A última semana mostrou o auge da crise política do governo Dilma Rousseff, cujo fator surpresa foi a adesão de seu antigo parceiro de chapa, o vice-presidente Michel Temer, do PMDB, ao grupo oposicionista que quer tirá-la do poder.
Embora se admita que o Partido dos Trabalhadores cometeu muitos erros, não há indícios legais que permitam qualquer condenação a Dilma ou ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por mais que a histeria de direitistas fanáticos tente argumentar o contrário.
Em verdade, o que se nota é um clima de desgoverno diante da pressão da oposição. É claro que Dilma Rousseff faz um governo fraco, longe das promessas progressistas do PT, que pareciam amenas em Lula e prometiam avançar com Dilma. Em vez de avançar, recuaram.
O problema é que a histeria oposicionista, que encontrou no presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, investigado por corrupção, sua principal vitrine. E isso fez com que o PMDB deixasse a máscara cair e mostrasse sua prepotência de partido sem pé nem cabeça, mas dotado de muita arrogância.
Chama a atenção a postura hipócrita do grupo de Eduardo Paes, que inclui Sérgio Cabral Filho, a família Picciani e o governador fluminense Luiz Fernando Pezão. Amigos de Eduardo Cunha, eles agora tentam cuspir na feijoada em que comeram e agora dizem defender Dilma, talvez visando verbas federais para socorrer o Rio de Janeiro que eles mesmos deixaram falir.
Enquanto isso, a direita paranoica agendou para amanhã, 47 anos do AI-5 (o golpe legislativo que havia aumentado o poder da ditadura militar) mais um protesto contra Dilma, vestidos com a camisa da Seleção Brasileira, ignorando sobre a corrupção que também ocorre na CBF.
Por outro lado, as esquerdas organizaram a nova Rede da Legalidade, forma atualizada da antiga campanha constitucionalista de Leonel Brizola, que em 1961 criou uma rede de rádios para defender a posse de João Goulart. A nova campanha defende a permanência de Dilma até o fim do mandato e usará a Internet como veículo de expressão.
Diante disso, o Brasil vive uma postura delicada. Uma crise que representa não necessariamente a crise de um partido no poder, até porque os direitistas histéricos não passam de riquinhos frustrados sem ter um representante deles no poder.
Essa crise, é, na verdade, um acúmulo de tantas crises que vieram a partir de 1964, sob diversos âmbitos. Foi recusado o desenvolvimento de um Brasil sonhado em 1958 e 1963 e, com isso, determinou-se o preço caro dos jogos de interesses. E é isso que faz o Brasil mergulhar numa grave crise, que traz insegurança e facilita o oportunismo dos "revoltados" de ocasião.
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