Pular para o conteúdo principal

ATO EM FAVOR DE LULA FOI BEM SUCEDIDO NO RJ


A grande mídia tentou ignorar, mas teve que noticiar, ainda que "burocraticamente", o ato em solidariedade ao ex-presidente Lula, o Festival Lula Livre.

Realizado no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, o evento ocorreu numa região que não é lá um reduto do esquerdismo brasileiro.

Mesmo assim, o Festival Lula Livre foi um sucesso, e a edição do Rio de Janeiro - houve outras edições, inclusive na Argentina - representou o ápice desse evento, pela visibilidade que a cidade oferece ao Brasil e ao mundo.

50 mil pessoas foram estimadas no evento carioca, o que, para as dimensões da Lapa, já é grande coisa.

A grande mídia teve que noticiar, mas de forma bem morna. O G1, por exemplo, noticiou o evento como se estivesse produzindo nota de um release, mas deu mais destaque à apreensão de supostos panfletos de propaganda política pelo Tribunal Regional Eleitoral.

O Jornal Nacional deu uma nota lacônica, altamente burocrática e com ar de desprezo.

A edição tinha como apresentador masculino o insignificante Alexandre Garcia, famoso por fazer comentários ao mesmo tempo engraçadinhos e preconceituosos nas redes sociais e que, no passado, foi assessor de Comunicação do governo João Figueiredo (nenhum parentesco comigo).

Garcia narrou a nota por mera obrigação, mas com o jeito contrariado de quem noticia aquilo que, pessoalmente, não gosta, no caso o ex-presidente Lula.

Na mesma semana, o JN deu mais destaque à minifestação do Movimento Brasil Livre (aka Movimento Me Livre do Brasil) na sede brasileira do Facebook, em protesto contra o cancelamento de vários perfis e várias comunidades relacionados a fake news.

A nota indiferente do JN, como lembrou Ricardo Kotscho, lembrou a manobra do mesmo telejornal há 35 anos.

Tentando omitir o movimento Diretas Já - que contou com o apoio do mesmo Lula - , o JN havia, em "antológica" atitude, noticiado o evento como se fosse uma mera festa de aniversário da cidade de São Paulo.

Foi uma gafe, mas passou despercebida porque não havia a força da Internet de hoje.

Se tivesse, teria rendido uma série de memes hilárias.

O Festival Lula Livre teve alguns astros da TV Globo solidários com o ex-presidente, entre eles Herson Capri, que leu a carta do ex-presidente, Fábio Assunção, que apresentou o evento e Osmar Prado.

Embora tenha tido também artistas comerciais (como Odair José e MC Carol), o evento foi bem diversificado em atrações musicais, o que pode fazer alguns apelidarem o evento de "Lulapalooza".

O destaque foi de artistas de MPB que sempre apoiaram o ex-presidente, como Chico Buarque, Beth Carvalho e Gilberto Gil, que foi ministro de Lula, além dos não-massificados Jards Macalé e Ana Cañas.

Houve até direito a um dueto entre Buarque e Gil da controversa canção "Cálice", um protesto contra a ditadura militar (a palavra "Cálice" é um trocadilho com "Cale-se", cantada como se fosse uma alegoria à censura).

As atrações, de uma forma ou de outra, davam seu aval ao ex-presidente e lamentavam a prisão dele, feita sem motivo e ao arrepio da lei, por não aguardar o esgotamento dos recursos jurídicos.

O Festival Lula Livre pode não refletir nos efeitos jurídicos e políticos que permitissem a libertação de Lula e toda a sua permissão para concorrer, ganhar as eleições, empossar e poder concluir seu novo mandato presidencial.

Devemos ser realistas. Volta e meia temos algum momento brilhante no progressismo: as atitudes de Pedro Cardoso e Márcia Tíburi, ou o desfile da Acadêmicos do Tuiuti com o "Temer vampirão".

Dão uma esperança danada, nos enchem de otimismo e orgulho. Pedro Cardoso largando um programa para se solidarizar com grevistas. Márcia Tiburi defendendo sua dignidade abandonando um debate com Kim Kataguiri. A Tuiuti ridicularizando o golpe político de 2016.

