Com toda certeza, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva é o brasileiro mais humilhado de toda a História de nosso país.
É a maior vítima de valentonismo (bullying) dos últimos tempos, alvo das humilhações e das mentiras mais torpes e mais ofensivas.
O que tem de fake news depreciando o Lula não dá para contar. Mentiras descaradas circulam livremente pela Internet, sob a desculpa da "liberdade de expressão".
Sobre ele, pesam acusações das mais falaciosas, que o comparam até com chefes fascistas.
Acusam ele, que realmente promoveu o progresso do país, de fazer Assistencialismo, enquanto um falecido "médium espírita" é tido como "transformador de vidas" fazendo, justamente, um reles e fajuto Assistencialismo.
Para quem não sabe, Assistencialismo é aquela "caridade" que beneficia mais o suposto benfeitor do que os mais necessitados.
Só serve para promover idolatria barata ao "benfeitor", sobretudo oportunistas que fazem pastiches literários usando nomes de mortos e depois viram semi-deuses.
Lula quis ajudar realmente, com resultados concretos aos mais necessitados, valorizando a inclusão social colocando gente pobre para fazer universidade, melhorando o poder aquisitivo e ampliando o emprego, e ele é humilhado.
O tal "médium", não. Ele virou até "profeta", um semi-deus, um come-quieto como se fosse um Aécio Neves no seu tempo, só que tido como "messiânico", por nada.
Dois pesos, duas medidas.
E Lula sofreu sua maior humilhação ontem, quando foi impedido de ir ao enterro do seu irmão Genival da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo.
Foi uma demonstração de cinismo da Justiça Federal que alegou "não ter logística" para escoltar o ex-presidente na sua ida ao velório do irmão mais velho.
Órfão de pai quando criança, Lula via em Vavá quase como um pai, por ele ter sido responsável pelo cuidado dos irmãos mais novos.
A humilhação foi tão grande que nem a ditadura militar foi capaz disso. Lula, como preso político naquela época (1980), foi liberado para ver o velório de sua mãe.
Pior: o veto a Lula ir ao velório do irmão viola o artigo 120, parágrafo 1º, da Lei de Execução Pena, que autoriza a todo cidadão, mesmo presidiário, a sair da cadeia momentaneamente, para ir ao velório de familiares, respeitadas as condições de escolta policial e garantia de retorno à prisão.
Lula acumula uma série de humilhações.
Ele praticamente está condenado a prisão perpétua - ainda mais com Jair Bolsonaro governando o Brasil - por causa de uma estória muito mal contada sobre o triplex do Guarujá.
A condenação ainda foi feita em segunda instância, impedindo Lula de ir adiante com recursos de defesa garantidos pela Constituição Federal.
Lula não pôde ser candidato à Presidência da República. Não pôde ser entrevistado, suas visitas foram restritivas. Sociável, Lula permanece à maioria do tempo solitário e triste.
Ele já não foi autorizado a ir ao velório do amigo e jurista Sigmaringa Seixas, sob a alegação de que "ele não era parente" do ex-presidente.
Mas quando foi o irmão mais velho Vavá, que faleceu, Lula também não foi autorizado a ir ao velório, sob a desculpa de "não haver condições para escolta e transporte do preso".
Uma desculpa vagabunda, cínica, tão ridícula quanto a autorização tardia do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de Lula ver os familiares, num quartel em São Bernardo do Campo.
Foi uma decisão tardia e um tanto de má vontade, ocorrida depois de Vavá ter sido enterrado.
Para piorar, a mídia hegemônica se deu a mentir: disse que Toffoli autorizou Lula a ir ao velório, mas depois que Vavá foi enterrado.
Mas pouco se falou que o entendimento de Toffoli era outro, bastante surreal, típico de comédia do cineasta Luís Buñuel.
É a de que Vavá, morto, fosse visitar Lula num quartel em São Bernardo do Campo. Mas mesmo se não fosse isso, o fato de que a autorização só foi dada após o enterro foi um insulto a Lula.
Lula recusou-se a ir. Considerou um desrespeito ir encontrar os familiares num quartel. E ainda mais sem poder dar seu adeus ao irmão Vavá.
O consolo é que Lula foi representado pela presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, pelo deputado federal Paulo Pimenta e pelo presidenciável derrotado de 2018, Fernando Haddad.
O ato foi uma manifestação de solidariedade a Lula e culminou com os presentes no velório gritando "Lula Livre".
São tempos muito difíceis em que o maior líder popular da História do Brasil desde a Era Vargas tornou-se prisioneiro por causa de uma fofoca.
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