SE AS PERSONALIDADES MAIS IMPORTANTES DO BRASIL SÃO GENTE COMO NICOLE BAHLS E LUAN SANTANA, ALGO ESTÁ ERRADO.
Esqueçam os devaneios intelectualoides ou as condescendências pós-tropicalistas de que tudo é válido, não há limites nem territorialidades e que o "mau gosto" é uma causa "libertária". Por trás dessa "liberdade de tudo", há a constatação cruel de que a sociedade, não somente no Brasil como no exterior, sobretudo os EUA, está escravizada pelos valores da mídia e do mercado.
Essa triste constatação não consegue ser desmentida por páginas e páginas de monografias ou horas e horas de filmagens de documentários, assim como nem mesmo muitos quilobaites de artigos na Internet em que, de forma leviana e equivocada, são usadas argumentações pretensamente modernistas ou ativistas para justificar a supremacia da "cultura de massa" hoje em dia.
Ela revela uma realidade cruel. Deixamos de ter grandes personalidades de talento no primeiro escalão de pessoas influentes. Mesmo pessoas realmente talentosas e competentes já não conseguem influir tanto as pessoas e, eventualmente, são até desqualificadas num momento ou em outro, como é o caso do talentoso ator Ashton Kutcher.
Em compensação, a multiplicação de sub-celebridades e pseudo-artistas, promovendo sua fama sem motivo e sem ter muito o que dizer, mesmo quando forja algum ativismo sócio-cultural, se tornam um problema na medida em que essas pessoas continuam em evidência, resistindo a todo tipo de crise, mesmo quando criam problemas e impasses contra si mesmos.
Deixamos de ter grandes artistas e grandes pensadores no mainstream do entretenimento, da cultura e da intelectualidade. Mesmo nossos intelectuais estão muito mais preocupados com polêmicas baratas e provocações fúteis do que em transmitir ideias coerentes e relevantes.
Vivemos uma sociedade hipermediatizada, em que as regras de mercado e os interesses midiáticos prevalecem. E não se pode iludir com a subordinação da cultura a essas regras, com a discriminação progressiva dos artistas e celebridades de talento, enquanto os chamados "ídolos populares" tomam conta de espaços imagináveis e não imagináveis.
Nunca tais ídolos, na verdade nem tanto representativos assim para a cultura popular ou para a modernidade cultural em geral, estiveram com tantos espaços na mídia e no mercado. Pior: os espaços antes reservados à cultura de qualidade agora se rendem a essas "provocações", enquanto tudo se reduz a uma banalidade sem fim.
SUB-CELEBRIDADES, COREOGRAFIA EM EXCESSO, EMPRESÁRIOS DO ENTRETENIMENTO
O entretenimento "popular" no Brasil e a dita "cultura pop" dos EUA - que já se distancia do sentido de "pop" para sucumbir ao sentido de "poop" (fezes, em inglês) - parecem deslumbrar muitos e causar muita satisfação, mas a verdade é que tudo isso está causando um prejuízo e tornando o mainstream cultural cada vez mais vazio e entediante, cansando até mesmo quem gosta de seus ídolos.
Na música pop dos EUA, o grande problema é que cada vez mais impera um estilo confuso de pop dançante, em que cantores aparecem no palco com uma multidão de dançarinos, enquanto cantam letras "confessionais" que mais parecem um relato de baixarias ou uma afirmação de narcisismo do próprio intérprete.
Isso quando se observa que, por trás desses "concertos" (?!) musicais feitos com voz em pleibeque e instrumental eletrônico qualquer nota, há um teatro de revista enrustido, sem roteiro definido, mas com algumas encenações entre o cantor, cantora ou rapper e algum dançarino.
Quanto às "celebridades", nulidades como Honey Boo Boo, a Tan Mom e a família Kardashian monopolizam os noticiários midiáticos, dando saudades aos tempos em que a mídia pop era alimentada por ideias inteligentes do casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Ou então há as "donas-de-casa" de reality shows, as real housewives que acabam sendo wives de ninguém. Ou as musas de UFC que todos fingem ver nelas a perfeição absoluta, mas na hora do "vamos ver" ninguém se interessa por elas. Até uma estrela teen da Nickelodeon ou da Disney sempre dá uma rasteira nas garotas do ringue.
E, no Brasil, o que se observa é a bregalização, tanto pela persistência do jornalismo bronco que até agora ninguém jogou para as madrugadas, exibindo tiroteios e notícias sobre crimes dolosos para crianças que acabam de voltar da escola para seus lares. Ou tanto pela inflação de "boazudas" que "sensualizam" à toa ganhando "gratificações" até de bicheiros e dirigentes esportivos!
