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RICARDO FELTRIN MOSTRA O COMERCIALISMO MUSICAL BRASILEIRO


Infelizmente, a música brasileira sucumbiu a um comercialismo avassalador.

Depois de Sylvio Guerra, o advogado das estrelas, afirmar que atores e atrizes são pagos para "curtir" ídolos musicais da moda, agora o blogueiro do UOL, Ricardo Feltrin, dá sua visão sobre esse comercialismo.

Ele descreve o processo de contrato empresarial para apresentações ao vivo, que movimentam várias empresas de entretenimento.

Empresas que a intelectualidade "bacana", que sonha com um Brasil mais brega, definia como "pobrezinhas".

Tudo virou show business.

Perdeu-se aquela sinceridade artística que trazia delícias em biografias e historiografias sobre MPB e Rock Brasil.

Hoje os ídolos musicais são tão falsos e tendenciosos quanto subcelebridades em busca de fama.

Afinal, eles são subcelebridades musicais.

Fazem música por dinheiro.

E a fazem até quando dizem que não fazem por dinheiro. E assim dizem só para não assustar a plateia.

Tudo virou faz-de-conta.

"Verdadeiros artistas" só na matéria paga da revista.

Ou do portal de famosos na Internet.

Ou, mais adiante, em alguma monografia de um intelectual "bem bacana" que depois vira livro e torna-se artigo festejado no blogue Farofafá.

A atual música brasileira, de funqueiros, "sertanejos universitários", "pagodeiros românticos", popozudas e safadões, luans e anittas, virou uma mera máquina de fazer dinheiro.

Fazem música para cair no esquecimento.

Mas enquanto fingem que são "geniais", tentam fazer essas músicas durarem pelo menos uns cinco verões, talvez até dez.

Todos fingem que fazem "a música das classes populares".

Fingem que não possuem o apoio dos barões da grande mídia.

Ou, se aparecem na grande mídia, é "rebelião popular".

Não convencendo essa desculpa, dizem que é "coincidência".

Se nem essa desculpa cola, dizem então que é "divulgação sem compromisso".

Criam todo um faz-de-conta que tenta esconder o óbvio: a música brasileira se subordinou às normas do hit-parade dos EUA.

A MPB o mercadão deixa morrer aos poucos, com eternos tributos, com quase nada de novo e com os artistas já idosos preparando sua despedida.

Ou então deixam os novos talentos da MPB autêntica confinados em obscuros canais de TV paga ou em pequenos locais de apresentação.

Ver que os universitários andam consumindo o jabaculê musical do brega-popularesco é preocupante.

Acham que não têm preconceito à música de sucesso.

Acham que não têm qualquer tipo de preconceito.

Mas criam um preconceito muito mais cruel, excludente e discriminatório: o preconceito contra a música de qualidade, tida equivocadamente como "chata", "elitista" e "antiquada".

Sabe-se que muito da brilhante MPB dos anos 1960 tem até hoje um frescor musical que os ídolos brega-popularescos da música não possuem.

Um sucesso de Jorge & Mateus perece rapidinho, como foi com Michel Teló e Bruno & Marrone.

Como o "funk" que lança a cada ano um grande sucesso que já fica mofado dez meses depois.

E, alimentando tudo isso, há empresários que bancam contratos para apresentações ao vivo.

E atores e atrizes que fingem que são fãs fiéis dessas porcarias.

E antropólogos e jornalistas culturais criando toda uma verborragia pseudo-etnográfica para tentar salvar o jabaculê musical para a posteridade.

Todo esse processo só tem um objetivo: GANHAR MUITO DINHEIRO.

Isso não é "a verdadeira cultura popular", "verdadeira MPB" nem "MPB com P maiúsculo".

É apenas showbiz musical, jabaculê, comercialismo, estelionato cultural.

Não traz conhecimentos, não desenvolve valores sociais, e o povo pobre apenas consome esses sucessos musicais como gado que segue o vaqueiro a serviço do "coronel".

Aliás, o brega-popularesco é um subproduto do coronelismo midiático.

Isso os intelectuais "bacanas" nunca dizem. E até se esforçaram em desmentir.

Mas a realidade é que desmente os intelectuais "bacanas", que não sabem o que são as classes populares.

E ver que a MPB está ficando idosa, perdendo seus músicos, artistas e produtores associados, é chocante.

A crise musical está aí, e não é um amalucado com roupa de hippie e um laptop a tiracolo que vai salvar a situação.

Até porque esse amalucado também está conectado pelo show business. À sua maneira.

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