PARA O NEGACIONISTA FACTUAL, ESCRITÓRIOS TÊM A "SUPERIORIDADE" DE SUAS ATRIBUIÇÕES PARA TAREFAS COMO PRODUZIR NARRATIVAS SOBRE A REALIDADE E FINANCIAR O ENTRETENIMENTO.
O negacionista factual, o “isentão” dos tempos atuais, é submisso às instituições, acreditando na pretensa superioridade dos escritórios e gabinetes, os quais atribui “sabedoria” e trata como se fossem “oficinas da verdade”.
A partir dessa ideia, o negacionista factual só consegue legitimar os fatos se eles estão de acordo com a linha editorial das fontes midiáticas que divulgam essa informação. Pouco importa se o fato é verídico ou não, ele tem que ser transmitido pela mídia empresarial dotada de prestígio e poder significativos.
Vivemos uma fase asséptica da nossa imprensa, que hoje prática um jornalismo politicamente correto, com virtudes indiscutíveis, mas do qual há pouco espaço para o senso crítico e para a investigação jornalística. É um jornalismo bem feito até certo ponto, voltado a abordagens presas a narrativas oficiais, que não são necessariamente verídicas.
O negacionista factual vive no seu mundo onde os fatos seguem uma ou poucas narrativas que atendem a interesses de grupos privilegiados. Não são narrativas que garantem autonomia e transparência dos fatos, embora elas ocorram, ainda que de forma limitada.
Aflito não só com as críticas ao governo Lula, mas também ao sistema de valores vigente, o negacionista factual zela pelos interesses de uma classe privilegiada economicamente mas que também quer passar a imagem de “bacana” para agregar apoio nas redes sociais.
Por isso o negacionista factual reage quando surgem informações que destoam do mundinho organizado e linear do qual luta para manter de pé. O negacionista factual se autodefine como "verdadeiro democrata", mas da natureza não se dá saltos e ele se torna um conservador defensor da hierarquia e do mérito seletivo, daí que ele não confia na realidade concreta, ele apenas se satisfaz com o que escritórios e gabinetes "produzem" de narrativas "reais".
Mesmo hoje se autoproclamando "democrata de esquerda" ou "esquerdista democrático", o negacionista factual defende o empresariado e o poder midiático. É como se o cotidiano das pessoas dependesse desse Illuminati pós-moderno para movimentar sua vida, seja através dos investimentos empresariais no lazer, seja na produção de narrativas para dominar o bom senso.
Para o negacionista factual, os fatos reais não têm autonomia e, por isso mesmo, cabe à "boa" sociedade, ou seja, a elite marcada pelo prestígio e pelos poderes social, econômico e cultural, "transformar" a realidade de forma que a burguesia ilustrada se sinta satisfeita e tranquila. Escritórios e gabinetes se tornam, na visão do negacionista factual, "oficinas" de manipulação da realidade.
Daí a "superioridade" que o negacionista dá para escritórios e gabinetes, seja nas divulgações de dados estatísticos por instituições oficiais, seja pela produção de narrativas da mídia empresarial, seja pelo financiamento econômico das empresas de entretenimento. Isso contraria o caráter "democrático" tão alardeado pelo negacionista factual.
Mas quem somos nós para dizer isso, pois não somos as elites que movem os fatos no ambiente privativo e refrigerado dos escritórios...
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