Nem mesmo a pseudo-sofisticação de "sertanejos" e "pagodeiros românticos" ou o pseudo-ativismo de funqueiros conseguem resolver a situação. Isso tudo também não passa de uma jogada de marketing só para dizer que tais "artistas" estão fazendo alguma coisa, algo para tentar justificar o sucesso facilmente conquistado.
Por trás de tudo isso, há empresários do entretenimento "popular", que assessoram músicos popularescos e musas siliconadas. Com o trato da "causa popular" digno de jagunços de fazendas, esses empresários têm dinheiro para comprar à vista grandes latifúndios, mas se autoproclamam "pobrezinhos".
Se comportando como executivos gananciosos, também se autodefinem "produtores culturais", só para agradar a algum "bacana" que topar pelo caminho, de uma socialite mais descolada ao antropólogo ou jornalista cultural com vontade de ser famoso às custas de uma provocatividade barata. E se vestem de forma "informal" e "desleixada" para tentarem se dissociar do estigma empresarial.
No entanto, eles governam com mãos de ferro a chamada "cultura popular", impondo estereótipos que mal conseguem disfarçar apologias sutis ao machismo e ao racismo, por mais que tentem adotar um discurso contrário. Apostam na exploração caricatural das classes populares e alimentam um mercado popularesco cruel, sem produção de conhecimentos nem de valores edificantes.
O popularesco no Brasil tirou de escanteio os verdadeiros intelectuais, colocou na margem os ativistas sociais autênticos e barrou os espaços para os verdadeiros artistas musicais, que agora dependem até de programas musicais "tapa-buracos" dos canais políticos da TV paga para divulgarem seu brilhante material.
A MPB autêntica, condescendente com a bregalização, deixa que os bregas roubem seus espaços, tomem seus circuitos, "provoquem" com suas aparições em eventos emepebistas, alimentem seu estrelismo com polêmicas baratas.
E a nossa cultura musical, quando muito, se reduz a eventos de homenagem à MPB que mais parecem réquiem ou extrema-unção para uma MPB sufocada pela perda de seus próprios espaços de expressão.
E isso porque bregalizar é a lei do mercado. Bregalizar é a expressão do poderio midiático. Não vamos dar mais crédito à choradeira intelectualoide que cria dramalhões desnecessários para definir os ídolos popularescos como "coitadinhos". Eles nunca foram injustiçados. Os bregas sempre tiveram espaço, e agora conquistaram até os espaços dos outros. E, em nome da diversidade cultural, se lançam furiosamente contra essa ideia.
Esqueçam os devaneios intelectualoides ou as condescendências pós-tropicalistas de que tudo é válido, não há limites nem territorialidades e que o "mau gosto" é uma causa "libertária". Por trás dessa "liberdade de tudo", há a constatação cruel de que a sociedade, não somente no Brasil como no exterior, sobretudo os EUA, está escravizada pelos valores da mídia e do mercado.
Essa triste constatação não consegue ser desmentida por páginas e páginas de monografias ou horas e horas de filmagens de documentários, assim como nem mesmo muitos quilobaites de artigos na Internet em que, de forma leviana e equivocada, são usadas argumentações pretensamente modernistas ou ativistas para justificar a supremacia da "cultura de massa" hoje em dia.
Ela revela uma realidade cruel. Deixamos de ter grandes personalidades de talento no primeiro escalão de pessoas influentes. Mesmo pessoas realmente talentosas e competentes já não conseguem influir tanto as pessoas e, eventualmente, são até desqualificadas num momento ou em outro, como é o caso do talentoso ator Ashton Kutcher.
Em compensação, a multiplicação de sub-celebridades e pseudo-artistas, promovendo sua fama sem motivo e sem ter muito o que dizer, mesmo quando forja algum ativismo sócio-cultural, se tornam um problema na medida em que essas pessoas continuam em evidência, resistindo a todo tipo de crise, mesmo quando criam problemas e impasses contra si mesmos.
Deixamos de ter grandes artistas e grandes pensadores no mainstream do entretenimento, da cultura e da intelectualidade. Mesmo nossos intelectuais estão muito mais preocupados com polêmicas baratas e provocações fúteis do que em transmitir ideias coerentes e relevantes.
Vivemos uma sociedade hipermediatizada, em que as regras de mercado e os interesses midiáticos prevalecem. E não se pode iludir com a subordinação da cultura a essas regras, com a discriminação progressiva dos artistas e celebridades de talento, enquanto os chamados "ídolos populares" tomam conta de espaços imagináveis e não imagináveis.
Nunca tais ídolos, na verdade nem tanto representativos assim para a cultura popular ou para a modernidade cultural em geral, estiveram com tantos espaços na mídia e no mercado. Pior: os espaços antes reservados à cultura de qualidade agora se rendem a essas "provocações", enquanto tudo se reduz a uma banalidade sem fim.
