O Movimento Brasil Livre (aka Movimento Me Livre do Brasil) anda amargando derrotas sucessivas.
Recentemente, tentou acelerar demais o já acelerado timing jurídico contra o ex-presidente Lula, e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral uma antecipada postura pela inelegibilidade do petista.
O TSE precisa manter seu teatrinho, e além disso é subordinado ao Supremo Tribunal Federal, que já tem um plenário "seguramente" contrário a Lula, a começar pela presidente Carmen Lúcia e figurões como Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso.
Daí que o órgão superior eleitoral recusou o pedido dos rapazes do MBL para antecipar o banimento eleitoral a Lula com base na Lei da Ficha Limpa, que não foi apreciado ainda.
O MBL é ultraconservador, apesar de ser um movimento organizado por jovens.
Seus membros se esquecem que, numa sociedade ultraconservadora, o que vale é a hierarquia, seja por idade, tempo de serviço, cargo de liderança etc.
Isso significa que o MBL não pode mandar em tudo, daí o "não" do TSE a eles, apesar de compartilharem a mesma causa.
Outra derrota do MBL é a extinção de perfis e comunidades fake que estariam sendo responsáveis pela veiculação de notícias falsas no Facebook.
O Facebook retirou nada menos que 196 páginas e 87 perfis que estavam relacionados ao grupo de Kim Kataguiri, Renan Santos e Fernando Holiday.
O MBL, evidentemente, protestou em outros portais de redes sociais, alegando que era uma "censura à liberdade de expressão".
Um promotor do Ministério Público de Goiás, Aliton Benedito, pediu um prazo de 48 horas contadas de ontem para que o Facebook explica a retirada dos perfis, um a um.
Ailton atua como mais um reacionário nas redes sociais, conforme descreveu texto do Diário do Centro do Mundo.
Declarou-se simpatizante da macabra Escola Sem Partido e já convidou Kim Kataguiri para uma audiência sobre Segurança Pública e Manifestações Sociais, organizada por ele.
Ele deve estar incomodado com o banimento de seus ídolos nas redes sociais.
O Facebook não é um primor de progressismo, e Mark Zuckerberg é um capitalista tradicional, e age pressionado pelas circunstâncias.
Há uma luta no Brasil contra as fake news eleitorais, para evitar o "fator surpresa" da vitória eleitoral de Donald Trump, nos EUA, e da causa Brexit, nas relações entre a Grã-Bretanha e a União Europeia.
Só que existe também o perigo da mídia alternativa ser confundida com a mídia de fake news, e isso é ruim para a democracia.
Por outro lado, deveríamos nos preocupar também com os fakes do além que vem com mensagem água com açúcar para evitar desconfianças.
Todos gostam daquele falecido ídolo religioso que usava peruca, mas especialistas afirmam que ele foi um grande farsante e um ilusionista dos mais espertos.
O que ele fez com Humberto de Campos, incluindo um assédio moral de cunho religioso ao filho do mesmo nome, nem o pior inimigo seria capaz de fazer com sua vítima.
Os livros do pretenso "espírito Humberto de Campos" são comprovadamente fake, pela aberrante disparidade de estilos com a obra original deixada pelo escritor maranhense.
Ele usurpou os nomes de um grande número de mortos, promoveu sensacionalismo barato às custas da tragédia de muitas famílias e tudo isso em livros e cartas fake que prevaleceram porque traziam pretensas e pieguíssimas mensagens de "amor e paz".
O ídolo religioso foi feito semi-deus (um pretenso homem simples que se tornou pretensamente divinizado) com a ajuda da mídia hegemônica (TV Tupi / Rede Globo), o que diz muito da "caridade de lata-velha" que, no Triângulo Mineiro, antecipou Luciano Huck na encenação de "filantropia".
Uma "filantropia" na qual o prestígio do "benfeitor" (que não faz a caridade que se atribui a ele, mas se promove com a caridade de outrem) está acima de qualquer resultado dessa pretensa caridade, na verdade muitíssimo medíocres e, quando muito, apenas agindo em poucos e efêmeros casos.
Isso não é invenção. Afinal, nosso país seria outro se essa "caridade" realmente funcionasse. Teríamos atingindo níveis escandinavos de vida. Mas não chegamos sequer a isso e o Brasil está decaindo a olhos vistos, e olha que se adoram esses "filantropos" até com certo fanatismo.
