Duas notícias de ontem, relacionadas aos tempos progressistas que, infelizmente, foram deixados para trás, foram destaque na mídia.
No dia que amanheceu com denúncias de que Onyx Lorenzoni, o político do DEM escolhido para chefiar a Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, recebeu mais propina da JBS, Lula voltou a ter destaque ao ser levado para depor sobre o caso do sítio de Atibaia.
O ex-presidente, preso desde abril passado, cumpre a pena por causa de supostos benefícios envolvendo o triplex do Guarujá.
O julgamento, conduzido pela substituta interina de Sérgio Moro, a juíza Gabriela Hardt, é considerado pelos opositores de Lula "mais grave" que o caso do triplex.
Ambos são estórias muito mal contadas, mas, fazer o quê? A plutocracia está com o apetite e a fome desmedidos, hoje em dia.
Lula falou que sua prisão é um "troféu" da Operação Lava Jato. Disse isso sabendo que Sérgio Moro foi premiado com um cargo ministerial pelo rival Jair Bolsonaro.
Lula havia questionado a acusação de que ele seria o dono do sítio de Atibaia. A juíza Hardt, irritada, disse que, se o ex-presidente continuasse nesse tom, "haveria um problema".
Ela alegou que aquilo era um interrogatório e que cabia a Lula apenas responder perguntas.
Mas, em se tratando de um julgamento político, faz sentido Lula agir assim, sem arrogância, mas de forma desafiadora.
Enquanto isso, o governo de Cuba cancelou a parceria com o Governo Federal para o programa Mais Médicos.
A mídia hegemônica, solidária a Jair Bolsonaro, tentou colocar o governo cubano como vilão, acusando-o de recusar negociar o programa com o presidente eleito.
Mas a verdade é que Bolsonaro estabeleceu restrições, como a revalidação do diploma de médicos cubanos, como se não bastasse o diploma original, que confirma a competência dos estrangeiros.
Cuba é um país conhecido por sua dedicação aos estudos da Medicina, estimulados pelos fartos investimentos públicos em pesquisas.
Graças a esses investimentos, vacinas e outros tratamentos de sucesso foram desenvolvidos.
Por trás das restrições de Bolsonaro, há o evidente chilique ideológico, pelo esquerdismo óbvio de Cuba. O presidente eleito pretende substituir as vagas canceladas dos Mais Médicos por médicos convencionais brasileiros.
O governo Dilma Rousseff exerceu essa parceria para permitir que os serviços médicos gratuitos chegassem a áreas muito distantes e de difícil acesso no Brasil.
Parecia ontem, mas é passado: os governos progressistas, mesmo com eventuais erros, procuravam transformar o Brasil numa nação próspera e justa.
Hoje o que temos é a ascensão do ultraliberalismo com um cenário governamental que tende a ser autoritário, embora não se sabe se Jair Bolsonaro optará pelo "modo Collor" ou pelo "modo Pinochet" de governar.
O que se sabe é que será um cenário bastante conservador, e cheio de retrocessos sociais. O mercado financeiro está fazendo a maior festa.
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