Qualquer semelhança com a Rio-92 não é mera coincidência. Hoje o presidente Lula está mais próximo da figura espetaculosa de Fernando Collor do que do antigo líder sindical. E vemos o quanto anda repetitivo o ato de Lula discursar, na ânsia de buscar o reconhecimento mundial, enquanto o presidente brasileiro deveria ter falado menos, evitado a priorização da política externa no começo do terceiro mandato e focasse nos assuntos trabalhistas e na resolução de outros problemas brasileiros.
Diante do aquecimento para a COP30, Lula participa da cúpula da CELAC, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, na Colômbia, mais preocupado em ser presidente do mundo do que do Brasil. Eleito para combater a fome dos brasileiros, Lula desviou o foco e mais parece empenhado em montar o Sul Global do que em trabalhar nas pautas brasileiras, que ele deixa para última hora.
Pouco importa o juízo de valor da burguesia de chinelos que acha que foi um “acerto” Lula priorizar a política externa. O povo pobre da vida real, que não tem dinheiro nem tempo para usar as redes sociais - afinal, após a jornada de trabalho e o longo deslocamento para casa, só lhes resta comer e dormir - e é este justamente que se decepciona profundamente com Lula, vendo ele até como um traidor.
A procrastinação de medidas necessárias, como o fim da escala 6x1 do trabalho, mostra o quanto a demora de Lula em realizar as pautas mais urgentes aborrece o povo, pois no cotidiano dos pobres da vida real as contas não esperam e a fome é implacável. Para quem está bem de vida, tudo bem se o salário mínimo aumenta uns R$ 90 por ano, porque não é o bacanão e o legalzão que ficarão na pindaíba, tendo que conter os gastos para não perder o necessário.
Embora os discursos de Lula soem bem intencionados, ninguém aguenta mais essa obsessão do presidente em bancar o orador de cúpula. Não se enche a barriga do povo com oratória. A ênfase de Lula na política externa e nas reuniões de cúpula podem trazer maior visibilidade internacional para a política brasileira, mas não resolvem de forma direta e imediata os problemas sociais.
Mesmo tendo como tema o meio ambiente e a sustentabilidade, o COP30 não repercutiu para o público comum - ou seja, o povo que vai muito além dos limites das plataformas digitais - da maneira esperada, pois torna-se mais um evento midiático para a consagração pessoal de Lula. Que Lula apareça em encontros de cúpula, isso é até um dever, mas tornar isso uma única prioridade e um trampolim para a consagração pessoal é avacalhar com a paciência do povo brasileiro.
Lula causou vergonha recentemente porque, para alguém que tinha um plano de paz para Rússia e Ucrânia, não foi capaz de propor um programa de segurança pública para reprimir o crime organizado e trazer para a população pobre alternativas aos serviços oferecidos pelos criminosos.
Recentemente, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou em entrevista que a escala 6x1 do trabalho está chegando ao fim. Quando? O terceiro mandato de Lula era para acabar com esse padrão de exploração profissional no primeiro dia de governo. Os salários são precários, as ofertas de emprego que predominam também, e o povo pobre está esperando a luz no fim do túnel, enquanto Lula quer acender fogueira nas trevas.
E enquanto o presidente empurra com a barriga o problema da escala 6x1, mesmo quando esse padrão causa estresse, cansaço e baixo rendimento dos profissionais que seguem essa rotina, o chefe do Executivo federal fala na exploração da Amazônia equatorial, um projeto que pode afetar de forma negativa a biodiversidade, como a transposição do Rio São Francisco foi arriscada para a sustentabilidade regional, só beneficiando os grandes latifundiários da região.
Lula só vai realizar as coisas plenamente nos 45 minutos do segundo tempo, só para tentar justificar a campanha da reeleição? Isso não é atender o povo brasileiro de verdade, pois se um presidente espera a véspera da campanha pela reeleição para realizar alguma coisa, é sinal que Lula não está se dedicando de verdade ao povo brasileiro. E o povo está cansado de presidentes que só fazem falar e deixam as coisas mais urgentes para depois.
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