Dois pesos, duas medidas. As esquerdas médias, que a partir dos comentários do presidente Lula, classificaram de “insanidade” e “atrocidade” os juros altos da dívida pública quando o Banco Central era presidido pelo economista neoliberal Roberto Campos Neto, agora mudou o discurso.
Sob a batuta de Gabriel Galípolo, a narrativa agora é definir os juros altos como um “mal necessário” para “movimentar a economia”. Junto a ele, ainda temos a alta do IOF para complicar a economia e, recentemente, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estudam uma alternativa a essa cobrança.
É claro que há um desespero de frear a inflação e manter os investimentos em políticas sociais, mas o pouco empenho em agir de forma rápida e tentar resolver o impasse sem afetar o setor financeiro - que é uma selva de super-ricos vorazes, assim como o Judiciário - , da mesma forma que nada se faz para combater imediatamente a escala 6x1 e o trabalho 100% comissionado (cujo "salário" é tão certo quanto uma loteria) no mercado de trabalho.
Falar é fácil e, hoje, o governo Lula corre contra o tempo para não apenas reverter a baixa popularidade, mas também para tentar mostrar serviço, apreensivo diante do risco de não ser reeleito. E, depois do clima de festa de 2023-2024, da farra do pesquisismo e do relatorismo, o presidente agora tem que fazer às pressas aquilo que poderia ter planejado em um programa de governo entre 2021 e 2022.
Essa crise dos investimentos e dos impostos entra também em contradição com os anúncios que Lula fazia quando priorizava a política externa e tentava explicar os "acertos" de primeiro viajar para o exterior para depois reconstruir o Brasil.
Naquela época, Lula falava em atrair investimentos estrangeiros e, em toda viagem que fazia lá fora, o governo alegava que contraiu milhões de dólares em investimentos estrangeiros, o que poderia sugerir uma fartura de dinheiro que, aplicada nos cofres governamentais, poderia muito bem evitar essa crise financeira toda.
Tudo isso é muito estranho. Enquanto isso, há denúncias de que Lula, não bastasse o eufemismo "técnico" do nome "verbas para emendas parlamentares" para comprar votos do Legislativo federal para "concordar com o governo", está também favorecendo o setor financeiro, enquanto trabalhadores têm que fazer malabarismo ganhando apenas R$ 1.518. Mesmo com Bolsa Família, a população pobre têm que manter seus filhos crianças no subemprego, vendendo balas para reforçar o apertado orçamento.
Ver que, agora, as esquerdas médias deixaram de reclamar da alta dos juros da dívida pública, que pouco tempo atrás fez Lula falar grosso contra Campos Neto, é decepcionante. E ver, também, que o governo Lula está apavorado, tentando agir em vez de só criar "realtórios", é vergonhoso, pois o presidente mostrou que só começa a agir quando é pressionado. Lula parece um soldadinho de brinquedo, temos que dar corda para ele dar seus passos e agir.
O problema é que muita gente está querendo reeleger esse "boneco de corda". Assim o Brasil não anda.
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