos” e “atemporais”. A axé-mu...

A PERIGOSA FARRA DA APROPRIAÇÃO DA MEMÓRIA DOS MORTOS

AYRTON SENNA É UM DOS NOMES USADOS NA RECENTE PRODUÇÃO DE PSICOGRAFAKES  RETOMADA NO BRASIL. Depois que a USP veio com a tese universitária, desprovida de fundamentação científica, sobre as "alterações genéticas" dos ditos "médiuns", tentando forjar um caráter extraordinário a esses mistificadores religiosos guiados por ideias medievais, voltou a farra do uso de personalidades mortas em mensagens de claro mershandising  religioso. Desta vez, dois personagens vieram à tona, através de uma prática de psicografakes  produzidas e divulgadas pela equipe do portal de fofocas TV Foco. Nota-se que os portais de fofocas e a mídia policialesca adoram muito divulgar os "médiuns" e as "cartas psicografadas", devido à afinidade quanto à produção de obras "controversas" que produzam sensacionalismo no grande público. Tudo isso com o apelo tendencioso e malicioso das "lindas mensagens", dos "recados fortes" e das "cartas comov...

A GLAMOURIZAÇÃO DAS FAVELAS E A DEPRECIAÇÃO DO POVO POBRE

DOIS LADOS DE UMA MESMA MOEDA - A GLAMOURIZAÇÃO FOTOGRÁFICA DA ROCINHA E A DEPRECIAÇÃO DE CRIANÇAS CARIOCAS NUM LIVRO DIDÁTICO ALEMÃO. O Brasil de hoje tornou-se apenas uma arena em que duas variantes de uma mesma burguesia disputam narrativas. Uma, mais raivosa, grosseira, reacionária e escancarada, representada pelo bolsonarismo, e outra, mais alegre, cordial, paternalista e comedida representada pelo lulismo dos tempos atuais. Uns e outros representam, hoje, o que os saquaremas (conservadores) e luzias (liberais) significaram nos tempos do Segundo Império. São os "homens de bem" de um lado e os "democráticos", de outro. Dito isso, vemos dois casos em que a imagem depreciativa do brasileiro, sobretudo o mais pobre, recebe de narrativas produzidas por esses dois polos elitistas que disputam a supremacia sobre o povo brasileiro. Num caso, vemos a glamourização das habitações degradantes das favelas, que deveriam ser vistas como habitações temporárias, mas são tratad...

MAIORIA DO CAFÉ BRASILEIRO TEM IMPUREZAS

CEVADÃO - Café da marca Melitta tem gosto de cevada. Melitta sabe fazer coador, mas "pesa na mão" ao bancar a produtora de café. Denúncia divulgada pelo canal Elementar mostra que o café brasileiro, em sua quase totalidade, não é genuinamente café, pois em muitos casos apresentam mais impurezas do que o próprio café, e o pior é que isso ocorre sob o consentimento da lei, conforme informa a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo a matéria, a lei permite que o café seja comercializado com impurezas, que vão de restos de milho, pó de madeira e até mesmo restos de insetos. O sabor do café acostumou mal o brasileiro médio e faz com que as gerações atuais, diferente do desconfiômetro dos antepassados, confundissem o sabor do café com o de um pó queimado e amargo. A matéria informa que 90% do café produzido no Brasil é vendido para exportação, enquanto apenas 10% permanece no mercado nacional. Com isso, o café brasileiro, há muito tempo, "enche linguiça...

DOUTORADO SOBRE "FUNK" É CHEIO DE EQUÍVOCOS

Não ia escrever mais um texto consecutivo sobre "funk", ocupado com tantas coisas - estou começando a vida em São Paulo - , mas uma matéria me obrigou a comentar mais o assunto. Uma reportagem do Splash , portal de entretenimento do UOL, narrou a iniciativa de Thiago de Souza, o Thiagson, músico formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) que resolveu estudar o "funk". Thiagson é autor de uma tese de doutorado sobre o gênero para a Universidade de São Paulo (USP) e já começa com um erro: o de dizer que o "funk" é o ritmo menos aceito pelos meios acadêmicos. Relaxe, rapaz: a USP, nos anos 1990, mostrou que se formou uma intelectualidade bem "bacaninha", que é a que mais defende o "funk", vide a campanha "contra o preconceito" que eu escrevi no meu livro Esses Intelectuais Pertinentes... . O meu livro, paciência, foi desenvolvido combinando pesquisa e senso crítico que se tornam raros nas teses de pós-graduação que, em s...

O INCÔMODO DE UMA ORDEM SOCIAL QUE NÃO QUER LARGAR O OSSO

TATARANETOS DOS VELHOS SENHORES DE ENGENHO POSANDO DE "GENTE SIMPLES". Vivemos o canto do cisne de uma velha ordem social que experimenta seu apogeu nos últimos anos e, no entanto, vê a sombra da decadência estar em seu caminho. A velha burguesia brasileira, no exato momento em que se sente plenamente empoderada e, ao mesmo tempo, dissimulada o suficiente para se impor como "substituta" do povo brasileiro, não quer decair e tenta trabalhar sua herança sociocultural para a geração Z que, infantilizada, aceita de bom grado o sistema de valores baseado na precarização da cultura e do trabalho. A ênfase no entretenimento, cuja indústria voraz investe pesado em eventos e atrações estrangeiras em quantidades astronômicas para fazer do Brasil um gigantesco parque de diversões, dando, aos jovens da geração Z, a falsa impressão de "verdadeiro protagonismo mundial" de nosso país, reflete a obsessão de nossas elites, agora representadas por empresários e famosos de, ...

FARIA LIMA “LÚDICA”: OS DONOS DA CULTURA BRASILEIRA

É ASSUSTADOR QUE OS VALORES SOCIOCULTURAIS ATUAIS VENHAM NÃO DO AR PURO DO CONVÍVIO NATURAL HUMANO, MAS DO AR REFRIGERADO DOS ESCRITÓRIOS EMPRESARIAIS. Há setores da burguesia que detém o controle e o tráfico e tráfego de influência dos valores socioculturais que eles concebem ou autorizam. Em grande parte empresários do entretenimento, eles regulam o comportamento, os hábitos, crenças e costumes compartilhados por um grande número de brasileiros, principalmente jovens. Com um nível de conscientização social comparável ao de um Mark Zuckerberg, mas acrescido de um tom politicamente correto de um Bill Gates, a Faria Lima “lúdica” segue invisível circulando nos bastidores e nos coquetéis de luxo vendendo a imagem de uma elite “moderna”, “ilustrada e esclarecida”, supostamente versátil e pretensamente generosa. Descendente das velhas elites cujo maior grito contemporâneo foi a Marcha da Família de 18 de março de 1964, que pediu a ditadura militar para combater o “governo da aventura” de J...