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PARTICIPAÇÃO DE AXL ROSE NO AC/DC TESTA REPUTAÇÃO DO METAL FAROFA NO ROCK AUTÊNTICO


Mais um teste foi feito para os provincianos brasileiros.

Eles estavam entre os poucos que, no mundo, consideravam o Guns N'Roses "rock clássico".

Era só ver as mídias sociais. A banda de Axl Rose era classificada de "rockão" para cima.

Mas o som, na verdade, não era lá grande coisa.

Pouco importa. Rock aqui pode ser até "meio mais ou menos" ou "mais pra menos que pra mais", que sempre tem aquela mística de "melhor do que nada".

Vide as duas rádios que exploram o segmento rock no eixo Rio-São Paulo, que, canastronas, são endeusadas por uma parcela da opinião pública (ou "opinião publicada na mídia") e agora não querem largar o osso (ou a "pedra").

A carioca Rádio Cidade, espécie de Eduardo Cunha das "rádios rock", e a 89 FM, equivalente a uma revista Veja do segmento, podem até não ter o fôlego midiático de hoje, mas tem sempre aquele papo de "vamos respeitar as duas rádios, elas até que se esforçam". E blablablá.

De repente o rock deixou a rebeldia e o respeito histórico de lado e passou a aceitar a canastrice.

Tudo sob a desculpa que isso vai garantir o fortalecimento do rock no mercado.

E isso com as mídias sociais considerando "clássicos do rock" até bobagens como os Mamonas Assassinas.

E o Guns N'Roses, então, parecia a nona maravilha do mundo!

O Brasil, em que as pessoas têm a visão de mundo medida pelo umbigo, a banda de Axl Rose era considerada até a "maior banda de rock do mundo".

Dane-se Beatles, Rolling Stones, Who, Jimi Hendrix, Doors, King Crimson e milhares e milhares de outros nomes de peso.

Guns N'Roses é a "maior banda de rock do mundo" e fim de papo.

Pois o teste de fogo veio quando o "genial" Axl Rose foi escalado para cantar na turnê do AC/DC.

Isso porque o vocalista Brian Johnson, que já era substituto de Bon Scott, morto por overdose em 1980, descobriu que está com problemas auditivos, e seguir a turnê Rock or Bust poderia provocar uma surdez total.

Brian então resolveu se retirar das apresentações ao vivo, e fazer tratamento para recuperar as poucas capacidades auditivas que ainda permanecem.

Aí um DJ estadunidense lançou o rumor de que Axl cantaria no AC/DC no lugar de Brian e a notícia se espalhou.

Depois a informação foi mesmo confirmada.

Poderia ser, sob o ponto de vista da "galera irada" do Brasil, a entrada definitiva no Paraíso.

Só que, lá fora, o pessoal protestou. Achou uma humilhação Axl Rose cantar no AC/DC.

O mesmo Axl Rose que os "sábios" internautas das mídias sociais afirmam "cantar pra c******".

No Brasil, poucos reagiram contra.

Com sua lucidez roqueira, Luiz Antônio Mello, idealizador da Fluminense FM, foi curto e grosso ao definir Axl como "lamentável".

Lá fora, Roger Daltrey, do Who, com sua larga experiência de 55 anos de rock, deu um comentário irônico: "Ir assistir a um karaokê com Axl Rose? Dá um tempo!".

Vários fãs revoltados expressaram, pelo mundo, até alguns no Brasil, sua vontade de pedir a devolução dos ingressos da turnê do AC/DC.

Sabiamente, reconhecem que o oportunista Axl Rose não tem a força vocal e a energia roqueira necessárias para estar ao lado do guitarrista Angus Young no palco.

Isso mostra o quanto o poser metal foi posto à prova com essa notícia.

Nos últimos anos, as revistas de rock pesado e o mercado de concertos do ramo tentaram adotar os posers como filhos bastardos, passando a tratar o roquinho maquiado e neurótico como se fosse uma "coisa séria".

O Brasil, que baba ovo diante de qualquer farsa lançada no exterior, foi o que mais aceitou essa ilusão de ver o poser metal como sinônimo de "rock clássico".

Programas, revistas e sítios de heavy metal passaram a adotar os posers como "roqueiros autênticos" como forma de atrair um público juvenil menos exigente mas de maior poder aquisitivo.

Só que o tiro saiu pela culatra quando o AC/DC anunciou Axl Rose como vocalista temporário.

E foi aí que caiu a ilusão de que o "metal farofa", como o poser metal é conhecido no Brasil, é considerado "rock sério".

E aí a ameaça de muitos fãs de pegar o dinheiro dos ingressos de volta e não ver AC/DC com a voz esganiçada de Axl.

Isso mostra o quanto o comercialismo do rock que empurrou "farofeiros" para o contexto sério do rock pesado e do rock clássico deu um tiro no pé.

Afinal, perdemos três nomes do rock clássico mais conhecidos: Lemmy Kilmister, do Motorhead, David Bowie e Keith Emerson.

Não há como honrar a memória deles com um poser berrando e correndo nos palcos, como se fosse um calouro do The Voice.

Já bastou Adam Lambert junto ao Queen. Agora, encarar Axl no AC/DC. Se a moda pega no Brasil, teremos o quê? Wesley Safadão cantando no Barão Vermelho?

O rock anda precisando de uma boa reavaliação, diante de episódios trágicos e cômicos dos últimos tempos.

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