Mas a realidade, infelizmente, é que a plutocracia está comandando a engrenagem. De que adianta a popa de um navio mostrar uma festa progressista, se o timão continua sendo conduzido por reacionários?

Se caso Lula puder ser presidente, o povo terá que zelar por ele até terminar o mandato, 31 de dezembro de 2022.

Como no segundo governo de Getúlio Vargas, se Lula se tornar presidente em 2019, a mídia hegemônica partirá para cima e tentará desmoralizá-lo da forma mais violenta possível.

O Festival Lula Livre é mais um evento que dá esperança e faz as pessoas retornarem tranquilas, certas de que o ex-presidente é, sim, o maior líder popular dos últimos tempos.

Mas não é só eventos assim que devem garantir a esperança por Lula e por um Brasil progressista.

Tem que ser uma luta diária e, infelizmente, não há grandes manifestações em favor de Lula, fora eventos como este.

O Supremo Tribunal Federal já afirmou que será difícil avaliar a prisão de Lula este ano, o que pode encerrar as chances dele se tornar candidato ao cargo presidencial.

Com isso, o menos mal é apostar na "Solução Pindamonhangaba", um segundo turno com Ciro Gomes e Geraldo Alckmin, ambos nascidos na referida cidade paulista.

Seria preciso muita pressão para termos Lula de volta ao Planalto, e, infelizmente, o povo não parece ter essa pressão.

Os retrocessos sociais e culturais influíram muito, mesmo a bregalização que, em parte, parece apoiar o ex-presidente.

O próprio clima de festa é o único meio para atrair grandes multidões. Se não for por isso, nada feito.

Pelo menos não foi o mico de um "baile funk" para salvar Dilma Rousseff, pois o "funk" é apoiado pelas Organizações Globo e Rômulo Costa, da Furacão 2000, é amigo de Luciano Huck e de vários parlamentares que pediram o "Tchau Querida".

O Festival Lula Livre é apenas um aperitivo e o lado lúdico de uma luta que deveria ser longa, mais criativa, prudente e sem recorrer a falsos amigos das esquerdas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FUNQUEIROS, POBRES?

As notícias recentes mostram o quanto vale o ditado "Quem nunca comeu doce, quando come se lambuza". Dois funqueiros, MC Daniel e MC Ryan, viraram notícias por conta de seus patrimônios de riqueza, contrariando a imagem de pobreza associada ao gênero brega-popularesco, tão alardeada pela intelectualidade "bacana". Mc Daniel recuperou um carrão Land Rover avaliado em nada menos que R$ 700 mil. É o terceiro assalto que o intérprete, conhecido como o Falcão do Funk, sofreu. O último assalto foi na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de recuperar o carro, a recompensa prometida pelo funqueiro foi oferecida. Já em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, outro funqueiro, MC Ryan, teve seu condomínio de luxo observado por uma quadrilha de ladrões que queriam assaltar o famoso. Com isso, Ryan decidiu contratar seguranças armados para escoltá-lo. Não bastasse o fato de, na prática, o DJ Marlboro e o Rômulo Costa - que armou a festa "quinta coluna" que anestesiou e en

FIQUEMOS ESPERTOS!!!!

PESSOAS RICAS FANTASIADAS DE "GENTE SIMPLES". O momento atual é de muita cautela. Passamos pelo confuso cenário das "jornadas de junho", pela farsa punitivista da Operação Lava Jato, pelo golpe contra Dilma Rousseff, pelos retrocessos de Temer, pelo fascismo circense de Bolsonaro. Não vai ser agora que iremos atingir o paraíso com Lula nem iremos atingir o Primeiro Mundo em breve. Vamos combinar que o tempo atual nem é tão humanitário assim. Quem obteve o protagonismo é uma elite fantasiada de gente simples, mas é descendente das velhas elites da Casa Grande, dos velhos bandeirantes, dos velhos senhores de engenhos e das velhas oligarquias latifundiárias e empresariais. Só porque os tataranetos dos velhos exterminadores de índios e exploradores do trabalho escravo aceitam tomar pinga em birosca da Zona Norte não significa que nossas elites se despiram do seu elitismo e passaram a ser "povo" se misturando à multidão. Tudo isso é uma camuflagem para esconder

DEMOCRACIA OU LULOCRACIA?

