A exemplo da axé-music em Salvador e do "forró eletrônico" no Ceará, o "sertanejo" está sofrendo um sério desgaste em Goiânia, tanto que a juventude já começa a migrar para uma potente cena independente de rock local, que inclui bandas que começam a divulgar trabalho nos programas musicais da TV paga.
Vendo isso, a grande mídia e o mercadão dominante não desistem e, se existem festivais para tentar reanimar a cena da axé-music - que anda sofrendo uma onda de "bruxa solta" nos últimos anos - na capital baiana, o mesmo se faz para tentar evitar a agonização do "sertanejo" em seu reduto regional.
O desgaste que esses ritmos popularescos sofrem - e que apenas reflete menos no "pagode romântico", ao menos por enquanto - se deve a uma junção de canções medíocres (que só agradam ouvindos pouco exigentes e ainda menos discernitivos), superexposição na mídia e produção de factoides para alimentar a fama e a evidência na mídia.
Por isso, por mais que os troleiros esperneiem virtualmente e façam ameaças, chantagens, choradeiras, gritarias, raivas, chiliques, frescuras, xingações, danos morais e tudo o mais que faz a felicidade provisória de um delinquente digital até o momento em que ele é desmascarado por seus parceiros, amigos e até chefes (para não dizer ações judiciais), o brega-popularesco se desgasta por completo.
E até mesmo a trolagem, feita para tentar salvar os bregas de qualquer crítica negativa - se o breganejo Leonardo, por exemplo, der um espirro, não podemos sequer dizer que ele sofreu alergia - , só prejudica os ídolos defendidos, porque nenhum desses ídolos terá uma ótima reputação com fãs tão violentos (ainda que "interneticamente" falando).
O que se observa, porém, é que, em que pese festivais como o Villa Mix e o Salvador Fest servirem de respirador artificial para os agonizantes ritmos brega-popularescos, o pessoal cansa. Isso é natural. Músicas de péssima qualidade, vozes desafinadas, melodias e letras que "não se encontram" - os versos se encaixam mal nas músicas - , e muita, muita enrolação.
Mesmo seus fãs mais fanáticos se cansam. E, além do mais, não há sequer álbuns conceituais nas carreiras de axézeiros, breganejos, sambregas, funqueiros, forrozeiros-bregas etc. O brega só se vale por uns poucos sucessos radiofônicos e muita enrolação para se manter na mídia. Nem a blindagem intelectual consegue salvar.
Por isso, podem haver trezentos festivais tentando exaltar essas tendências musicais. E poderão até ter retorno comercial, plateias cheias etc. Mas não espere um público qualificado, e nem uma "revisão de valores" sobre o que é "cultura de qualidade". A blindagem intelectual até fez das suas, mas caiu no ridículo. A música ruim fala muito mais do que choradeiras feitas "contra o preconceito".
Por isso a cena roqueira volta em locais como Belém, Fortaleza, Salvador e Goiânia. Se a MPB fosse mais visceral e retomasse a atitude combativa de 50 anos atrás, poderia também alimentar uma nova cena de artistas com visibilidade, em vez de seus medalhões ficarem se ajoelhando, submissos, ao império mercantil dos ídolos brega-popularescos.
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