O episódio de Boa Esperança, a tragédia que matou 15 pessoas em Piratininga, Niterói, mostra um dos transtornos que o descaso da mobilidade urbana causa na cidade.
Mobilidade não é só recapear asfaltos - hoje se usa o termo da moda, "macrodrenagem" - nem criar ciclovias. É muito mais coisas.
É deslocar os moradores de áreas de risco para novas residências, não sem antes convocá-los para uma reunião para saber das condições que precisam, para não mudarem drasticamente suas rotinas de ir e vir, principalmente para a escola ou o trabalho.
É criar passarelas, para evitar que pedestres percam o tempo com sinaleiras. No último concurso do ENEM, por exemplo, uma perda de cinco minutos pode ser, em certos casos, prejudicial, se a pessoa estiver indo em cima da hora para o lugar da prova.
Na Av. Marquês do Paraná, na altura do Rio Cricket, há necessidade de uma passarela, que poderia ser colocada um pouco antes, no ponto de ônibus anterior à Rua Miguel de Frias.
Também há necessidade de passarelas em todo o entorno da Estrada Francisco da Cruz Nunes, de Itaipu até a proximidade com o Parque da Colina. Nenhuma passarela existe em toda a área, o que complica a vida das pessoas.
Mas um dos maiores problemas é a falta de avenida própria de ligação entre Rio do Ouro e Várzea das Moças.
Ela é a nova Cafubá-Charitas, no sentido de ser alvo da indiferença das autoridades e até da mídia, pois, infelizmente, nossos jornalistas, mesmo os da Internet, muitas vezes se comportam como se fossem assessores do prefeito niteroiense da ocasião.
Esquecem que o crescimento da Região Oceânica refletirá no tráfego da RJ-106 e que é cada vez mais urgente aproveitar o terreno ocioso entre Rio do Ouro e Várzea das Moças para construção da nova avenida.
É um terreno cujos limites são o fim da RJ-100 e o trecho da RJ-108 na altura da Rua Jean Valenteau Mouliac. É um grande terreno que dá para planejar uma boa avenida com três faixas de tráfego em cada uma das duas pistas em sentidos opostos.
Dá para indenizar os proprietários de forma justa. Eles não parecem ser muitos.
Um problema que deve ser levado em conta é que a RJ-106 não pode ser "avenida de bairro" de Niterói.
A RJ-106 é uma rodovia estadual, controlada pelo DER-RJ e em vias de privatização. Mas isso não é impedimento para que se construa nova avenida entre Rio do Ouro e Várzea das Moças.
A duplicação da RJ-106 é necessária, mas sem tirar esse fardo de "avenida de bairro", essa duplicação será em vão.
A RJ-106 se destina a cidades bem distantes, como Macaé e Cabo Frio, e não é confortável essa condição de "avenida de bairro" para quem usa a rodovia para ir a longas distâncias.
Niterói não é dona da RJ-106 e não pode se comportar como o preguiçoso que coloca a rede no meio da rodovia para atrapalhar o trânsito.
O pessoal que vai e vem da Região dos Lagos exige que a RJ-106 seja prioritariamente uma rodovia entre Niterói e Região dos Lagos, e os dois bairros têm que liberar a estrada para esse fim, e não usá-la como "avenida de bairro", causando sobreposição de funções e atrapalhando o tráfego.
Há alguns vídeos que postei, que explicam melhor o assunto e vale a pena colocar os linques novamente, pedindo para que o leitor desta postagem assista a cada um deles e faça a maior divulgação possível.
Isso para que, pelo menos, a nova avenida Rio do Ouro - Várzea das Moças não seja mais uma a levar setenta anos para ser construída.
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