TATARANETOS DOS VELHOS SENHORES DE ENGENHO POSANDO DE "GENTE SIMPLES".
Vivemos o canto do cisne de uma velha ordem social que experimenta seu apogeu nos últimos anos e, no entanto, vê a sombra da decadência estar em seu caminho. A velha burguesia brasileira, no exato momento em que se sente plenamente empoderada e, ao mesmo tempo, dissimulada o suficiente para se impor como "substituta" do povo brasileiro, não quer decair e tenta trabalhar sua herança sociocultural para a geração Z que, infantilizada, aceita de bom grado o sistema de valores baseado na precarização da cultura e do trabalho.
A ênfase no entretenimento, cuja indústria voraz investe pesado em eventos e atrações estrangeiras em quantidades astronômicas para fazer do Brasil um gigantesco parque de diversões, dando, aos jovens da geração Z, a falsa impressão de "verdadeiro protagonismo mundial" de nosso país, reflete a obsessão de nossas elites, agora representadas por empresários e famosos de, em média, 45 anos de idade, numa mudança de imagem, com os fidalgos e fidalgas pós-modernos com camisetas, jeans rasgados e sapatênis.
A tentativa dessa elite, na geração sub-70, de ao mesmo tempo manter e até aumentar seus privilégios exorbitantes e passar uma imagem de pretensa simplicidade, deixando para trás a reputação negativa de classe opressora e nababesca, dá o tom dos tempos atuais, quando a burguesia luta para extinguir sua antiga simbologia de classe para se "misturar" ao povo numa conciliação de fachada ditada pelos "novos tempos".
Depois do fim da pandemia da Covid-19 e do desgaste institucional do bolsonarismo - que continua empoderado como uma força à margem do atual cenário sociopolítico - , a burguesia enrustida viu no seu egocentrismo e até no egoísmo, em casos extremos, uma forma de construir seu protagonismo mundial, como pretensos predestinados a dominar a humanidade, como uma elite tida como "a mais legal do mundo".
Escondendo as sujeiras dos seus antepassados sob o tapete, a velha ordem social brasileira, a "boa" sociedade se autoproclama "sociedade do amor" e, depois que seus vovôs e vovós, com rosários do padre Patrick Peyton na mão e panfletos do IPES-IBAD no bolso, pediram a saída de João Goulart do comando do Brasil, agora querem mais um mandato de Lula, já que o ex-sindicalista hoje tornou-se um completo pelego político.
E aí vemos a burguesia vendo, aos poucos, a reviravolta triste das suas eternas festas "sem fim" que têm que terminar. Ameaçados e até se tornando expulsos de outros países, a burguesia brasileira enrustida - aquela que se acha "tão legal" que renega veementemente sua condição burguesa tal qual os pleibóis se irritam quando assim são chamados (da forma inglesa playboy, vale lembrar) - está também enfrentando desastres aéreos, latrocínios e furtos de celulares.
Tudo isso é um revés para uma classe que desejou demais para si, movida pela ganância, pelo descaso, pela megalomania. Uma classe que começa a ser expulsa do mundo que desejava dominar, achando que a Terra estava na palma de suas mãos. Uma classe que derrubou Jango mas agora quer Lula governando mais quatro mandatos, porque o atual presidente é mão aberta para financiar os projetos da burguesia bronzeada, liberando a fortuna dessa classe para a recreação.
Pois agora o "sonho brasileiro" de 2023, quando a burguesia de chinelos, invisível a olho nu, se julgava "dona de tudo" e até do mundo, começa a se dissolver, quando um outro Brasil, desprezado pela "democracia de um homem só" de um Lula a serviço da burguesia, começa a gritar, com os oprimidos não aceitando encenarem os papéis resignados e subservientes da burguesia "ilustrada" que veste camisetas, jeans rasgados e sapatênis.
Não adianta a burguesia atual fingir que é "gente simples" e se achar "mais povo que o povo". Chega um momento em que a ganância dessa burguesia enrustida que se camufla dentro do povo começa a se expor claramente, e os prejuízos trazidos aos que estão fora do "banquete democrático" atual se tornam evidentes. E aí o Brasil excluído até pelo "governo inclusivo" de Lula começa a gritar e mostrar uma realidade que o negacionista factual luta para não ser reconhecida.
A burguesia bronzeada brasileira não quer largar o osso usa a fantasia e o sonho para se salvarem. O povo, para ela, é só um detalhe.
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