E aí vemos uma linhagem de fakes iniciadas por esse homem - que, quando jovem, criou problemas ao nosso respeitável meio literário - , que, juntamente com seus sucessores, andou envergonhando o legado dos mortos, que não estão aí para reagir às mensagens que circulam com seus nomes.
Nem Getúlio Vargas, Raul Seixas, Noel Rosa e Renato Russo escaparam desses embustes. De Portugal, Antero de Quental e Eça de Queirós foram alguns dos atingidos, visando a promoção de "médiuns" que estão mais para "mídia" (venal) do que para mediunidade.
Pessoas comuns que, em supostas mensagens do além, mais parecem funcionários de igreja. Humberto de Campos rebaixado a um padreco de roça, apostando na patriotada à-la Galvão Bueno, alegando que o Brasil será "coração do mundo", o que é patético.
E aí veio, a partir de diversos oportunistas da "mediunidade" midiática, que fizeram verdadeiras traquinagens literárias.
Através delas, Olavo Bilac "perdeu" o talento de escrever belas métricas poéticas (que faziam seus versos se tornarem "musicais" quando recitados) e Casimiro de Abreu passou a "sentir alegria pelo sofrimento".
Com o tempo, vínhamos Raul Seixas rebaixado a um roqueiro arrependido mas abobalhado, Renato Russo a um patético militante igrejista, Getúlio Vargas a um débil orador à maneira de Odorico Paraguassu, Noel Rosa a um querubim débil-mental.
Chegou-se ao ponto de termos, nas redes sociais, intelectuais como Erich Fromm e Hannah Arendt com linguagem de youtuber e alegando que o Brasil vai liderar a comunidade das nações (?!).
Volta e meia surge um "morto" da moda em mensagens fake que são aceitas sem críticas, sob o pretexto de "promover o pão dos pobres e a paz no mundo".
Cássia Eller falando em dragões no mundo espiritual, Domingos Montagner tão igrejeiro que mais parece um ex-ator de novela bíblica da Record do que da novela regionalista Velho Chico.
Daqui a pouco teremos até "psicografia" de Marisa Letícia Lula da Silva pedindo para ninguém votar em Lula para "não causar problemas" e fazer uma estranha propaganda em favor de Geraldo Alckmin, ou então, o que é pior, Jair Bolsonaro.
Devemos desconfiar dessas mensagens, feitas sem um pingo de estudo do fenômeno inédito e complexo da comunicação com os mortos.
Que ninguém compre os livros desses fakes do além, que de forma evidente e, não raro, escancarada, destoam da personalidade original dos falecidos. Não é dizendo "vamos ser irmãos" que uma mensagem suspeita possa ser vista como autêntica.
É a divinização dos fakes "espirituais" e suas mensagens piegas, que aliás fazem muito sucesso nos redutos de fake news, que abre o caminho, previamente "abençoado" por tais mensagens, para a livre veiculação de notícias falsas, que podem causar estragos sociais incalculáveis.
É graças a essas mensagens fake que circulam livremente no mercado literário e nas redes sociais que se dá o exemplo propício para uma infinidade de páginas de notícias falsas, que se multiplicaram na Internet, conforme pude ver na busca do Google.
E tudo isso devido à responsabilidade da mídia hegemônica, que inventa pretensos filantropos para alcançar o máximo de adoração popular, da mesma forma que estimula o ódio a políticos progressistas a ponto de encorajar a publicação de notícias falsas.
Este é um Brasil que falta com a verdade.
Mesmo que a esquerda não ganhasse nas eleições, esperaria um Brasil, pelo menos, comprometido com um mínimo de honestidade, humildade e respeito humano.
Só que o que se vê é a espetacularização aqui e ali, seja com "funk" e com a exploração caricata da causa LGBTQ, seja com a adoração surreal dos "médiuns" e dos "mitos", o que pode botar o Brasil a perder.
A sociedade ultraconservadora está vivendo de ilusão demais, e dela faz a sua tirania. Ela precisa se desiludir um pouco, para aprender com a vida. As derrotas do MBL são um bom ensaio para isso.
Comentários
Postar um comentário