  TUDO É FESTA - ANIMAÇÃO DE LULA ESTÁ EM DESACORDO COM A SOBRIEDADE COM QUE SE DEVE TER NA VERDADEIRA RECONSTRUÇÃO DO BRASIL. AQUI, O PRESIDENTE DURANTE EVENTO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL. O que poucos conseguem entender é que, para reconstruir o Brasil, não há clima de festa. Mesmo quando, na Blumenau devastada pela trágica enchente de 1983, se realizou a primeira Oktoberfest, a festa era um meio de atrair recursos para a reconstrução da cidade catarinense. Imagine uma cirurgia cujo paciente é um doente em estado terminal. A equipe de cirurgiões não iria fazer clima de festa, ainda mais antes de realizar a operação. Mas o que se vê no Brasil é uma situação muito bizarra, que não dá para ser entendida na forma fácil e simplória das narrativas dominantes nas redes sociais. Tudo é festa neste lulismo espetaculoso que vemos. Durante evento ocorrido ontem, na sede da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo, Lula, já longe do antigo líder sindical de outros tempos, mais parecia um showm

VIRALATISMO MUSICAL BRASILEIRO

  "DIZ QUE É VERDADE, QUE TEM SAUDADE .." O viralatismo cultural brasileiro não se limita ao bolsonarismo e ao lavajatismo. As guerras culturais não se limitam às propagandas ditatoriais ou de movimentos fascistas. Pensar o viralatismo cultural, ou culturalismo vira-lata, dessa maneira é ver a realidade de maneira limitada, simplista e com antolhos. O que não foi a campanha do suposto "combate ao preconceito", da "santíssima trindade" pró-brega Paulo César de Araújo, Pedro Alexandre Sanches e Hermano Vianna senão a guerra cultural contra a emancipação real do povo pobre? Sanches, o homem da Folha de São Paulo, invadindo a imprensa de esquerda para dizer que a pobreza é "linda" e que a precarização cultural é o máximo". Viralatismo cultural não é só Bolsonaro, Moro, Trump. É"médium de peruca", é Michael Sullivan, é o É O Tchan, é achar que "Evidências" com Chitãozinho e Xororó é um clássico, é subcelebridade se pavoneando

FOMOS TAPEADOS!!!!

Durante cerca de duas décadas, fomos bombardeados pelo discurso do tal "combate ao preconceito", cujo repertório intelectual já foi separado no volume Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , para o pessoal conhecer pagando menos pelo livro. Essa retórica chorosa, que alternava entre o vitimismo e a arrogância de uma elite de intelectuais "bacanas", criou uma narrativa em que os fenômenos popularescos, em boa parte montados pela ditadura militar, eram a "verdadeira cultura popular". Vieram declarações de profunda falsidade, mas com um apelo de convencimento perigosamente eficaz: termos como "MPB com P maiúsculo", "cultura das periferias", "expressão cultural do povo pobre", "expressão da dor e dos desejos da população pobre", "a cultura popular sem corantes ou aromatizantes" vieram para convencer a opinião pública de que o caminho da cultura popular era através da bregalização, partindo d

ALEGRIA TÓXICA DO É O TCHAN É CONSTRANGEDORA

O saudoso Arnaldo Jabor, cineasta, jornalista e um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC - UNE), era um dos críticos da deterioração da cultura popular nos últimos tempos. Ele acompanhava a lucidez de tanta gente, como Ruy Castro e o também saudoso Mauro Dias que falava do "massacre cultural" da música popularesca. Grandes tempos e últimos em que se destacava um pensamento crítico que, infelizmente, foi deixado para trás por uma geração de intelectuais tucanos que, usando a desculpa do "combate ao preconceito" para defender a deterioração da cultura popular.  O pretenso motivo era promover um "reconhecimento de grande valor" dos sucessos popularescos, com todo aquele papo furado de representar o "espírito de uma época" e "expressar desejos, hábitos e crenças de um povo". Para defender a música popularesca, no fundo visando interesses empresariais e políticos em jogo, vale até apelar para a fal

