Os homens considerados "de sucesso" - como empresários, profissionais liberais e executivos - , quando chegam aos 45 anos de idade, acabam se tornando superficiais e chatos, apesar da alta reputação que carregam em seus ambientes sociais.
Pesquisando vários casos de empresários e profissionais liberais casados com apresentadoras, atrizes e jornalistas nas revistas de colunismo social, observa-se que, se eles têm mais de 45 anos - em certos casos, chegando à casa dos 60 - , são dotados de uma personalidade bastante superficial e sisuda, mesmo quando tenta ser a mais simpática possível.
Esses homens passam a se preocupar mais em aparecer em eventos formais, sobretudo os de gala e os chamados "almoços formais", além de vestir paletós e usar sapatos de couro de verniz até além das situações permissíveis ou socialmente necessárias.
Em personalidade, eles tentam o máximo se promoverem às custas de sua reputação profissional. No lazer, porém, deixam de pensar em diversão e prazer, e o máximo que querem é não serem incomodados.
Eles são tomados de um espírito de racionalidade extrema e nota-se que eles quase nunca dão entrevistas. Tentam ser discretos, mas quando querem mostrar uma coisa, mostram o que há de pior: pessoas sisudas, extremamente formais, que na prática não são mais do que "paletós que bebem vinho".
Eles passam a ter mania de zelar por tudo: por sua imagem pessoal, pela imagem da família, pelo casamento, pelo prestígio profissional. E acabam perdendo aquele idealismo, aquela jovialidade alegre dos tempos de seus 22 anos, no meio caminho entre seus sonhos e suas realizações profissionais.
Esses homens são ótimos para fazer palestras profissionais e até para tocar seus negócios. Mas até mesmo como maridos eles se tornam medíocres, apenas corretos, mas sem aquela cumplicidade. Como pais, são razoáveis, sem qualquer queixa maior, embora sem grandes realizações para seus filhos. Mas, no conjunto da obra, não deixam qualquer marca social.
Esses homens deixam de ser eles mesmos. Perdem identidade. No lazer parecem pouco à vontade, necessitam de ver crianças e adolescentes se divertindo para pegar carona neles, e isso é mal quando se nota que esses homens, adultos ou "coroas", são considerados líderes na profissão, mas precisam ser "mandados" na hora do lazer.
Se são patrões ou autônomos profissionalmente, no lazer se perdem nos fetiches diversos de sua classe: viagens a Roma, idolatria aos vinhos, festas de galas, pescarias com filhos, enquanto, nas caminhadas nos calçadões, mostram suas caras de muxoxos e um semblante estressado.
Pode parecer doloroso, mas esses homens são o reflexo do contexto social em que vivemos, em que a meia-idade tornou-se desprovida daquele misto de idealismo e experiência que antes víamos nos mais velhos.
Também pudera, quem nasceu nos anos 50 e 60 passou a juventude, semeadura de tantos idealismos, na época da ditadura militar, quando justamente ter algum idealismo era considerado crime pelo cenário político da época. Daí que esses homens só se preocuparam em ser profissionais bem sucedidos, enquanto, fora disso, não sabem dizer a que vieram.
Comentários
Postar um comentário