No fim do feriadão de Natal e Ano Novo, noticiou-se que o trânsito da rodovia RJ-106, na altura de Rio do Ouro e Várzea das Moças, foi "tranquilo".
Coloco aspas porque a suposta tranquilidade seguiu o roteiro conhecido dos motoristas.
Ao chegarem em Niterói, eles diminuem a velocidade na rodovia estadual, a essas alturas rebaixada a "avenida de bairro", para não esbarrarem na disputa de pista com quem vem da RJ-108, em Várzea das Moças.
A "tranquilidade" foi mais uma questão de ausência de retenção no tráfego e outros cuidados como motoristas aproveitarem horários menos movimentados.
Isso não dispensa Rio do Ouro e Várzea das Moças de necessitarem de nova avenida, com um terrenão entre os limites da RJ-100 e RJ-108, ocioso e pronto para o poder público abrir licitação para o traçado e a construção da futura via.
Continua sendo vergonhoso o papel da RJ-106 como "avenida de bairro" em Niterói. Essa "avenida", dizem as más línguas, tem até nome, a Dr. Eugênio Borges, mas eu creio que essa seja uma via paralela à rodovia.
Eu comparo essa sobreposição de função da RJ-106 ao fato de crianças brincarem de pique nos corredores de um hospital.
Digamos que elas apenas corram, não gritem, não falem nem riem alto, e não atrapalhem o acesso das pessoas que andam no lugar.
Mesmo assim, não se pode admitir que crianças façam tais brincadeiras, porque há risco de sérios problemas.
Na RJ-106, a "tranquilidade" do trânsito não significa que a "avenida de bairro" tem validade.
Essa desculpa também durou anos quando não havia a ligação Cafubá-Charitas e um tráfego complicado da Região Oceânica para São Francisco era também considerado "tranquilo", mesmo com um trecho estreito da Estrada Francisco da Cruz Nunes e tudo.
Imaginem a seguinte situação.
Um caminhão de mercadorias vem de Jundiaí (SP) e precisa distribuir produtos em Maricá.
Evidentemente que ele não vai pegar a Av. Contorno (BR-101), e terá que pegar a Alameda São Boaventura, a RJ-104 e a RJ-106.
Só que ele chega em Rio do Ouro e tem que disputar pista com os carros que vêm da RJ-100 (a antiga Estrada Velha de Maricá).
Em seguida, ao chegar no Trevo de Várzea das Moças, também tem que disputar pista com os veículos que vêm da RJ-108 (avenidas Ewerton Xavier e Plínio Gomes de Matos Filho).
O caminhão tem que ganhar tempo, mas, se vê na frente um ônibus que vem de Várzea das Moças mudando faixa de pista, tem que reduzir a velocidade.
Esse ônibus também perde tempo. Vai quase para Maricá para pegar o retorno que tem para voltar à rodovia RJ-106 no sentido Tribobó.
Daí que muda de pista e, nesse embalo, o caminhão tem que reduzir a velocidade.
Em tese, o trânsito fica "tranquilo", mas essa trabalheira perde um bom tempo.
E tempo é dinheiro. E imagine se as mercadorias são perecíveis?
E o combustível que se gasta com o ônibus que, vindo de Várzea das Moças, vai quase para Maricá para pegar o retorno e ir a Tribobó?
Isso pode influir no custo das passagens. Por que não fazer mergulhões na saída da RJ-108 ou RJ-100 para evitar esse vexaminoso problema?
O mais complicado disso tudo é que o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, está preso acusado de suposto esquema de corrupção.
Com isso, as obras que estavam sendo realizadas foram paralizadas, como a urbanização da Região Oceânica.
Isso também complica a proposta de nova avenida de Rio do Ouro a Várzea das Moças, que hoje é a Cafubá-Charitas da vez.
Durante anos a Cafubá-Charitas era vista como "palavrão" pelo niteroiense médio, mais acostumado com sua zona de conforto do que com as novas demandas de mobilidade urbana.
Hoje, como no Grande Rio se resiste em criar e se prefere imitar, o governador Wilson Witzel fala em novo túnel de Itaipuaçu a Itaipu, mas não faz menção alguma a nova avenida Rio do Ouro-Várzea das Moças, que poderia aliviar o tráfego da RJ-106.
Esta avenida tem que ser considerada prioridade, porque com o tempo não vai haver "tranquilidade" que segure os congestionamentos e retenções na RJ-106.
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