Michel Temer, diante da delação dos donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, tentou dar uma de "corajoso".
Com um tom de firmeza, Temer disse, enérgico:
- Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo.
Apesar disso, Temer já parece sentir seu isolamento político, assim como Aécio Neves, que, afastado do Senado, se licenciou da presidência nacional do PSDB.
Os tucanos já cogitam colocar Tarso Jereissatti no lugar de Aécio, no comando do partido.
Aécio teve as fotos com o amigo Luciano Huck apagadas do perfil do apresentador do Instagram.
As fotos sumiram do perfil do marido de Angélica, mas foram recuperadas na Internet, com páginas e internautas tirando sarro da "eterna amizade".
Aécio e Temer, os dois artífices do impeachment de Dilma Rousseff, foram os dois maiores derrotados pelas denúncias explosivas dos donos da JBS, marca associada aos produtos Seara e Friboi.
Temer viu o tempo se virar, pois na semana passada parecia sereno e otimista em seu cargo.
E agora explodiram também os protestos contra o temeroso presidente, em várias partes do Brasil.
Até Salvador, que havia sofrido umas fortes chuvas, teve protesto contra Temer.
E houve repressão contra manifestantes em Brasília.
Mas Temer parece ter perdido o controle de sua situação.
Sua aparente resistência - na verdade, o medo de perder o foro especial por ser presidente da República e ser condenado por acusações de corrupção - lembra a do ex-presidente Fernando Collor, quando pediu para os brasileiros o defenderem no momento de sua crise política.
Collor disse que "tinha aquilo roxo" e pediu para os jovens se vestirem de verde e amarelo em seu apoio. Os jovens reagiram vestindo de preto e pintando as caras de faixas verde e amarelo, virando os "caras-pintadas".
Nessa época, se despontava Lindbergh Farias, líder estudantil, hoje ironicamente colega de Collor no Senado, mas em lados ideológicos opostos.
O senador Paulo Paim, do mesmo partido de Lindbergh, o PT, disse que "faltou grandeza" a Temer ao recusar-se a renunciar.
Temer já perdeu um ministro nesta fase de agonia extrema.
Seu antigo aliado, Roberto Freire, que parecia bem entrosado no governo, anunciou sua saída, hoje, do Ministério da Cultura.
O MinC foi um grande pepino do governo Temer, desde sua fase interina.
Foi extinto e substituído por uma inexpressiva pasta do Ministério da Educação, a Secretaria de Cultura, que Temer tentou, mentirosamente, dizer que a secretaria tinha a mesma autonomia como se fosse um ministério.
Uma grande manifestação convenceu Temer a reativar o Ministério da Cultura, depois que, acusado de montar uma equipe machista, tentou chamar mulheres para a secretaria, através da ajuda da senadora Marta Suplicy.
E, retomando o MinC, contou com a atuação de Marcelo Calero, burocrática e distante da atuação controversa, porém aprofundada, dos tempos dos governos Lula e Dilma.
E aí veio o caso do edifício La Vue, em Salvador, que Geddel Vieira Lima queria ver aprovado pelo IPHAN, e Calero pediu o boné, causando um sério clima no governo.
Saindo Calero, Temer escolheu o presidente do PPS, Roberto Freire, sem qualquer vínculo com a cultura.
A atuação ainda foi mais burocrática e representou o desmonte de muitos projetos de fomento à cultura brasileira.
Agora, com Temer sendo denunciado pelos empresários da JBS, foi Freire que, desta vez, pediu o boné, deixando o MinC mais uma vez à deriva. O PPS parece ter desembarcado do apoio ao governo.
E agora que o governo Temer está em seu inferno astral, a pasta ainda não teve seu substituto.
Temer está agonizando politicamente e sofrendo, aos poucos, seu isolamento.
Ele estava irritado quando falou que não renunciará, com muita ênfase.
Mas ele nada poderá fazer diante do avanço da crise e da perda do controle de seu poder.
Ele já está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal por causa das denúncias dos irmãos donos da JBS.
E Temer ainda aguarda o próximo dia 06, dia do julgamento da chapa Dilma-Temer de 2014.
Diante da baixa reputação e da hostilização crescente à sua pessoa, será difícil Temer se manter no poder. Seu governo, praticamente, está no fim, queira ou não queira o temeroso presidente.
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