SUB-CELEBRIDADES, COREOGRAFIA EM EXCESSO, EMPRESÁRIOS DO ENTRETENIMENTO
O entretenimento "popular" no Brasil e a dita "cultura pop" dos EUA - que já se distancia do sentido de "pop" para sucumbir ao sentido de "poop" (fezes, em inglês) - parecem deslumbrar muitos e causar muita satisfação, mas a verdade é que tudo isso está causando um prejuízo e tornando o mainstream cultural cada vez mais vazio e entediante, cansando até mesmo quem gosta de seus ídolos.
Na música pop dos EUA, o grande problema é que cada vez mais impera um estilo confuso de pop dançante, em que cantores aparecem no palco com uma multidão de dançarinos, enquanto cantam letras "confessionais" que mais parecem um relato de baixarias ou uma afirmação de narcisismo do próprio intérprete.
Isso quando se observa que, por trás desses "concertos" (?!) musicais feitos com voz em pleibeque e instrumental eletrônico qualquer nota, há um teatro de revista enrustido, sem roteiro definido, mas com algumas encenações entre o cantor, cantora ou rapper e algum dançarino.
Quanto às "celebridades", nulidades como Honey Boo Boo, a Tan Mom e a família Kardashian monopolizam os noticiários midiáticos, dando saudades aos tempos em que a mídia pop era alimentada por ideias inteligentes do casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Ou então há as "donas-de-casa" de reality shows, as real housewives que acabam sendo wives de ninguém. Ou as musas de UFC que todos fingem ver nelas a perfeição absoluta, mas na hora do "vamos ver" ninguém se interessa por elas. Até uma estrela teen da Nickelodeon ou da Disney sempre dá uma rasteira nas garotas do ringue.
E, no Brasil, o que se observa é a bregalização, tanto pela persistência do jornalismo bronco que até agora ninguém jogou para as madrugadas, exibindo tiroteios e notícias sobre crimes dolosos para crianças que acabam de voltar da escola para seus lares. Ou tanto pela inflação de "boazudas" que "sensualizam" à toa ganhando "gratificações" até de bicheiros e dirigentes esportivos!
Nem mesmo a pseudo-sofisticação de "sertanejos" e "pagodeiros românticos" ou o pseudo-ativismo de funqueiros conseguem resolver a situação. Isso tudo também não passa de uma jogada de marketing só para dizer que tais "artistas" estão fazendo alguma coisa, algo para tentar justificar o sucesso facilmente conquistado.
Por trás de tudo isso, há empresários do entretenimento "popular", que assessoram músicos popularescos e musas siliconadas. Com o trato da "causa popular" digno de jagunços de fazendas, esses empresários têm dinheiro para comprar à vista grandes latifúndios, mas se autoproclamam "pobrezinhos".
Se comportando como executivos gananciosos, também se autodefinem "produtores culturais", só para agradar a algum "bacana" que topar pelo caminho, de uma socialite mais descolada ao antropólogo ou jornalista cultural com vontade de ser famoso às custas de uma provocatividade barata. E se vestem de forma "informal" e "desleixada" para tentarem se dissociar do estigma empresarial.
No entanto, eles governam com mãos de ferro a chamada "cultura popular", impondo estereótipos que mal conseguem disfarçar apologias sutis ao machismo e ao racismo, por mais que tentem adotar um discurso contrário. Apostam na exploração caricatural das classes populares e alimentam um mercado popularesco cruel, sem produção de conhecimentos nem de valores edificantes.
O popularesco no Brasil tirou de escanteio os verdadeiros intelectuais, colocou na margem os ativistas sociais autênticos e barrou os espaços para os verdadeiros artistas musicais, que agora dependem até de programas musicais "tapa-buracos" dos canais políticos da TV paga para divulgarem seu brilhante material.
A MPB autêntica, condescendente com a bregalização, deixa que os bregas roubem seus espaços, tomem seus circuitos, "provoquem" com suas aparições em eventos emepebistas, alimentem seu estrelismo com polêmicas baratas.
E a nossa cultura musical, quando muito, se reduz a eventos de homenagem à MPB que mais parecem réquiem ou extrema-unção para uma MPB sufocada pela perda de seus próprios espaços de expressão.
E isso porque bregalizar é a lei do mercado. Bregalizar é a expressão do poderio midiático. Não vamos dar mais crédito à choradeira intelectualoide que cria dramalhões desnecessários para definir os ídolos popularescos como "coitadinhos". Eles nunca foram injustiçados. Os bregas sempre tiveram espaço, e agora conquistaram até os espaços dos outros. E, em nome da diversidade cultural, se lançam furiosamente contra essa ideia.
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