O desastre de Brumadinho derruba a reputação da Vale, que já anunciou que vai acabar com as barragens e vai paralisar suas operações em 10 minas.
84 mortos foram encontrados até a noite de ontem. Tantas tragédias e tantos prejuízos, um drama chocante por ter sido motivado pela insensibilidade de uma empresa.
A empresa perde bilhões de reais pelos seus desastres, mas seus donos mantém seu rentismo e a fortuna deles está guardada em depósitos nos paraísos fiscais.
Apenas cinco funcionários foram presos, enquanto os verdadeiros responsáveis, os donos rentistas, permanecem soltos.
São os efeitos dramáticos da "nova" mentalidade empresarial, vinda dos tempos da privataria de Fernando Henrique Cardoso e radicalizada de 2016 para cá.
A ideia da "empresa enxuta", com menos funcionários, menos rigor de trabalho, mais preocupação com o lucro e bem menos com o interesse público.
O sonho neoliberal de privatizar a histórica Companhia Vale do Rio Doce se transformou no pesadelo da ação privada da Vale.
Riscos como as tragédias de Brumadinho e, anos atrás, de Mariana, são possíveis envolvendo empresas estatais. Mas eles são bem menores que quando há controle privado, porque no controle estadual há maior preocupação com o interesse público e, por conseguinte, com a segurança.
A Vale, que tem alguns sócios ligados ao mercado financeiro, como o Bradesco, é o símbolo dessa ganância do poder privado.
A tragédia de Brumadinho tornou-se o pesadelo social que ameaça como uma sombra vindoura o sonho dourado dos reaças que começaram 2019 desejando caçar borboletas em vez de petistas.
Reaças não cansam de acusar Lula, Dilma Rousseff e o conjunto do Partido dos Trabalhadores de erros que eles não cometeram.
Um internauta com o pseudônimo Zapata escreveu uma mensagem, reproduzida na imagem acima, com grosseiros erros de português.
Isso faz sentido, dentro do estilo do analfabeto político, suposto "inimigo da corrupção".
Quanto à Vale, o jornal Brasil de Fato nos lembra que a empresa não cometeu crimes apenas com os acidentes de Mariana e Brumadinho.
São crimes muito piores. Desastres ambientais que podem não causar mortes humanas com a dinâmica trágica de Brumadinho, mas causam estragos devastadores.
Há exemplos de desastres ambientais que matam peixes e, por isso, trazem prejuízos econômicos a pescadores.
Eles muitas vezes abastecem peixarias locais ou usam seus peixes para o sustento deles e de suas famílias.
Em muitos casos, a pescaria os dispensa de irem ao açougue comprar carne, em muitas vezes situada longe de suas habitações, em regiões distantes no interior do Brasil.
Quanto prejuízo é causado por essa mentalidade plutocrática.
Fico imaginando quanto prejuízo econômico teve o Brasil, desde a Operação Lava Jato, que quebrou construtoras e cancelou obras de infraestrutura, até o desastre de Brumadinho.
São coisas tão devastadoras - lembremos que uma simpática pousada foi atingida pela tragédia ambiental - que fizeram o Brasil perder sua posição emergente nos BRICS.
E tudo isso é fruto da mentalidade que envolve fortalecimento do rentismo empresarial e precarização do trabalho.
Menos mão-de-obra, menos salários, menos encargos, mais horas trabalhadas, estressando trabalhadores e deixando-os provocar acidentes de trabalho e até morrerem nesses incidentes.
A fiscalização é afrouxada, a impunidade é dada aos empresários, as pessoas são precariamente indenizadas, as tragédias ocorrem sem o menor escrúpulo dos rentistas.
Brumadinho é um grande pesadelo que desfaz de vez o "lindo sonho" da sociedade conservadora. O governo Bolsonaro, já cheio de crises, ainda teve que enfrentar esse pepino, e ainda jogar o problema para israelenses ajudarem a resolver.
Grandes absurdos.
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