Enquanto no Grande Rio um violento temporal causa estragos e até uma morte, a de um banhista em Copacabana atingido por um dos 700 raios que caíram na tarde de ontem, o lodo soterrou a região de Brumadinho, Minas Gerais, em mais uma queda de barreira.
Foi na hidrelétrica de Retiro Baixo, administrada pela Vale.
A informação inicial foi que, pelo menos, duzentas pessoas ficaram desaparecidas. Mais de cem foram resgatadas com vida.
Até o momento que escrevo este texto, por volta de 22h50, sete pessoas morreram.
A tragédia ocorreu cerca de três anos e dois meses após a tragédia de Mariana, que aconteceu de maneira semelhante.
Como um tsunami de lodo, o lamaçal se deslizou atingindo casas e moradores.
No caso de Mariana, a tragédia causou estragos em boa parte do Estado de Minas Gerais e parte do Espírito Santo.
A tragédia de Brumadinho é a primeira a ser enfrentada pelo governo Jair Bolsonaro.
Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, decidiram ir ao local para verificar o desastre e tomar providências.
No entanto, segundo a Rede Brasil Atual, em reportagem reproduzida no Diário do Centro do Mundo, Ricardo, quando era secretário estadual de Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin, foi condenado pelo Ministério Público de São Paulo por improbidade administrativa.
Ricardo teve direitos políticos suspensos por três anos na sentença dada em 19 de dezembro de 2018. Também foi condenado a pagar uma multa equivalente a dez vezes o seu salário.
O hoje ministro, que recorreu da sentença e obteve foro privilegiado por causa do cargo, só poderá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal que, pelo jeito, está solidário ao governo.
Seu crime foi adulterar mapas e a minuta de decreto do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Várzea do Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo.
A medida foi feita para favorecer empresários, principalmente do setor de mineração e ligados à FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A hidrelétrica de Retiro Baixo se localiza no Rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco, próxima aos municípios de Curvelo e Pompeu.
O mais irônico é que a onda de rejeito está se deslocando para a hidrelétrica de Furnas, em dois dias.
A empresa Furnas, subsidiária da Eletrobras, tem um esquema de corrupção muito famoso, comandado pelo ex-governador e hoje deputado federal eleito Aécio Neves.
Na lista de beneficiados pelo esquema de propina de Furnas, inclui o próprio presidente Bolsonaro. O DCM também publicou matéria a respeito.
Enquanto isso, é mais um drama de moradores que perderam entes queridos e casas.
Ainda se saberá a dimensão do estrago dentro de alguns dias.
É mais uma tragédia ambiental, que mostra a vergonha administrativa da iniciativa privada que assumiu a companhia Vale, que atuou de forma omissa, desonesta e irresponsável diante da necessidade de prevenção das tragédias de Mariana e Brumadinho.
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