O TERCEIRO MANDATO DE LULA FOI MAIS MARQUETEIRO E VOLTADO À CONSAGRAÇÃO PESSOAL DO PRESIDENTE BRASILEIRO, DEIXANDO AS PAUTAS TRABALHISTAS PARA SEGUNDO PLANO.
Uma das grandes estranhezas está no fato de eu, que me considero um cidadão progressista de esquerda, ter virado um crítico enérgico do governo Lula, a ponto de não desejar sua reeleição. Mas essa frustração com o petista, num contexto em que ficou “legal” idolatrar sua pessoa, tem razões de sobra para isso
Digo isso pois, recentemente, um burguês escreveu uma mensagem nas redes sociais que “votará sempre em Lula”. O rapaz disse que “nunca dependeu de governo”, que paga faculdade para seus filhos e vive bem de vida. Mas ele diz que “vota em Lula” alegando que “ele cuida bem dos pobres”.
Dupla hipocrisia, aqui e ali. Afinal, quando começou o terceiro mandato, Lula abriu mão até do combate à fome para priorizar a política externa. O argumento de que Lula precisava do socorro internacional para reconstruir o país simplesmente não procede. Os pobres, aliás, se sentiram abandonados e reforçaram a proteção dada pelas seitas neopentecostais, alinhadas com a direita.
Ficou uma sensação de Lula ter agido como um pai ausente que promete dar mesada e presentes assim que visitar o desprezado filhinho. Não dá para convencer os pobres do contrário, ainda mais com Lula tendo pronto um plano de paz para a Rússia e Ucrânia mas não bolou um plano para combater a criminalidade no Brasil.
A minha decepção com Lula se deve porque eu achei que ele iria fazer um governo com apuro técnico e frieza cirúrgica para reconstruir o país. Quando ele começou a fazer um clima festivo para sua volta política, estranhei muito. Eu ouvia as entrevistas que Lula deu na prisão e eu achava que ele possuía uma lucidez inabalável. Até 2020, pensava em digitar 13 na urna eletrônica.
Não é porque Lula é carismático que ele pode fazer o que quer. Se ele abusa da reconquista dos direitos políticos para querer uma “democracia” só para si e se ele goza da popularidade para deixar o povo pobre à deriva, à mercê da ficção estatística dos relatórios, então o petista tem que ser criticado, pois ele decepcionou.
Lula adotou posturas procrastinadoras ao tratar de pautas trabalhistas e preferiu dar sua volta ao mundo para se consagrar e se intrometer em assuntos alheios. O mais irônico disso tudo é que, quando Lula recebe uma crítica severa nas redes sociais, quem sai blindando o petista é justamente a burguesia enrustida que, por sinal, se acha “dona dos pobres” a ponto de dizer que padrão de vida e cultura as classes populares devem ter. E esse negócio de “dono de pobre” lembra muito a velha Casa Grande escravista.
Diferente da burguesia que “descobriu” Lula e passou a apoiá-lo incondicionalmente com base no seu mito, eu me decepcionei com o petista por achar que ele faria muito pelo Brasil através do trabalho de verdade. Mas o que Lula fez de concreto ficou dentro da mediocridade de qualquer governante medíocre de centro-direita. Se é para fazer um papelão desses, bastaria um Amoedo na Presidência da República.
Lula se apegou ao marketing, à consagração pessoal, não bolou um programa de governo que poderia servir de bússola para sua gestão. Renegou o debate de ideias e focou na zona de conforto dos programas de grife como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. E Lula não é assertivo em suas decisões e parece muito evasivo, além de não querer dar satisfações nem ter autocrítica em relação a seus erros.
Com isso, eu pude perceber o quanto o mandato Lula 3.0 é decepcionante, sendo seguramente o mais fraco dos três mandatos. Ambicioso e altamente marqueteiro, o terceiro mandato de Lula apenas é uma embalagem que é deslumbrante para muitos, mas que esconde um conteúdo insignificante. O meu livro LULA - UMA DECEPÇÃO é um bom testemunho desta minha frustração com o petista.
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