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A PREOCUPANTE MANIA DE TRIUNFALISMO DA ELITE SO BOM ATRASO


A BURGUESIA ILUSTRADA (E ENRUSTIDA) ESTÁ FELIZ, ACHANDO QUE PODE TUDO.

Sabemos que a elite do atraso, descendente e herdeira dos antigos bandeirantes, senhores de engenho, das oligarquias da República Velha e das famílias golpistas que derrubaram Jango e, mais tarde, pediram o prolongamento da ditadura e do AI-5, agora tenta bancar a boazinha.

Transformada em elite do bom atraso, essa classe agora se impõe como “a mais legal do planeta “. Quer nos fazer crer que “os tempos são outros”, que o momento agora é de “união “ e por isso pedem “mais amor, por favor”. Essa burguesia ilustrada tirou os anéis para salvar os dedos e tirou as gravatas para salvar os pescoços.

Mas a essência elitista continua a mesma para essa elite que se disfarça de “gente simples “. Impõem seus juízos de valor achando que podem julgar os desejos e vontades dos outros, sobretudo de classe social inferior. Falam português errado só para parecer “gente como a gente” e para esconder sua posição social opulenta, podendo assim parecer “pessoas normais” aos olhos dos outros que utilizam as mesmas redes sociais.

A situação preocupante de hoje é que, desde 2021, essa elite surtou. Primeiro, foi a euforia de um culturalismo hedonista e lúdico marcado pela constrangedora bregalização musical, incluindo a nostalgia fabricada de nomes como Michael Sullivan, Chitãozinho & Xororó e É O Tchan. Segundo, é a obsessão política em favor a Lula, agora convertido num serviçal da burguesia, e com o qual compartilha sensações de puro triunfalismo.

É de espantar que a elite do bom atraso acha que pode tudo, marcada por um complexo de superioridade muito perigoso. E Lula vai na carona, acreditando, no alto de seus 80 anos, que o Destino pode atender a todas as suas vontades, sem medir condições e impedimentos que a vida traz para qualquer pessoa.

A elite do bom atraso é uma velha ordem social que, em suas características contemporâneas, remete aos padrões socioculturais e aos modelos de vida da Era Geisel, ou seja, de 50 anos atrás. Há apenas adaptações de contexto, mas é a mesma elite que se beneficiou com o “milagre brasileiro” e que, agora, tenta se ressignificar com o apoio incondicional a Lula, torcendo para que o atual presidente seja reeleito, nem que fosse na marra.

As mudanças se dão porque os netos das famílias histéricas que pediram o golpe de 1964 são mais pragmáticas e sutis e, vendo que Lula não assusta as elites, a burguesia ilustrada vestiu a camiseta do petista. Lula é mais mão aberta do que qualquer político assumidamente neoliberal e hoje um mercado que a burguesia anda investindo, o entretenimento, é mais dependente das políticas fiscais que só Lula garante.

Por isso parece contraditório e absurdo que Lula esteja atendendo mais aos interesses da burguesia do que para as classes populares, sobretudo a pouca preocupação em trabalhar para os pobres da vida real, este invisível aos olhos do atual governo Lula, que “lava as mãos” quanto à precarização do trabalho e apenas dá pequenos atenuantes a quem ganha pouco, facilitando créditos nos pagamentos e dando pequenas gratificações aos que recebem baixos salários.

Lula sinaliza dar mais dinheiro a quem é rico e menos dinheiro para quem é pobre. São fatos que até agora as narrativas dominantes nas redes sociais se recusam a aceitar. E isso ocorre de tal maneira que um dos motivos para Lula falar em “democracia” é que ela lhe serve de eufemismo para ele se esbanjar nas concessões à direita moderada, podendo se aliar às classes dirigentes sem despertar desconfiança de seus adeptos.

E isso ocorre com um quadro surreal que as narrativas oficiais não querem que se saiba. Lula agrada a burguesia ilustrada, as elites “legais” que se esbaldam no consumismo e no divertimento hedonista. Em contrapartida, Lula decepciona as classes mais pobres, que se sentem abandonadas e traídas por ele. Essa realidade parece impossível de tão dolorosa, mas chegou a um ponto que nem as supostas pesquisas de opinião conseguiram esconder, e elas mostram apenas um lado suava da situação, pois, fora da bolha lulista, a impopularidade do presidente atinge níveis extremamente críticos.

Só que as narrativas dominantes, trazidas pela mídia empresarial e compartilhadas pelas redes sociais, tentam nos fazer crer que o governo Lula vive um triunfalismo inabalável, mesmo diante de dificuldades e impasses, e isso é preocupante. Uma certeza absoluta de que o lulismo e a burguesia bronzeada - que se fantasia de "gente simples" e até se autoproclama "pobre" - podem tudo é de causar aflição, assim como um idoso de 80 anos querer ter as vontades e desejos atendidos como se fosse um menino birrento de oito anos de idade.

A vida não é assim, e eu mesmo passei por sérios problemas pessoais, e mesmo que eu consiga superar todos os problemas, mesmo assim não tenho essa obsessão de ver o Destino como um poço de desejos, medindo apenas meus desejos e vontades nos limites do que é possível. 

Por isso fico aflito e assustado quando um idoso de 80 anos, que é Lula, acha que pode realizar o impossível mesmo na sua condição física arriscada, na sua rotina sobrecarregada e com a tonelada de pressões que recebe. Na boa, Lula pelo menos deveria ter se aposentado e se tornado um consultor político. Nosso Brasil está pesado demais para "voar sobre as nuvens".

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