PUBLICADO 'ESSA ELITE SEM PRECONCEITOS (MAS MUITO PRECONCEITUOSA)'

Está disponível na Amazon o livro Essa Elite Sem Preconceitos (Mas Muito Preconceituosa)... , uma espécie de "versão de bolso" do livro Esses Intelectuais Pertinentes... , na verdade quase isso. Sem substituir o livro de cerca  de 300 páginas e análises aprofundadas sobre a cultura popularesca e outros problemas envolvendo a cultura do povo pobre, este livro reúne os capítulos dedicados à intelectualidade pró-brega e textos escritos após o fechamento deste livro. Portanto, os dois livros têm suas importâncias específicas, um não substitui o outro, podendo um deles ser uma opção de menor custo, por ter 134 páginas, que é o caso da obra aqui divulgada. É uma forma do público conhecer os intelectuais que se engajaram na degradação cultural brasileira, com um etnocentrismo mal disfarçado de intelectuais burgueses que se proclamavam "desprovidos de qualquer tipo de preconceito". Por trás dessa visão "sem preconceitos", sempre houve na verdade preconceitos de cl

OS CRITÉRIOS VICIADOS DE EMPREGO

De que adianta aumentar as vagas de emprego se os critérios de admissão do mercado de trabalho estão viciados? De que adianta haver mais empregos se as ofertas de emprego não acompanham critérios democráticos? A ditadura militar completou 60 anos de surgimento. O governo Ernesto Geisel, que consolidou o Brasil sonhado pelas elites reacionárias, faz 50 anos de seu início. Até parece que continuamos em 1974, porque nosso Brasil, com seus valores caquéticos e ultrapassados, fede a mofo tóxico misturado com feses de um mês e cadáveres em decomposição.  E ainda muitos se arrogam de ver o Brasil como o país do futuro com passaporte certeiro para ingressar, já em 2026, no banquete das nações desenvolvidas. E isso com filósofos suicidas, agricultores famintos e sobrinhos de "médiuns de peruca" desaparecendo debaixo dos arquivos. Nossos conceitos são velhos. A cultura, cafona e oligárquica, só defendida como "vanguarda" por um bando de intelectuais burgueses, entre jornalist

MAIS DECEPÇÃO DO GOVERNO LULA

Governo Lula continua decepcionando. Três casos mostram isso e se tratam de fatos, não mentiras plantadas por bolsonaristas ou lavajatistas. E algo bastante vergonhoso, porque se trata de frustrações dos movimentos sociais com a indiferença do Governo Federal às suas necessidades e reivindicações. Além de ter havido um quarto caso, o dos protestos de professores contra os cortes de verbas para a Educação, descrito aqui em postagem anterior, o governo Lula enfrenta protestos dos movimentos indígenas, da comunidade científica e dos trabalhadores sem terra, lembrando que o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) já manifestou insatisfação com o governo e afirmou que iria protestar contra ele. O presidente Lula, ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, assinou, no último dia 18, a demarcação de apenas duas terras para se destinarem a ser reservas indígenas, quando era prometido um total de seis. Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT) foram beneficiadas pelo document

LULA, O MAIOR PELEGO BRASILEIRO

  POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, LULA DE 2022 ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE FERNANDO COLLOR O QUE DO LULA DE 1989. A recente notícia de que o governo Lula decidiu cortar verbas para bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular faz lembrar o governo Collor em 1991, que estava cortando salários e ameaçando privatizar universidades públicas. Lula, que permitiu privatização de estradas no Paraná, virou um grande pelego político. O Lula de 2022 está mais próximo do Fernando Collor de 1989 do que o próprio Lula naquela época. O Lula de hoje é espetaculoso, demagógico, midiático, marqueteiro e agrada com mais facilidade as elites do poder econômico. Sem falar que o atual presidente brasileiro está mais próximo de um político neoliberal do que um líder realmente popular. Eu estava conversando com um corretor colega de equipe, no meu recém-encerrado estágio de corretagem. Ele é bolsonarista, posição que não compartilho, vale lembrar. Ele havia sido petista na juventude, mas quando decidiu votar em Lul