De repente, ficou normal ser bolsonarista, nesses dias em que o ex-capitão se torna presidente da República.
E isso quando eu, que nasci em Florianópolis, faço aniversário no mesmo dia do "mito", sou filho de militar e xará de Alexandre Frota, prefiro ficar na oposição ao governo Bolsonaro.
Nesse ano louco que se começa, há a marca de três adesões ao cenário bolsonarista declaradas em última hora.
Digo declaradas, porque talvez essas posturas tenham sido adotadas na campanha eleitoral. Mas aqui não cabe dizer quem aderiu ou não em última hora.
Vamos começar pelo lado mais óbvio, que é a do meu xará Alexandre Correa, empresário e marido da apresentadora Ana Hickmann, que fez postagens tipicamente bolsonaristas.
No seu perfil nas redes sociais, Correa fez uma advertência irônica às petistas Gleisi Hoffman, senadora paranaense, e Maria do Rosário, deputada gaúcha, por sinal grandes desafetas do "mito", sobretudo a segunda, que brigou com ele duas vezes e contra o qual moveu processo judicial.
Escreveu Correa: "Avisem a Gleisi e Maria do Rosário que se sobrevoarem Brasília de vassoura serão abatidas".
O meme que inclui essa mensagem foi acrescido de alguns símbolos, entre emoticons, uma bandeira brasileira e uma figura de uma mão imitando um revólver, marca de Jair Bolsonaro.
Evidentemente, o esposo de Ana Hickmann foi duramente criticado por vários internautas.
Vamos para outro caso.
A estonteante jornalista Izabella Camargo, que saiu da Rede Globo, aceitou o convite para ser assessora de Comunicação do ministro Marcos Pontes, o astronauta brasileiro que assume hoje a pasta da Ciência e Tecnologia.
Pode ser uma atitude mais objetiva, mas não deixa de estar de acordo com os ventos governamentais que hoje se formam oficialmente.
Agora, vamos para a pior decepção, a do cantor Djavan, que é um dos grandes artistas da MPB.
Ele fez uma declaração sobre o governo Jair Bolsonaro: "Tudo o que acontece agora aponta para um futuro melhor".
Djavan bolsonarista e Odair José petista. País louco, o nosso.
Pois Djavan acabou levando gozação nas redes sociais. Muitos internautas zoaram, chamaram o cantor e compositor de "bolsomínion".
Teve gente que escreveu que o tal "livro do dia frio" seria um do Olavo de Carvalho.
Eu fui no embalo e escrevi no Twitter indagando se "Açaí" não seria uma canção em homenagem a Alexandre Frota.
E olha que eu admiro Djavan como cantor e músico. Detesto música brega-popularesca, mas ainda vejo Odair José como exceção diante do reacionarismo reinante em gente como Amado Batista, Latino, Zezé di Camargo, Gusttavo Lima, Netinho (axé-music) etc.
Bem, Jair Bolsonaro se tornará presidente da República daqui a pouco. Vida que segue. Teremos que ter cabeça fria, para ver se, pelo menos, Jair governa como o general Castello Branco.
A "solução Márcio Moreira Alves" não pode ser feita. Teremos que lidar com os retrocessos com muita calma.
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