No Dia do Professor, são justamente os professores os mais desprezados neste Brasil confuso. A Educação Pública é subestimada, o ato de pensar a realidade em que vivemos é discriminado, as políticas educacionais são apenas eventuais e sem a eficiência esperada, e o aprendizado só ocorre quando a encrenca bate na porta dos que preferem agir por puro impulso.
O Brasil não quer aprender. Sua reconstrução simplesmente não ocorre. Os entulhos socioculturais mais antigos ganharam, infelizmente, o status de "relíquias nostálgicas". Conhecimento, para a "boa" sociedade, reduziu-se a um engodo que mistura religião, ocultismo místico e pseudociência. Senso crítico se defende na teoria, mas se combate na prática.
Os cursos de pós-graduação possuem mais flanelas do que lojas de tecidos e material de limpeza, pois se passa pano o tempo todo nas monografias, transformando problemática em patrimônio. Bacharelando não pode fazer imprensa alternativa nos computadores das faculdades, mas doutorando pode se entreter com joguinho eletrônico entre um parágrafo e outro de sua monografia.
Quem raciocina de forma crítica virou vidraça, é cancelado nas redes sociais. A única habilidade do raciocínio é dar serventia ao inútil, perenidade ao descartável e transformar o cafona em algo pretensamente moderno. E impor o conservadorismo funcional do Brasil pseudomoderno de hoje ao resto do mundo.
O Brasil não quer aprender. E, silenciosamente, esculhamba pelas costas o Paulo Freire que, por questões protocolares, é formalmente elogiado. Afinal, se realmente alfabetizar e conscientizar os adultos, não só o bolsonarismo cai, mas também os "brinquedos culturais" que rendem muito dinheiro e prestígio para as empresas e instituições que agora tomaram Lula para si.
Agora Lula governa para aqueles que em outros tempos sabotaram seu projeto político. E hoje essa amarga lição muitos querem ignorar, pois querem viver no mundo da fantasia, no recreio permanente da idiotização nas redes sociais, das rodadas constantes de cerveja, das risadas histéricas e barulhentas até de madrugada, do entretenimento vazio da música popularesca, do futebol e do obscurantismo da fé, da obsessão em preferir mentiras agradáveis do que verdades contundentes.
Com tudo isso, vemos também que, fora das bolhas sociais, professores dignos vivem sob o risco de serem ameaçados por alunos violentos. Ou, por outro lado, professores bolsonaristas inserindo preconceitos em supostos ensinamentos, ou professores pretensamente de esquerda transformando os ambientes acadêmicos em usinas de burocracia com os fornos a aquecer suas vaidades, enquanto preferem defender fenômenos culturais imbecis, que entre o sagrado e o profano endeusam e legitimam de glúteos funqueiros a "médiuns" charlatães falsamente caridosos.
A elite do bom atraso só quer recreio. Bregalização cultural, bebedeira, supérfluos. Quem ganha demais gasta com o supérfluo, o desnecessário e até o nocivo. A "boa" sociedade quer incluir o cigarro e a cerveja na cesta básica e o leite e o achocolatado em pó no imposto do pecado. Tudo em nome de um hedonismo desenfreado e irresponsável, em que a "felicidade humana" é sempre usada como desculpa para tamanhos abusos do privilégio humano.
O Brasil não quer aprender e, no momento atual, por conta das ostentações de Lula no mundo e sua pretensão em ficar bem na fita na política internacional, o nosso país turrão ainda quer ensinar sua burrice e sua precaridade para o resto do mundo. Isso é muito perigoso. Tiranias geralmente surgem quando a ignorância se acha mais sábia que a sabedoria.
Comentários
Postar um comentário