A REVISTA DE FAKE NEWS QUE DIZ COMBATER NOTÍCIAS FALSAS, A MENSAGEM FAKE ATRIBUÍDA A MACHADO DE ASSIS E A PATRIOTADA LITERÁRIA FAKE ATRIBUÍDA AO FALECIDO HUMBERTO DE CAMPOS.
A edição recente da revista Veja, atribuída a hoje mas disponível nas bancas desde sexta-feira passada, é um retrato da hipocrisia típica da reacionária publicação.
Em mais uma capa dizendo combater as notícias falsas (fake news), a publicação mira agora as falsas consultorias médicas da Internet, através do Google e do Facebook.
Correto, afinal nem todas as páginas de medicina nas buscas dessas plataformas digitais são confiáveis, podendo haver recomendações bastante duvidosas que podem trazer riscos à vida de alguém.
O problema é que Veja, capaz de publicar mentiras grotescas contra Lula e Dilma Rousseff, não tem a menor credibilidade para se posicionar contra fake news.
Ainda mais porque a postura reacionária de Veja refletiu na derrubada da reputação do Grupo Abril, que, em crise, se desfez até de sua raiz, a parceria com a Disney que deu origem à Editora Abril.
Uma crise que também fez a Abril trocar um prédio de 25 andares por quatro andares de um edifício comercial, hoje a sede da empresa em São Paulo.
Mas a onda dos fakes não para por aí.
A Bienal do Livro de São Paulo veio com uma falsa frase atribuída a Machado de Assis que estava estampada em seu material de divulgação. A frase diz o seguinte:
"Quem lê um livro, mal sabe como ele foi feito. Cada palavra puxa a essência do autor, cada ideia a sua vivência, cada conto sua dor, cada capítulo seu amor. A leitura de cada página nada mais é do que uma conversa sincera com o autor".
A frase não tem uma sombra sequer do estilo literário de Machado de Assis e soa mais como uma mensagem publicitária qualquer nota.
O erro da frase foi da agência Ogilvy, que promove o evento, e não da Câmara Brasileira do Livro, organizadora do evento.
A Ogilvy ainda disse que o erro teria sido cometido pelo fornecedor de aventais que teriam a frase, dizendo que ele é que entendeu que a frase seria atribuída a Machado de Assis, coisa que não consta na obra original do notável autor.
Ainda assim, a Bienal do Livro, a exemplo de outras bienais - como a do Rio de Janeiro - abriga uma editora envolvida com obras fake atribuídas a autores mortos e que representa o Espiritismo desfigurado que é feito no Brasil.
Seu maior ídolo, um arrivista mineiro que começou com pastiches literários e hoje é tratado como semideus e suposto símbolo de caridade a la manière de Luciano Huck (caridade que traz mais idolatria que progressos sociais), foi pioneiro de obras fake desde 1932.
A maior vítima desse arrivista (que precedeu Marcelo "Vips" Nascimento na produção de picaretagens bem sucedidas, que a memória curta tenta apagar) foi o escritor Humberto de Campos, que desconfiou da veracidade de uma falsa coletânea de obras poéticas do "além".
O arrivista, que se autoproclamou "médium", exerce em seus seguidores uma hipnótica sedução à maneira das sereias de Ulisses na Odisseia de Romero.
Reacionário, o tal "médium" apoiou a ditadura militar, apoiou Fernando Collor em 1989 e sempre foi devoto da Teologia do Sofrimento, doutrina católica medieval de triste lembrança.
Mesmo assim, o "médium" conseguiu enganar e seduzir até uma parcela das esquerdas brasileiras, iludidas com o aparato de "fragilidade" e "humildade" do esperto arrivista.
A imagem glamourizada dele, construída habilidosamente pelos Diários Associados e pelas Organizações Globo à maneira de um "filantropo" de melodrama novelesco, prevalece para atender os interesses da editora promovida pela federação religiosa que inventou esse mito.
Pois o "Humberto de Campos" que esse senhor, já falecido, havia trazido para o mercado literário e que, infelizmente, prevalece sobre a obra original do escritor maranhense, não tem um pingo do estilo que havia marcado o autor, morto em 1934, em sua trajetória e legado.
Para piorar, um dos livros do pseudo-Humberto de Campos é uma patriotada que promete que o Brasil mandará no mundo na condição de "pátria do Evangelho".
Uma espécie de imperialismo teocrático tão ridículo e patético quanto as patriotadas de Galvão Bueno nas suas narrações de futebol.
Até o reino mineral sabe que um país mandando no mundo não necessariamente trará prosperidade e qualidade de vida para a população.
