Cada vez mais percebemos que, no Brasil de lula 3.0, nem todo mundo pode ser “todo mundo”, apenas se limitando ao Clube de Assinantes VIP do Lulismo. Se nós não somos os predestinados da nação futura, do “país desenvolvido” de mentira, então a coisa fica complicada.
No Brasil “único” do atual mandato de Lula, uns são mais “únicos” que outros, que são obrigados a ser ninguém na multidão. Ainda não é o drama de muitos baianos do interior, que nem para números estatísticos servem para a população de Salvador, vivendo como nulidades em subúrbios violentos. Mas é uma sensação de estar fora da festa, de não poder ter os benefícios que, na teoria, são oferecidos pela “democracia de um homem só” de Lula.
A elite “democrática” que apoia Lula já vive seu “Primeiro Mundo” de brincadeira, indo apenas a espaços que lembrem as áreas de prosperidade e consumo pleno das cidades europeias e estadunidenses. Há também gente emergente das classes médias baixas (classificação diferente da de Jessé Souza, que define essa classe como “trabalhadora” com alguma prosperidade social) que sonha com Lula inaugurando a condição do Brasil como país desenvolvido, através de um quadro aparente de economia em ordem, consumo e entretenimento plenos e estrutura sociopolítica democrática e legalista.
Não se trata, portanto, da totalidade do povo brasileiro e muito menos do conjunto das classes populares que serão contemplados pela promessa do Brasil primeiro-mundista. Os fatos mostram que camponeses, proletários, servidores públicos, tribos indígenas, cientistas e até solteiros convictos estão desapontados com o governo Lula, marcado por um astral de contos de fadas alimentado pela ficção documental do relatorismo.
Ainda que a burguesia ilustrada faça todo o juízo de valor tentando determinar os desejos e vontades de toda a sociedade, o grande problema dessa classe que se proclama “a mais legal do planeta” é ela viver no seu mundo isolado. Daí a ilusão de viver no “seu” Primeiro Mundo e achar que o Brasil será “desenvolvido” para atender aos seus interesses pessoais.
Se essa classe pensa nos pobres, é tão somente nos limites de deixar o povo na sua pobreza, apenas tornando-a “suportável” de forma a evitar que os miseráveis se revoltem e passem a assaltar os abastados. Ou seja, a burguesia enrustida, aquela que se fantasia de “gente simples” e se camufla por entre a multidão, só “reconhece” o valor do povo pobre quando lhe estabelece os espaços sociais e culturais que o “sistema” lhe determina.
Portanto, “primeiro mundo” é só uma fantasia neste Brasil feito um parque de diversões que mantém os pobres na sua pobreza simbólica e estrutural, recebendo apenas os prêmios e as condições econômicas pela obediência a esses papéis pré-determinados, como no caso do “funk” para a juventude negra e pobre.
Neste lado, o Brasil subdesenvolvido se mantém dentro dos valores da Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, com a pobreza amenizada por quantidades de dinheiro que só são grandes para uns poucos famosos.
Mas mesmo os mais ricos também não vão ter um Brasil transformado em país desenvolvido, apenas tendo reservados seus espaços de consumo de bens e vantagens diversas. Em todos os casos, transformar o Brasil num parque de diversões, como quer o governo festivo de Lula, não o fará um país desenvolvido, mas apenas um país agradável para quem já está bem de vida. Fora da bolha lulista, os dramas pessoais continuam na sua rotina de lutas cotidianas.
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