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CENSO 2022 INSISTE NA LOROTA DE SALVADOR COMO "CIDADE-MULHER"


Diz o ditado popular de que o hábito do cachimbo faz a boca ficar torta. Uma das heranças do ufanismo da ditadura militar, em sua tradução baiana através do culturalismo turístico de Antônio Carlos Magalhães, é a mentira de que a população de Salvador é de maioria feminina, lorota que novamente é "confirmada" por dados recentes do Censo 2022.

A mentira, que cria zonas de conforto emocionais tanto para os machistas quanto para as feministas, por alimentar expectativas sexuais daqueles e reforçar a sororidade destas, vem desde o Censo de 1970, através de uma "metodologia" feita por fins publicitários, associando a imagem tropical da capital baiana à mitologia sensual da "mulata atrevida".

Posso dizer que é uma mentira porque vivi em Salvador durante 18 anos. Como jornalista, formado justamente na Universidade Federal da Bahia e registrado profissionalmente a partir do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, repudio firmemente as fake news mas isso não significa, por outro lado, que eu tenha que aceitar tranquilo dados oficiais, só porque eles são compartilhados pela chamada "imprensa séria". 

Tenho que questionar e é um trabalho muito difícil, porque o grande público passou a se acostumar com uma mentalidade complacente, depois de décadas de Jornal Nacional e dos estragos que o AI-5 causou na nossa mídia, que faz com que, mesmo atualmente, as heranças dos anos de chumbo continuem firmes e fortes. Por isso, basta uma autoridade, um tecnocrata ou um técnico falar uma mentira para a Rede Globo, TV Bandeirantes, Isto É e O Dia (RJ) para o pessoal dormir tranquilo achando que se trata de uma verdade indiscutível, a ser multiplicada pelo "Ctrl+C/Ctrl+V" da Internet.

Eu não cansava de ver grande presença de homens na capital baiana. Os ônibus superlotados não me deixavam mentir. Era homem para tudo quanto é canto. Mas são homens negros, pobres e, digamos, "pouco atrativos", o que faz com que interesses de cunho político, turístico e midiático tenham que esconder essa "gente feia" que, em maioria esmagadora, veio do interior da Bahia e não tem direito sequer de ser um número nos dados estatísticos oficiais.

No Censo de 1960, que foi citado no livro 1961 - Que as Armas Não Falem, de Paulo Markun e Duda Hamilton, uma das fontes lidas para meu livro 1961 - O Ano Que Havíamos Esquecido, Salvador tinha maioria masculina na população. E olha que o chamado êxodo rural, do interior baiano marcado por um forte coronelismo em padrões dignos de faroeste brasileiro, não era tanto como passou a ser a partir de 1970, quando a ditadura estimulava a violência dos "coronéis" contra o povo camponês.

GABRIELA CRAVO E CANELA, HIGIENIZAÇÃO ESTÉTICA E OS "SEM-LUGAR"

O que fez com que o Censo do IBGE - hoje demonstrando uma relação conflituosa entre os servidores e o presidente, Márcio Pochmann - apostasse na manutenção da mentira de que Salvador tem mais mulheres do que homens, são diversos fatores que, de maneira engenhosa, fizeram produzir essa lorota feita para atrair mão-de-obra masculina para a capital baiana, uma mentira tão "fantástica" e "atraente" como dizer que Uberaba é "uma das cidades mais baratas de todo o Brasil".

Esse sensacionalismo estatístico é uma grande armadilha que serve para produzir lucro para empresários e políticos envolvidos. E no caso de Salvador, o mito da "cidade-mulher" foi alimentado pelo ufanismo turístico de Antônio Carlos Magalhães, prefeito de Salvador e depois governador da Bahia, visando o turismo sexual que é um item oculto das políticas turísticas adotadas na ditadura militar.

O mito de "cidade-mulher" foi alimentado a partir do sucesso da obra literária baiana Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, que ganhou uma adaptação para TV, pela Rede Globo, protagonizada, curiosamente, pela paranaense Sônia Braga. A ideia era transformar a figura da fictícia mulher sensual num paradigma de mulher baiana e, daí, inventar que essa mulher é "tão comum quanto grama no bosque.

