SEGUNDO MATÉRIA PUBLICADA NUMA COLUNA DA FOLHA, O EVANGELISMO NÃO ESTARIA CRESCENDO DE MANEIRA "INEVITÁVEL".
Uma matéria da colunista Deborah Bizarria, economista formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), desmente a tese de que o Brasil se transformaria num "Evangelistão". Baseado em dados divulgados pelo Censo Religioso de 2022, o crescimento das religiões declaradas evangélicas - inclusive as neopentecostais, que atuam sob forte estrutura midiática - teria se desacelerado no Brasil. Segundo o levantamento, houve nos últimos anos um "crescimento lento" de evangélicos, atingindo o índice de 26,9%.
O texto menciona depoimentos de vários acadêmicos mencionando o episódio, no qual se obtém o consenso de que o crescimento apenas reflete a desaceleração de uma tendência das duas décadas anteriores, quando as seitas evangélicas estavam em franca ascensão, e esse consenso descreve que o crescimento do evangelismo "não é inevitável nem permanente". Segundo a matéria, o principal erro de quem apostava num "crescimento inevitável" foi superestimar as expectativas de anos atrás sem observar as variáveis da situação.
A matéria, através desses depoimentos, aponta que o evangelismo está bem estruturado e atuante nas redes sociais, mas isso não estaria refletindo na adesão populacional, que está diminuindo seu grau de crescimento, além de sinalizar uma possível reação de outras instituições religiosas. A matéria não cita a má repercussão do evangelismo com seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas mencionando os "choques culturais e políticos" que desfazem a tese do Brasil virar um "Evangelistão".
Citando a Contra-Reforma católica, a matéria também sinaliza a tendência de haver "contra-movimentos" religiosos, o que pode sugerir que o evangelismo pode declinar ou enfraquecer com o tempo, através de aparentes transformações na sociedade brasileira, incluindo o desgaste do bolsonarismo, alvo recente de julgamentos do Supremo Tribunal Federal pela acusação de planejamento de um golpe político.
Apesar da aparente objetividade da matéria, o texto da colunista agrada, em cheio, os interesses do principal dono da Folha de São Paulo, Luís Frias, a quem provavelmente se suspeita estar por trás da estranha ênfase do Espiritismo brasileiro na publicação paulistana e no seu portal de Internet, o UOL.
Sabemos que o Espiritismo brasileiro é uma religião medieval que engana a todos com sua retórica dócil marcada por um moralismo religioso obscurantista mas disfarçado pela promessa sorridente de que os aflitos poderão "extrair alegria da dor e felicidade da desgraça".
A matéria foi publicada num momento em que a Folha de São Paulo e o UOL estão divulgando matérias relacionadas ao Espiritismo brasileiro - que, apesar de se autoproclamar "kardecista", quase nada tem do pensamento original de Allan Kardec e, na prática, não passa de uma versão repaginada do Catolicismo medieval que prevaleceu no Brasil colonial - , desde que um "médium" baiano faleceu e uma novela ligada à religião, A Viagem, da Rede Globo, está sendo reprisada. Novela cujas "boas energias" fizeram o ator Guilherme Fontes ser picado por uma cobra, recentemente.
Os veículos da família Frias já sinalizavam uma blindagem ao Espiritismo brasileiro, bem maior do que as Organizações Globo, antiga "trincheira" da religião "kardecista". A Globo continua blindando, mas já transmitiu o "fogo amigo" de noticiar o apadrinhamento de um "médium" de Uberaba ao farsante João de Deus, condenado por vários crimes.
A ideia de que o Brasil não se tornará um Evangelistão garante, portanto, o sono tranquilo de Luís Frias, dono da Folha de São Paulo. A natureza burguesa do periódico da Alameda Barão de Limeira se identifica muito com o Espiritismo brasileiro, religião elitista que se torna o principal, embora pouco difundido, braço místico da elite do bom atraso, por conta das ideias fundamentadas na Teologia do Sofrimento pregada aos oprimidos, mas isenta aos que estão bem de vida.
O que a Folha não percebe é que, fora da bolha da elite do bom atraso, o Espiritismo brasileiro decai e se desgasta a olhos vistos, motivada por denúncias relacionadas a fraudes "mediúnicas" e ao conteúdo ultraconservador dos valores produzidos pela religião brasileira, não raro ao arrepio dos ensinamentos originais da Codificação. Segundo o Censo de 2022, a religião caiu de 2,1% para 1,8% em relação a dez anos antes.
Na prática, o Espiritismo brasileiro trocou o lema de Kardec, "Fora da caridade não há salvação" pelo ditado "Pimenta nos olhos dos outros é refresco", tamanho é seu obscurantismo punitivista de seus preceitos moralistas.
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