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LULA QUER ATRAIR CENTRÃO MAS TAMBÉM QUER TRIBUTAR SUPER-RICOS


O clima do "tudo ao mesmo tempo agora" do governo Lula mostra contradições, precipitações e impasses. Embora seja uma boa ideia tributar os super-ricos, Lula se arrisca quando, em contrapartida, quer atrair o Centrão para seu governo e libera verbas para deputados federais votarem a favor o governo, nas emendas constitucionais.

O governo Lula pretende arrecadar, até 2026, um total de R$ 45 bilhões com a cobrança de impostos para os super-ricos. É um valor pequeno, diga-se de passagem, para quem ganha trilhões, no mínimo. E a gente fica imaginando que os super-ricos a serem contemplados são aqueles que navegam no cruzeiro furado do bolsonarismo ou coisa parecida, vide Roberto Campos Neto e Paulo Guedes, por exemplo.

Enquanto isso, a reforma ministerial tende a diminuir o protagonismo do PT, o que prejudicará os petistas de raiz, voltados para as causas trabalhistas, que andam subestimadas pelo governo Lula. O presidente brasileiro e comporta como um motorista hesitante que ora acelera, ora diminui a velocidade e quer percorrer todos os caminhos mas chegando a destino nenhum. Quer ser "mais esquerdista", mas na prática acaba agindo na contramão deste objetivo.

O grande problema é que os novos ricos não são só os empresários e banqueiros ortodoxos hoje associados oficialmente ao bolsonarismo. Há famosos, religiosos - lembrando que os dirigentes "espíritas" (com muita grana para comprar o silêncio de acadêmicos e jornalistas investigativos ante os abusos da seita neomedieval brasileira) chegam a ser bem mais ricos do que os neopentecostais que já navegam em oceanos de dinheiro - , esportistas, "cartolas", entre outros.

E há também empresários de cerveja, que também acumulam fortunas exorbitantes que recebem o consentimento daqueles que apenas criticam alguns super-ricos que não lhes fazem tipo algum de agrado. Ou seja, se os super-ricos patrocinam o hedonismo da "boa" sociedade, ela vai dormir tranquila enchendo os bolsos dos empresários do futebol, da cerveja e do entretenimento popularesco, pouco importando se as fortunas destes magnatas atinge níveis estratosféricos.

Temos que assumir que o Brasil hoje está nas mãos de uma elite que está longe de ser super-rica, mas que está muito bem de vida e domina as narrativas como se a classe média brasileira com seus SUVs e muita grana para gastar em rodízio de cerveja todo fim de semana, além de encher suas casas com mais de três televisões, se achasse dona do mundo, dona dos pobres, dona da verdade, dona de tudo.

Essa elite do bom atraso corre o risco de se tornar a elite dos super-ricos de amanhã, uma aristocracia heterodoxa e flexível bem aos moldes do hedonismo identitário. E todos vão dormir tranquilos porue a taxação dos super-ricos pretende arrecadar apenas R$ 45 bilhões, para não assustar a "democracia liberal" que ajudou a eleger Lula. Sinceramente, se essa taxação fosse para valer, o valor a ser arrecadado seria, no mínimo, 12 vezes a mais do que o valor que o governo Lula espera obter.

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