A questão do emprego ainda ocorre de maneira viciada, com muita exigência para trabalhos simples e de pouco salário ou, quando função e remuneração valem a pena, a competência é o que menos importa, pois se leva em conta o status social, a aparência e até a visibilidade e contatos influentes.
Neste caso, tivemos a onda de influenciadores digitais e comediantes de estandape invadindo mercados referentes a Jornalismo e Análise de Mídias Sociais. E a ilusão da aparência nos cargos de assistente administrativo, onde são contratados pessoas com “cara” de administrador, mas sem “espírito” para a função.
Profundamente atrasado, o Brasil ainda tem dificuldade para achar o profissional certo. Talento só serve para patrões incompetentes se promoverem às cistas de alguém talentoso, quando seu interesse é se destacar nos negócios. Mas até isso é um processo raro, pois na maioria dos casos um patrão ruim contrata um empregado pior, mas de boa aparência e comportamento maleável.
Muitas empresas contratam animadores de ccoffee break para cargos de analistas de redes sociais. Gente que namora computador, brinca na Internet, faz duas horas de trabalho em seis de jornada. Trabalho intermitente bem remunerado.
Enquanto pessoas com talento e competência para uma função penam para arrumar emprego, discriminados por não terem o padrão de comportamento e estética exigidos pelo mercado de trabalho, gente medíocre ocupa espaços importantes de tal maneira que a mediocridade se contagia. Patrões medíocres acabam contratando profissionais de qualidade ainda inferior, degradando serviços e croando uma bola de neve que pode afetar de maneira catastrófica (é esse o termo) a nossa sociedade.
Jornalismo e Administração penam muito por conta das exigências e conveniências que acabam impedindo que profissionais certos sejam contratados. Na melhor das hipóteses, quem ganha o emprego são aqueles candidatos que acabam seguindo o padrão “linha de montagem”, ou seja, fazem o trabalho correto, mas sem acrescentar muito a sua carreira, apenas “cumprindo deveres” na empresa.
Na pior das hipóteses, o empregado em questão, ainda que seja apenas um realizador regular de tarefas, acaba se destacando me mais como um animador de ccoffee break. Soa patético que humoristas que, para obter um emprego inventam uma trajetória jornalística longa e simultânea demais para suas carreiras e idades, acabem fazendo trabalho intermitente e virando animadores da hora do cafezinho.
Na administração, a impressão que se tem é que o mercado quer um profissional com “cara de burocrata”, que conheça várias línguas e que tenha carro e experiência em outros cargos. Um novato com cara, jeito e currículo de veterano mas que, muitas vezes, só fica no “mais do mesmo”, que já começa o trabalho entediado e querendo mais conversar com os colegas do que fazer o seu trabalho, que na melhor das hipóteses se limita a “cumprir tarefas”, sem ir muito além disso.
Muitos empregadores não conseguem enxergar o candidato considerando o verdadeiro talento, preferindo contratar pessoas atraentes, extrovertidas e que servem mais para fortalecer a imagem publicitária da empresa do que para reforçar um projeto de trabalho.
Com essa falta de visão, profissões voltadas a Comunicação e Administração apenas seguem com desempenho regular, sem uma atuação dinâmica que se destaque na sociedade. A única coisa diferente que acontece é que as pausas para o cafezinho ficam mais divertidas.
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