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JAIR BOLSONARO FOI FALAR EM DAVOS NUM MOMENTO DE TENSÃO NO SEU GOVERNO


O governo Jair Bolsonaro agoniza. O presidente até tentou contornar a situação, no seu discurso em Davos, falando mentiras.

Uma delas é que o Brasil é o que mais preserva o meio ambiente, se esquecendo do desmatamento criminoso que os latifundiários e desmatadores em geral (de empresários a agentes clandestinos) realizam nas nossas matas, florestas e outras áreas verdes.

Bolsonaro fez um discurso contido, bem curto e frio. Como um canastrão político, falou como se estivesse decorado alguma coisa em última hora.

Ele não detalhou medidas, falou em reforma da Previdência e privatizações, sem informar como elas poderão ser feitas.

Disse que fará um governo "sem ideologias", como se somente as esquerdas fossem "ideológicas". Mas o bolsonarismo, pelo seu caráter intolerante, é muitíssimo ideológico, à extrema-direita.

O discurso de Jair Bolsonaro foi medíocre, durou um quinto dos 30 minutos normais de uma oratória, e ainda foi vaiado duas vezes, e os aplausos que recebeu eram apenas frias formalidades.

Bolsonaro foi uma grande vergonha como orador, e mostrou sua indigente mediocridade ao falar de seu projeto de governo, num evento que contou com a companhia dos ministros Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

Ele ainda elogiou o potencial turístico do Brasil e, pateticamente, o definiu como um "paraíso". Um paraíso no qual ele irá estimular a guerra civil ao liberar o porte de armas para cidadãos comuns.

E é aí que entra o terreno pantanoso dos bastidores da família Bolsonaro.

Jair Bolsonaro foi o único político que se silenciou sobre o caso Marielle Franco, a vereadora assassinada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, em março do ano passado.

Depois de tantos meses sem resposta, cinco presos ligados a milícias, além de outros acusados que foram identificados, foram o resultado de investigações aparentemente longas.

A operação foi chamada de Os Intocáveis e foi feita ontem.

Dois milicianos presos chamam atenção: Ronald Paulo Alves Pereira, major da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do BOPE.

Ambos haviam sido homenageados pelo hoje senador e então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho de Jair e o maior envolvido em denúncias de escândalos da família.

Em 2003, Adriano recebeu homenagens de Flávio. No mesmo ano, Ronald era acusado de envolvimento na morte de quatro rapazes pobres no estacionamento da casa Via Show, em São João do Meriti.

Sob investigação, Ronald foi homenageado, em 2004, por Flávio Bolsonaro, pelos "serviços prestados à população".

Outra acusação contra o filho de Jair é que ele empregou, no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) a mãe e a esposa de Adriano, respectivamente Raimunda Magalhães e Danielle Nóbrega, ambas exoneradas em novembro do ano passado.

Flávio tentou se livrar da culpa, dizendo que as indicações são de responsabilidade do seu ex-assessor e ex-motorista, Fabrício Queiroz.

A propósito, os milicianos foram presos na comunidade de Rio das Pedras, reduto desse grupo criminoso, um dia depois de revelar que Fabrício chegou a se esconder dentro do bairro, sob a proteção desses paramilitares.

É muito assustador estabelecer uma associação entre Jair Bolsonaro e os milicianos. A mídia, seja hegemônica ou alternativa, já começa a comentar neste sentido.

Já era assustador, em 28 de outubro passado, ver Jair Bolsonaro sendo o candidato dos sociopatas, gente que outrora fazia valentonismo digital (cyberbullying) e, de repente, elegeu seu presidente.

O mais irônico é que, de repente, houve um racha nas redes de TV aberta.

O SBT e a Record orquestram apoio aberto ao governo.

A Globo está fazendo oposição. Sua linha ideológica é o neoliberalismo progressivo, economicamente conservador mas com concessões às causas identitárias.

Evidentemente, a Globo não se "esquerdizou", apesar de sua agenda empurrar, tendenciosamente, para setores das esquerdas parte de seu legado cultural, de funqueiros a "médiuns espíritas".

É porque a Globo é concorrente da Record, bolsonarista, e brigou com o próprio presidente em algumas ocasiões.

Jair além disso tem o ex-astro da Globo, o hoje deputado federal Alexandre Frota, agindo para ver aprovada sua proposta para cancelar os BV (bônus de volume) que beneficiavam financeiramente a empresa da família Marinho.

Isso enfraqueceria o poder da Globo, o que não agradaria, obviamente, os irmãos João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu, que gozam do conforto de estarem entre os 10 mais ricos da Forbes.

É claro que não dá para fazer maniqueísmo. Globo e Bolsonaro possuem interesses astuciosos na batalha.

Ao que parece, Globo tem a solidariedade do Estadão e da Folha, também na oposição a Bolsonaro.

A Bandeirantes, antes solidária, começa aos poucos a se opor ao governo.

A mídia hegemônica viu que Jair Bolsonaro era muito rude e "independente demais" para os interesses dela. Vê que Jair é do tipo do político que escapa do controle das elites.

Os barões da mídia sempre preferiram o PSDB. Chegaram a ver em Jair Bolsonaro, ainda que indigesto, alguma esperança para implantar políticas ultraliberais no Brasil.

Mas como Bolsonaro não está fazendo tudo que as elites querem, é possível que ele caia daqui a alguns meses.

O general Mourão segue no comando da República. Voltando o titular, ele encontrará um país em séria crise, principalmente atingindo seu filho Flávio. A coisa está feia.

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