Os noticiários da grande mídia mostram duas atrações contrastantes.
De repente, o presidente Michel Temer passou a voar em céus de brigadeiro, comemorando um ano de (des)governo e falando naquelas mesmas reformas de sempre.
É aquele papo otimista, de um otimismo fictício, que diz que o Brasil está "saindo da crise".
Nem mesmo o fato de Temer ter oferecido um cargo de assessora do Palácio do Planalto para a babá de Michel Temer Jr., menino que já é empreendedor aos oito anos de idade, proprietário de vários imóveis dados de presente pelo pai.
A babá, Leandra Brito, está longe de viver os pesadelos que sua categoria viverá quando as reformas temerosas forem enfim instituídas.
Ela ganhou um cargo como assessora do Gabinete de Informação em Apoio à Decisão (Gaia), órgão responsável por organizar informações estratégicas as decisões do presidente Temer.
Leandra ganhará R$ 5.194, excluindo as diárias de viagens.
O trabalhador comum, depois da conclusão das intragáveis reformas, terá o salário reduzido e com ele terá que pagar passagens e refeições.
A família Temer de repente passou a viver um enredo adocicado, como se estivessem encenando um comercial de margarina.
Enquanto isso, na família Lula da Silva o clima é de pesadelo.
Marisa Letícia, não bastasse não ter recuperado o seu celular e os dos filhos, agora é manipulada postumamente para combater o marido.
A grande mídia acusa Lula de ter atribuído culpa à "megera" Marisa pela "obsessão" pelo triplex do Guarujá.
Lula virou "omisso", "nunca assumindo" que era o "dono do triplex", e agora vive um "conflito" com sua finada esposa.
Apostando nas fake news oficiosas, a Isto É ainda surrou mais que a Veja.
A Veja colocou a foto de Marisa Letícia numa moldura, explorando a ex-primeira-dama da maneira mais ofensiva e sensacionalista possível.
A Veja deu soco em Lula com punhos, a Isto É já vem com a barra de ferro.
A Isto É, antes ícone da "mídia boazinha" (mídia conservadora mais "comedida"), já parece até pior do que a Veja.
Lembra aquele membro da gangue de valentões que quer dar mais surra em alguém do que o próprio líder.
Mesmo assim, as duas, juntas, fazem a mesma estratégia.
Jogam Lula contra Marisa e Marisa contra Lula.
Lula é o "viúvo aproveitador" que disse que Marisa "queria o triplex de qualquer maneira".
Marisa é a "megera" que foi à revelia do marido "verificar o apartamento".
Lula é o "irresponsável" que culpou Marisa pelo "caso do triplex", que havia pesado sobre o ex-presidente na campanha difamatória da grande mídia.
A grande mídia partiu para cima, não aceitando o clima de tristeza que se via em Gerson Camarotti, Eliane Cantanhede e outros jornalistas da Globo News que em princípio não puderam identificar alguma prova criminal contra Lula.
E aí veio a ideia de inventar uma "guerra" entre Lula e Marisa e atribuir sordidez a ambos.
É uma invencionice e uma falsidade grandes, uma ofensa ao digno casal.
Que até se discordasse de Lula e não quisesse ver o petista eleito presidente em 2018, mas que isso fosse feito de maneira limpa.
Mas como nossa direita é incompetente e incapaz de apresentar algo novo, investe nessa truculência pré-histórica.
Fernando Henrique Cardoso até tentou dizer que Luciano Huck e João Dória Jr. são "o novo".
Mas os dois só representam o "velho", sendo velhos aristocratas que vendem a imagem de "emergentes políticos", que em si não dizem muita coisa.
E Dória Jr. comanda a Prefeitura de São Paulo como se fosse um prefeitozinho de cidade do interior do Norte do Brasil nos tempos da ditadura militar.
E Luciano Huck usando o mesmo assistencialismo que blinda um movimento religioso dito espiritualista, que teve como adepto um ator recém-falecido que interpretou um dos ídolos da seita.
O Assistencialismo já começa a ser discutido, não nessa seita ainda, mas no caso de Huck: uma suposta caridade que promove mais o suposto benfeitor do que causa benefícios.
Eu até achava que a Bolsa-Família era um tanto paliativa, mas a seita "espiritualista" superou no superficialismo e no tendenciosismo de uma "bondade" mais comemorada do que realizada. Uma alegria maior que a festa.
Os mantimentos que a seita concede aos pobres se esgota em duas semanas, mas a comemoração dessa caridade fajuta dura, no mínimo, dois meses.
O tal movimento religioso é protegido da Rede Globo e do Grupo Abril.
Que preferem criminalizar os movimentos sociais autênticos, que realmente transformam as pessoas de maneira aprofundada e ampla.
O tal movimento religioso dá o peixe e, quando muito, só ensina a pescar sardinhas.
Os movimentos sociais autênticos, humilhados pela grande mídia, ensinam a pescar salmões.
Bondade, para a grande mídia, tem que ser tão somente uma franquia controlada pela religião, sendo uma privatização semântica de um simples ato de ajudar o próximo.
Não se pode ser bondoso naturalmente, porque aí é sair do controle dos padrões sociais impostos pelas elites.
Lula quis ajudar as pessoas indo além dos limites institucionais da religião e seus feudos.
É surrado pela grande mídia, que luta para que 2018 não tenha Lula na corrida presidencial.
E tudo isso é feito no maior jogo sujo. Se ao menos repudiassem Lula de maneira limpa e respeitosa e apresentassem um candidato de qualidades imbatíveis, seria mais compreensível.
Eles perderam a chance de planejar a derrota de Lula dentro dos parâmetros civilizados da democracia.
Como perderam a mesma chance com Dilma Rousseff, em 2014.
E como se tratam de elites teimosas, é difícil que Lula possa ter o caminho livre para o Planalto no próximo ano.
O Brasil vive uma situação complicada, e talvez fosse menos arriscado aceitar que a direita vença, porque é com sua vitória que a direita conhecerá sua derrota, traída por seus próprios impulsos.
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