E isso quando o que ocorria, na prática, era o contrário. Centenas de milhares de homens saindo do interior da Bahia para a capital, na esperança de obterem emprego. Várias cidades do interior baiano vivem ainda em padrões do começo do século XX e isso incomoda muita gente que quer melhoria de vida. 

E, em locais assim, são os homens que mais podem ir, sozinhos, para a capital, e quando as mulheres também vão, geralmente acompanham os homens. Isso é uma realidade sociológica, queiram ou não. Mas houve até uma produção do cinema brasileiro que, de forma idealizada, tentou narrar a sina de meninas que mal saíram da infância para viajarem sozinhas do interior baiano para a capital. Não me lembro o filme, mas infelizmente houve um que apostou nessa fantasia.

Mas as limitações sociais e o fechadíssimo mercado de trabalho, além do forte racismo existente na pequena elite soteropolitana, uma burguesia boçal e pseudo-moderna e que, atualmente, está apoiando o governo Lula 3.0, fazem com que milhares de homens, negros, índios, mestiços e pobres e, acima de tudo, "feios", sejam desconsiderados pelos dados do Censo, para o bem da "higienização social" da Salvador feita para inglês ver.

Mesmo que aposte na ideia de negritude, Salvador precisa mostrar uma ideia de uma "negritude limpa", do negro infantilizado do "pagodão baiano" e da axé-music em geral, da "gente bonita" que curte a folia na capital baiana, criando um modelo de "higiene social" lançado pelo carlismo nos anos 1970 mas que até hoje prevalece e ganha até novas manobras para reforçar a mentira cultivada há mais de 50 anos.

Em primeiro lugar, conforme meu irmão falou, quando este trabalhou como supervisor no IBGE justamente para os trabalhos do Censo de 2000, houve casos em que recenseadores eram proibidos de entrar em favelas, por ordem de traficantes locais. 

É nas favelas em que o gigantesco contingente de homens reside na capital baiana, além de bairros pobres em geral como o entorno São Caetano-Ribeira-Pirajá-Subúrbio Ferroviário-Cajazeiras. Portanto, uma área gigantesca, populosa, mas invisível diante da estética da orla marítima e seus bairros nobres.

Com o avanço do crime organizado, tornou-se difícil fazer recenseamento nessas áreas. Traficantes e milicianos aumentam seu poder, repetindo o trágico cenário do Rio de Janeiro na cidade de Salvador (conhecida também como "Cidade DO Salvador"). Por isso, os dados sobre a população pobre da capital baiana tendem a se aproximar de projeções especulativas, por mais que haja um esforço de se aproximar de algum cenário mais realista.

Em segundo lugar, o identitarismo cultural dos últimos dez anos mostra que travestis e trans reforçam a suposta maioria feminina da população da capital baiana. Os travestis ainda preservam uma estrutura biológica masculina, apesar do comportamento e das identidades sociais se definirem como "femininos".

Outro fator a considerar é que a grande parte dos homens de Salvador ainda mantém suas atribuições residenciais às cidades de origem. Vivendo na pobreza, eles encontram dificuldades até para regularizar a residência na capital baiana. Vivem "informalmente" em Salvador, tentando se virar como podem, enquanto oficialmente ainda são considerado habitantes das cidades em que deixaram de morar.

Portanto, a grande maioria de homens em Salvador é de cidadãos "sem-lugar", o que, por ironia, pode aludir àquela canção dos Titãs, "Lugar Nenhum", cantada justamente pelo mesmo Arnaldo Antunes que, mais tarde, tornou-se parceiro do músico baiano Carlinhos Brown no projeto Tribalistas.

Com essas informações, podemos assegurar que o sensacionalismo estatístico que promete qualidades fantásticas em determinadas cidades - como Uberaba como "cidade barata" e Salvador como "cidade-mulher" - , requer muito cuidado, pois o cidadão solitário afoito que cair nessas armadilhas pode, assim que passar a viver nessas cidades, sofrer uma gravíssima decepção.

Devemos ter cuidado com informações falsas, pois, se temos fake news que não conseguem enganar por serem mentiras escancaradas plantadas por delinquentes, vândalos e criminosos digitais, temos também fake news enrustidas trazidas por fontes oficiais visando atender a interesses estratégicos dos envolvidos. A realidade pede maior esperteza e recomenda não aceitar passivamente tudo que se noticia.

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