Pelo contrário. Os Estados Unidos, por exemplo, deixam o povo na miséria com a preocupação de seus governantes de intervir política e economicamente em outros países.
O império estadunidense também veio com alegações fraternais, falando em "paz" e "democracia", se autodenominando "a América".
Mas, em nome da "paz" e "democracia", chegou a instalar ditaduras em países latino-americanos e promover banhos de sangue, sobretudo na América Central.
Coitado do Humberto de Campos cujo nome, hoje, não está associado à sua esquecida obra original, mas a trabalhos fake que não correspondem a um pingo do seu peculiar estilo.
São obras fake que não são menos deploráveis porque falam de "coisas boas", muito pelo contrário: quando obras falsas apelam para o "amor", a "fraternidade" e a "caridade", se tornam mais condenáveis pois é a mentira e a fraude usando a capa da virtude para enganar a multidão.
Temos que parar de ouvirmos "cantos de sereia" aqui e ali e atribuir a obras fake pretensas verdades ou honestidades que não existem. Nem o pretexto do "pão dos pobres" pode legitimar obras fake que prometem um "mundo mais irmão".
Mentira é mentira até quando fala de amor. A desonestidade, o uso indevido dos nomes dos mortos, tudo isso é uma enganação que merece o mais completo repúdio, fosse que fosse a imagem dócil e agradável do usurpador de plantão.
Em países menos imperfeitos, "médiuns" desse porte seriam desmascarados e repudiados com muita energia, em vez de serem tratados como se fossem fadas-madrinhas de gente grande.
Em vez disso, pessoas se apegam cegamente ao arrivista mineiro e seus asseclas, fazendo com que sua lamentável bibliografia seja relançada com novas capas, pondo embalagem nova em conteúdo apodrecido.
No país que quer combater as fake news eleitorais e ainda pensa em ter cuidado com as notícias falsas em geral, deve também repudiar as obras fake que usam os nomes dos mortos para promover certos ídolos religiosos.
É por isso que o Brasil não vai para a frente, e embustes como a patriotada do "coração do mundo" e a caridade de fachada que só serve para ostentar o suposto benfeitor em detrimento dos fraquíssimos resultados de sua "filantropia" mais adorada do que eficiente.
Talvez as pessoas estejam vendo novelas demais ou sentindo saudade doentia dos velhos contos de fadas. Daí uma certa complacência com as obras fake, dos noticiários sensacionalistas às falsas psicografias.
A edição recente da revista Veja, atribuída a hoje mas disponível nas bancas desde sexta-feira passada, é um retrato da hipocrisia típica da reacionária publicação.
Em mais uma capa dizendo combater as notícias falsas (fake news), a publicação mira agora as falsas consultorias médicas da Internet, através do Google e do Facebook.
Correto, afinal nem todas as páginas de medicina nas buscas dessas plataformas digitais são confiáveis, podendo haver recomendações bastante duvidosas que podem trazer riscos à vida de alguém.
O problema é que Veja, capaz de publicar mentiras grotescas contra Lula e Dilma Rousseff, não tem a menor credibilidade para se posicionar contra fake news.
Ainda mais porque a postura reacionária de Veja refletiu na derrubada da reputação do Grupo Abril, que, em crise, se desfez até de sua raiz, a parceria com a Disney que deu origem à Editora Abril.
Uma crise que também fez a Abril trocar um prédio de 25 andares por quatro andares de um edifício comercial, hoje a sede da empresa em São Paulo.
Mas a onda dos fakes não para por aí.
A Bienal do Livro de São Paulo veio com uma falsa frase atribuída a Machado de Assis que estava estampada em seu material de divulgação. A frase diz o seguinte:
"Quem lê um livro, mal sabe como ele foi feito. Cada palavra puxa a essência do autor, cada ideia a sua vivência, cada conto sua dor, cada capítulo seu amor. A leitura de cada página nada mais é do que uma conversa sincera com o autor".
A frase não tem uma sombra sequer do estilo literário de Machado de Assis e soa mais como uma mensagem publicitária qualquer nota.
O erro da frase foi da agência Ogilvy, que promove o evento, e não da Câmara Brasileira do Livro, organizadora do evento.
A Ogilvy ainda disse que o erro teria sido cometido pelo fornecedor de aventais que teriam a frase, dizendo que ele é que entendeu que a frase seria atribuída a Machado de Assis, coisa que não consta na obra original do notável autor.
Ainda assim, a Bienal do Livro, a exemplo de outras bienais - como a do Rio de Janeiro - abriga uma editora envolvida com obras fake atribuídas a autores mortos e que representa o Espiritismo desfigurado que é feito no Brasil.
