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ENQUANTO BOLSONARO SOFRE CRISE, 2016 CHEGOU NA VENEZUELA

PROTESTO DE OPOSICIONISTAS CONTRA NICOLAS MADURO, EM CARACAS, VENEZUELA.

Na postagem anterior, eu apenas esqueci de mencionar que Jair Bolsonaro, só para completar sua humilhante estadia em Davos, Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, que em vez de fazer refeições junto às autoridades, se isolou num canto para comer marmita.

Foi num bandejão num supermercado local. Almoço comum. Só que desta vez não dava para fazer propaganda de pretensa simplicidade, tipo "gente como a gente", porque o governo está em baixa.

Tantos escândalos envolvendo provável associação da família Bolsonaro com milicianos e Jair, evidentemente, deve estar numa combinação de ressaca e vergonha.

Bem que eu sabia. Os reaças são bons de festa, mas ruins de ressaca.

E Bolsonaro tornou-se uma vergonha mundial. Falar apenas seis minutos. Antes ele tivesse nas mãos um texto escrito por outra pessoa.

Juscelino Kubitschek tinha o Augusto Frederico Schmidt. Mas aí Jair teria problema. Que "intelectual" escreveria discurso para ele? O lunático do "fisólofo" Olavo de Carvalho?

Bolsonaro, descontando isso, disse, sobre o caso do envolvimento do seu filho Flávio com a corrupção de Fabrício Queiroz e com as milícias, que se o rapaz "errou e ficar provado, ele terá que pagar por isso".

Mas a cumplicidade tradicional de Jair com seus três rebentos, Flávio, Eduardo e Carlos, é tão evidente que, se Flávio "pagar por isso", Jair vai ter que jair se preparando para o mesmo.

Mas tantos escândalos envolvendo o governo Bolsonaro e aí a gente faz uma pergunta.

Essa pergunta não é a surrada interrogação "Cadê Queiroz?". É: Como está atuando Paulo Guedes, o antigo jabazeiro de campanha de Jair, o "superministro", o "posto Ipiranga"?

Afinal, com tanta preocupação com tantos escândalos, o que é justo e coerente, no entanto acabamos esquecendo do projeto econômico de Paulo Guedes.

Ele deve ter acertado, em Davos, nos bastidores, negociações com empresários estrangeiros para ver se avançam as privatizações, das quais Guedes acredita poder arrecadar R$ 75,6 milhões, atual valor correspondente a US$ 20 bilhões.

É uma negociata tipo OLX, Mercado Livre, vendendo estatais ou subsidiárias de estatais com preço baratinho. Em dimensões econômicas e de infraestrutura do Brasil, US$ 20 bilhões são uma piada.

Mas também uma considerável parte dessa micharia vai para os bolsos do próprio Guedes, que na verdade prepara uma privataria para chamar de sua.

Outra notícia que veio ontem é quanto à vizinha Venezuela, que vive uma triste onda de protestos e violência em níveis preocupantes.

2016 está chegando a Caracas, com Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, se autoproclamando presidente interino do país, desafiando o titular Nicolas Maduro.

Há o mesmo pano de fundo do golpe de 2016: campanha midiática, aparato de legalidade e de pressão popular patrocinada por grandes empresas.

Tudo que for de grande empresa dos EUA e outros países ricos deve estar sendo financiado para passeatas tão gigantescas.

É aquele papo do refrão bolsonarista: "Eu vim de graça / Eu vim de graça, sim / O empresariado / Pagou as contas todas para mim".

Os governos do Brasil e dos EUA foram os primeiros a reconhecer Guaidó como presidente interino da Venezuela. Maduro reagiu a isso dando um ultimato para os embaixadores dos EUA deixarem o país em um prazo de 72 horas.

Com isso, Nicolas Maduro declarou seu rompimento com os EUA.

Uma intervenção pode ser possível, mas o governo brasileiro anunciou que não participará. Deve ser porque nossas Forças Armadas não estão preparadas para tal tarefa ou temem ser derrotadas. Já se tem vergonha demais nesse governo de Jair Bolsonaro.

Maduro, reeleito para mais um mandato, considerado "ilegítimo" por seus opositores, resistirá ao golpe. Infelizmente, porém, a pressão equivale a que, no Brasil, foi feita contra Dilma Rousseff.

O total de países que apoiam Guaidó são onze: EUA, Brasil, Argentina, Canadá, Paraguai, Colômbia, Peru, Equador, Guatemala, Costa Rica e Chile.

Os países que apoiam Maduro são quatro: Bolívia, México, Rússia e Cuba.

Se o Brasil fosse governado por Lula, estaria apoiando Maduro.

Mas como Lula está preso etc, sabemos da posição de repúdio, junto ao argentino Maurício Macri, neoliberal, e ao chileno Sebastian Piñera, irmão do Chicago Boy José Piñera, parceiro de Guedes na ditadura do general Pinochet.

Venezuela tem uma grande reserva de petróleo, assim como o Brasil tem, inclusive o recentemente descoberto pré-sal.

E isso faz com que os golpes contra governos progressistas se tornem estratégicos depois da crise econômica de 2008, quando as empresas querem saquear as riquezas dos países em desenvolvimento.

A situação na Venezuela está muito tensa. "2016" deve se tornar ainda pior naquele país.

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