A BURGUESIA ILUSTRADA USA OS CLICHÊS DA DITA "CULTURA DA PERIFERIA" PARA SE PASSAR POR "GENTE POBRE".
A elite do bom atraso é fruto das conveniências que os herdeiros de uma longa linhagem aristocrática e oligárquica passaram a ter depois que o governo Jair Bolsonaro entrou em crise devido a seu descaso com a tragédia da Covid-19. Parece estranho, mas a realidade é que os netos das famílias que derrubaram João Goulart em 1964 resolveram apoiar Lula, em tese com um projeto semelhante ao do presidente deposto pelo golpe militar.
E por que isso ocorreu? Porque a burguesia ilustrada de hoje resolveu dissimular seu passado. Não se trata de um remorso ou uma autocrítica, mas de uma estratégia de sobrevivência. Precisam largar os anéis para preservar os dedos e as gravatas e joias para preservar seus pescoços. Daí a “mudança dos tempos” com a “boa” sociedade jogando para debaixo do tapete as sujeiras dos antepassados.
As redes sociais viraram o palco dessa grande dissimulação. Pessoas abastadas fingindo ser pobres, falando português errado, ouvindo músicas ruins e, de vez em quando, cometendo grosserias aqui e ali. E, na falta de assunto, nada como falar de futebol para parecer suburbano.
A burguesia ilustrada precisa de uma carteirada ioiô, para cima ou para baixo, como um navio que sobe e desce sobre as ondas do mar para ir em frente. Às vezes a burguesia ilustrada quer parecer sofisticada e culta. Noutras, quer parecer miserável e ter falsa modéstia. Até os erros e defeitos acabam se tornando motivos de orgulho. Tudo pela lacração.
O nosso país está social e culturalmente devastado, e o empresariado do entretenimento dita os valores e seleciona os microfones a serem abertos no nosso cotidiano. E a burguesia ilustrada precisa fingir que é “gente simples” para dar a impressão de que é o povo que está se expressando.
É como naquele conto de Oscar Wilde, “O modelo milionário”, em que um aristocrata posava para fotos vestido de mendigo. Nas redes sociais, tem muita gente cheia de dinheiro se passando por pobre, falando português errado e tudo, como colocando no singular o plural dos substantivos.
É um grande mimetismo social que a burguesia ilustrada utiliza para sobreviver além do golpismo de 2016-2022. A burguesia se espalha entre o povo, indo para os bares da esquina, para as arquibancadas de futebol, para as praias, fazendo rodas de pagode em seus condomínios, se passando por “pessoas comuns” nas plataformas digitais.
Esse mimetismo tem muito a ver com uma classe que quer se impor como “a mais legal do mundo”, por isso a atual geração burguesa tenta ocultar seu passado e dissimular seu caráter de classe, mudando por fora para permanecer a mesma por dentro.
A burguesia ilustrada tenta, com isso, dar continuidade a sua ambição de bancar a dona do Brasil, substituindo o povo e, agora, tendo Lula como fiador de seus desejos. Por sorte, o petista é mão aberta para financiar essa elite bronzeada.
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