Inserir informações falsas ou tendenciosamente oportunistas é mais comum do que se pensa, e infelizmente o Google deixa publicar dados que só contribuem para desinformar e confundir as pessoas, que já têm dificuldade para pesquisar ruas, cidades, países, bairros, estabelecimentos, residências etc se utlizando de uma área a ser vista em um mapa.
Uma determinação do presidente dos EUA, Donald Trump, para renomear o Golfo do México, um gigantesco lago cercado pelos EUA, Méxco, Bahamas e Cuba, como Golfo da América, fez o Google rebatizar a área, colocando o nome original Golfo do México acrescido pela denominação "Golfo da América" entre parênteses.
A alteração causou profunda revolta na presidenta do México, Cláudia Sheinbaun, que no pronunciamento matinal de anteontem ameaçou processar o Google, que detém 90% do mercado de buscas na Internet: "De fato, temos uma disputa com o Google no momento. (...) E, se necessário, tomaremos medidas civis".
No México, a nomenclatura "Golfo da América" não é usada, permanecendo o nome original de Golfo do México. No entanto, o resto do mundo passou a acolher o novo nome, que também foi aceito pela plataforma digital Apple.
No Brasil, um exemplo de como o Google permite que informações falsas sejam publicadas impunemente. Para piorar, é a atribuição de um suposto "médium" do Espiritismo brasileiro, ídolo religioso ultraconservador glorificado por muitos por uma pretensa caridade que humilhava os pobres, confundia e dividia famílias e enriquecia dirigentes e editores "espíritas", em diversas rodovias de São Paulo, o que não tem a ver, pois o religioso era de Minas Gerais.
A atribuição contamina várias rodovias paulistas, entre elas a Rodovia Anhanguera, a Rodovia Castelo Branco e a Via Anchieta (neste caso, uma ironia, pois o "médium" afirmava ter como mentor o espírito do Padre Manuel da Nóbrega, colega de Anchieta no medievalismo jesuíta do Brasil colonial), sem que houvesse uma informação real que sugerisse o uso do nome do "médium" para essas estradas.
Eu pesquisei o Wikipedia dessas estradas e não há uma informação sequer de que o "médium" teria tido seu nome dado a sequer um trecho das rodovias. Os trechos até apresentam diversos nomes, mas o do religioso em nenhum momento aparece como uma das denominações.
Isso é diferente do que, em outro caso infeliz, ocorre na "Avenida da Ciclovia" em Piratininga, Niterói, na qual o nome do "médium" é, sim, utilizado no logradouro, como pude lamentavelmente conferir nos passeios para a praia da Região Oceânica.
Neste caso, o uso do nome do "médium" pelos niterioenses é uma verdadeira Síndrome de Estocolmo, pois o religioso que viveu seus últimos dias em Uberaba - cuja reputação de "cidade barata" foi desmascarada, com exclusividade, em matéria de nosso blogue - , em um livro "mediúnico" de 1966, fez acusações infundadas contra o povo pobre de Niterói e São Gonçalo que, mortos ou feridos em um incêndio criminoso num circo em 1961, foram acusados de terem "pago o que mereceram", atribuindo a eles uma hipotética "encarnação" como cidadãos da Gália, no Império Romano, no Século 2.
A acusação foi feita sem fundamento algum e reflete o caráter impiedoso do "médium" que, com tamanha acusação, acabou passando pano no criminoso que planejou o trágico incêndio, Dequinha, reduzido a um "instrumento" da suposta Lei de Causa e Efeito, o que seria classificar o autor principal da tragédia a uma espécie de "jagunço de Deus".
O "médium" ainda cometeu o agravante de atribuir a acusação ao escritor Humberto de Campos, mal disfarçado pelo pseudônimo "Irmão X", visando livrar o charlatão religioso de processos criminais. Décadas depois, um "médium" de São José do Rio Preto, usando o nome de Alberto Santos Dumont, foi processado por fazer semelhantes acusações contra as vítimas de um acidente com um avião da TAM (atual LATAM), em 2007.
O uso do nome de Humberto de Campos também seria uma demonstração de gravíssimo falso testemunho, botando na conta de um morto as visões pessoais de um farsante religioso, em clara ofensa ao legado a este subestimado escritor. E, como se nada existe de ruim que não possa piorar, o "médium" conseguiu enganar o filho homônimo de Humberto, que de um cético exemplar e sério passou para um abobalhado devoto do charlatão de Pedro Leopoldo e Uberaba, o mesmo que acobertou os crimes de João de Deus abrindo uma instituição religiosa em Abadiânia, Goiás.
Quanto ao uso do nome do charlatão religioso em rodovias paulistas, deveria ser feita uma investigação rigorosa para verificar de quem partiu essa fraude. Convidemos os jornalistas investigativos e os semiólogos sérios a largarem um pouco as flanelas e desmascararem o charlatão através da pesquisa de fatos cujos indícios já são fortes e comprováveis, faltando somente uma confirmação oficial. A liberdade da fé não pode ser terreno para o obscurantismo, a mentira e os abusos da fraude e do falso altruísmo.
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