LULA RECEBE O ABRAÇO DO MARQUETEIRO E HOJE MINISTRO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO, SIDÔNIO PALMEIRA.
O atual mandato de Lula demonstra que o Brasil vive num contexto de um país infantilizado, birrento, que acredita cegamente que chegará ao Primeiro Mundo quando vemos que esse sonho é distante a anos-luz da realidade (não diga isso para o negacionista factual, porque ele surta).
Um país em que a juventude identitária, já no semblante, demonstra parecer um bando de crianças de sete, oito anos em corpos de gente de 22, 23 anos, torce para Lula ser reeleito, quando ele se desgasta a olhos vistos e precisa apelar para a propaganda para tentar recuperar a popularidade e a confiança entre os mais pobres, hoje revoltados com o presidente.
Num país em que a "verdade" tem que ser medida pelo êxito da publicidade, que na verdade (permitam-me o trocadilho) é um terreno marcado pela mentira (mente-se sobre um produto ou ideia para que ela seja acolhida pelo público alvo), Lula chamou o seu marqueteiro de 2022, Sidônio Palmeira, para a Secretaria de Comunicação, na esperança de evitar o agravamento de sua queda de popularidade.
Vivemos num cenário de simulacros. As ficções dos relatórios, com supostas realizações que, de tão fantásticas, fáceis e imediatas demais, não conseguem encontrar reflexo na realidade. Temos as opiniões de Lula, não raro com muitas e novas gafes, palavras que tentam, em vão, tomar o lugar dos atos. Temos cerimônias e rituais para simples anúncios de medidas de governo.
Ou seja, é tudo maquiagem, retórica, artifícios com gráficos, plotagens com pobres estereotipados e sorridentes, opiniões que fazem com que os lulistas durmam tranquilos mesmo quando o presidente deixa de fazer alguma coisa urgente. Isso mostra o quanto vivemos numa sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada, onde os fatos se submetem aos juízos de valor de quem tem mais poder e o prazer humano é subordinado ao consumismo voraz e instintivo.
Lula decidiu que vai discursar, de duas em duas semanas, para "dar visibilidade às realizações do seu governo". Mais artifícios, partidos de um presidente que acha que a realidade está "rebelde" e, por isso, ela deve obedecer às vontades do petista, que, se considerando o "menino mimado da História", quer agora que todos os seus desejos sejam atendidos.
Duas medidas de cunho paliativo foram anunciadas por um presidente que, recentemente, age para promover até desastres ambientais, como a exploração de petróleo na Amazônia e a construção de hidrovia no Pantanal, que põem risco à diversidade biológica e à sustentabilidade da natureza. Ou seja, um presidente que comete erros graves e acha que pode acertar com medidas até corretas, mas longe de serem socialmente transformadoras.
Lula anunciou que vai investir uma bolsa de R$ 1 mil para cada aluno pelo programa Pé-de-Meia e, também, a oferta gratuita de remédios e fraldas geriátricas pela Farmácia Popular. Iniciativas corretas, mas que não são revolucionárias, por mais que causem muito burburinho nos lulistas extasiados nas redes sociais. E o presidente ainda fez gracinha ao anunciar os dois programas:
"Uma dupla que não é sertaneja, mas que está mexendo com o Brasil: o Pé-de-Meia e o novo Farmácia Popular. É para os jovens brasileiros que trago a primeira boa notícia. O pagamento da poupança de R$ 1.000 do programa Pé-de-Meia entra amanhã na conta e rendendo. Tem direito ao valor quem passou de ano. Mas quem concluiu o ensino médio já pode sacar a partir desta terça".
O presidente Lula vive na ilusão de querer ser "tudo de tudo". Não admite que sua queda de popularidade se deu principalmente pela sua aproximação "democrática" com as elites e por medidas que somente os lulistas julgam "acertadas", como a ênfase na política externa no começo do atual mandato.
Preocupado com as supostas pesquisas de opinião - que mostraram apenas uma leitura "amena" da queda de popularidade do presidente - , Lula vive no seu mundo que se torna anacrônico, já que ele é uma personalidade de um outro tempo, de um Nordeste agrário e conservador dos anos 1940. Daí, por exemplo, a religiosidade tradicionalista de Lula e o machismo estrutural de seus valores masculinos.
É triste ver que dependemos de alguém assim, um homem de 80 anos que deveria se aposentar da política, para conduzir o futuro do nosso país. Para a sociedade identitarista e para a elite do bom atraso - a burguesia de chinelos que se acha "pobre" porque fala português errado e ouve música popularesca - , tanto faz, afinal se tratam de pessoas bem de vida, às quais só estão preocupadas com o divertimento e o consumo, não vivem os dramas pessoais do povo pobre da vida real, este invisível ao lulismo.
O Brasil vive a versão tardia e cafona dos roaring twenties dos EUA do século 20. Um país infantilizado que teima em se considerar "país desenvolvido", gozando das zonas de conforto que o governo Lula oferece, com os seguidores do presidente vivendo de diversão e consumismo.
Enquanto isso, a verdadeira justiça social não se realiza e, quando muito, só recebe medidas paliativas. Salários precários que os lulistas definem como uma fartura, dando apenas um milhar e meio para os trabalhadores enquanto despeja valores 40 vezes maiores para cada parlamentar que fizer uma única votação a favor de Lula.
Com esse quadro sociopolítico e sociocultural que temos, o nosso país vive um cenário de muita confusão. Temos que pensar numa terceira via competitiva que possa fazer nosso país respirar, pois o lulismo demonstrou que está cheirando a mofo.
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