Seu maior ídolo, um arrivista mineiro que começou com pastiches literários e hoje é tratado como semideus e suposto símbolo de caridade a la manière de Luciano Huck (caridade que traz mais idolatria que progressos sociais), foi pioneiro de obras fake desde 1932.
A maior vítima desse arrivista (que precedeu Marcelo "Vips" Nascimento na produção de picaretagens bem sucedidas, que a memória curta tenta apagar) foi o escritor Humberto de Campos, que desconfiou da veracidade de uma falsa coletânea de obras poéticas do "além".
O arrivista, que se autoproclamou "médium", exerce em seus seguidores uma hipnótica sedução à maneira das sereias de Ulisses na Odisseia de Romero.
Reacionário, o tal "médium" apoiou a ditadura militar, apoiou Fernando Collor em 1989 e sempre foi devoto da Teologia do Sofrimento, doutrina católica medieval de triste lembrança.
Mesmo assim, o "médium" conseguiu enganar e seduzir até uma parcela das esquerdas brasileiras, iludidas com o aparato de "fragilidade" e "humildade" do esperto arrivista.
A imagem glamourizada dele, construída habilidosamente pelos Diários Associados e pelas Organizações Globo à maneira de um "filantropo" de melodrama novelesco, prevalece para atender os interesses da editora promovida pela federação religiosa que inventou esse mito.
Pois o "Humberto de Campos" que esse senhor, já falecido, havia trazido para o mercado literário e que, infelizmente, prevalece sobre a obra original do escritor maranhense, não tem um pingo do estilo que havia marcado o autor, morto em 1934, em sua trajetória e legado.
Para piorar, um dos livros do pseudo-Humberto de Campos é uma patriotada que promete que o Brasil mandará no mundo na condição de "pátria do Evangelho".
Uma espécie de imperialismo teocrático tão ridículo e patético quanto as patriotadas de Galvão Bueno nas suas narrações de futebol.
Até o reino mineral sabe que um país mandando no mundo não necessariamente trará prosperidade e qualidade de vida para a população.
Pelo contrário. Os Estados Unidos, por exemplo, deixam o povo na miséria com a preocupação de seus governantes de intervir política e economicamente em outros países.
O império estadunidense também veio com alegações fraternais, falando em "paz" e "democracia", se autodenominando "a América".
Mas, em nome da "paz" e "democracia", chegou a instalar ditaduras em países latino-americanos e promover banhos de sangue, sobretudo na América Central.
Coitado do Humberto de Campos cujo nome, hoje, não está associado à sua esquecida obra original, mas a trabalhos fake que não correspondem a um pingo do seu peculiar estilo.
São obras fake que não são menos deploráveis porque falam de "coisas boas", muito pelo contrário: quando obras falsas apelam para o "amor", a "fraternidade" e a "caridade", se tornam mais condenáveis pois é a mentira e a fraude usando a capa da virtude para enganar a multidão.
Temos que parar de ouvirmos "cantos de sereia" aqui e ali e atribuir a obras fake pretensas verdades ou honestidades que não existem. Nem o pretexto do "pão dos pobres" pode legitimar obras fake que prometem um "mundo mais irmão".
Mentira é mentira até quando fala de amor. A desonestidade, o uso indevido dos nomes dos mortos, tudo isso é uma enganação que merece o mais completo repúdio, fosse que fosse a imagem dócil e agradável do usurpador de plantão.
Em países menos imperfeitos, "médiuns" desse porte seriam desmascarados e repudiados com muita energia, em vez de serem tratados como se fossem fadas-madrinhas de gente grande.
Em vez disso, pessoas se apegam cegamente ao arrivista mineiro e seus asseclas, fazendo com que sua lamentável bibliografia seja relançada com novas capas, pondo embalagem nova em conteúdo apodrecido.
No país que quer combater as fake news eleitorais e ainda pensa em ter cuidado com as notícias falsas em geral, deve também repudiar as obras fake que usam os nomes dos mortos para promover certos ídolos religiosos.
É por isso que o Brasil não vai para a frente, e embustes como a patriotada do "coração do mundo" e a caridade de fachada que só serve para ostentar o suposto benfeitor em detrimento dos fraquíssimos resultados de sua "filantropia" mais adorada do que eficiente.
Talvez as pessoas estejam vendo novelas demais ou sentindo saudade doentia dos velhos contos de fadas. Daí uma certa complacência com as obras fake, dos noticiários sensacionalistas às falsas psicografias.
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