Eu estava editando meu primeiro livro de crônicas e contos, O Balão e Outras Estórias, e só agora faço postagem sobre alguns fatos ocorridos após a prisão de Lula.
Um áudio atribuído ao apresentador do Bom Dia Brasil, Chico Pinheiro, e depois confirmado como de sua autoria, deu o que falar.
Contratado pela Globo, Chico Pinheiro fez críticas à Sérgio Moro, à cobertura da Globo News e aos "coxinhas" e manifestou muita tristeza pela prisão de Lula, a quem desejou "paz e sabedoria".
Do contrário que os jornalistas da Globo, que recebem sinal verde para esculhambarem Lula e companhia, o chefe de jornalismo Ali Kamel deu uma grande bronca a Chico Pinheiro.
Disse que não irá permitir que seus profissionais comentem nas redes sociais e alega que a Globo é "apartidária".
Ali Kamel, que se comporta como um assessor das Organizações Globo, sempre zelando pela "boa imagem" da empresa, no entanto permite que gente como Merval Pereira e Cristiana Lobo atuem de maneira panfletária e reacionária.
Cristiana Lobo reclamou por que a PM não invadiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para prender Lula e tudo ficou nisso mesmo.
A Globo está num clima de reacionarismo que mostrou, pelo menos, duas situações.
Uma é o contraste da comemoração profana da prisão de Lula, no Bahamas Hotel Clube, em São Paulo.
O empresário Oscar Maroni, demonstrando extremo reacionarismo, disse que ofereceria cerveja de graça se caso Lula fosse preso.
Uma promessa profana, num contexto diferente do jejum do procurador Deltan Dallagnol, que é evangélico, mas afinado com o cafetão no desejo de ver o petista atrás das grades.
A atitude de Oscar Maroni, que mantém um "serviço" de prostituição no hotel-boate, é um soco na barriga da intelectualidade "bacana".
Parecia ontem que a intelligentzia considerada "mais legal do Brasil" glamourizava a prostituição e vendia a ideia desse ofício como um "mundo feliz de mulheres empoderadas".
Contrastava os relatos tristes de ex-prostitutas, no exterior, falando da opressão de cafetões, do triste mercado do sexo, da violência dos fregueses etc, e a "vida feliz" que as prostitutas diziam levar na "vitoriosa profissão".
Uma coisa é sentir o drama das prostitutas. Outra coisa é institucionalizar a prostituição, dar até rádio comunitária, tocando música brega (ugh!) e tudo o mais.
Oscar Maroni fez acordar, nesse caso, a sociedade do sonho dourado das "Disneylândias da pobreza" que se desfazem diante de fatos trágicos como a violência policial, a opressão machista na prostituição, a repressão dos "rapas" contra o subemprego dos camelôs.
O Brasil brega da "pobreza linda" que a intelectualidade "bacana" queria empurrar para a pauta das esquerdas é uma farsa que esconde suas tragédias cotidianas.
Enquanto isso, temos também o ridículo dos "coxinhas", agora transformados em provocadores profissionais.
O influenciador reaça, o iutuber Arthur do Val, conhecido pelo canal "Mamãe Falei", inventou uma agressão que ele disse ter sofrido do presidenciável Ciro Gomes.
O rapazinho disse que Ciro teria tido uma discussão com ele e, depois, o político o agrediu com um tapa no pescoço.
Arthur divulgou um vídeo com a suposta agressão, mas especialistas analisaram que ele foi editado.
A edição se deu quando Ciro tocou no pescoço do rapaz, numa tentativa de entendimento. A edição acelerou o toque, para dar a impressão de que foi um tapa.
Dizem que o Movimento Brasil Livre (isto é, Movimento Me Livre do Brasil) levou horas editando a imagem.
Enquanto tudo isso ocorre, Sérgio Moro manda bloquear os bens pessoais de Lula, os bens do Instituto Lula e das palestras feitas pelo ex-presidente.
Para piorar, o Sindicato dos Delegados da Polícia Militar do Paraná enviou documento pedindo a transferência de Lula para um presídio militar.
O documento foi enviado para o superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo, e o argumento usado é que a transferência iria "proteger" Lula do conflito entre manifestantes contra e a favor do ex-presidente.
Também o general da reserva Luiz Gonzaga Schroder Lessa havia descrito esse "temor" de supostos conflitos sangrentos para defender soluções golpistas.
Ele disse que, se Lula estivesse livre, desimpedido para concorrer as eleições e ser eleito presidente, deveria haver uma intervenção militar para tirá-lo do poder, "para manter a ordem".
Lessa alegou que Lula seria "indutor" da violência, e geraria "lutra fratricida" entre brasileiros.
Era assim que os golpistas da ditadura militar justificavam para medidas como a derrubada do governo João Goulart e o decreto do Ato Institucional Número Cinco (AI-5).
Os tempos sombrios se seguem, mas o que se observa é que as forças conservadoras, depois da prisão de Lula, vivem a vitória de Pirro, sem poder traçar um caminho decente para o Brasil.
Até agora a direita moderada não estabeleceu um projeto de país nem um candidato que pudesse, pelo menos em tese, unir a maior parte da população.
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