Há, pelo menos, dois exemplos de como Salvador pensa melhor nos acessos urbanos do que Niterói.
No bairro de Caixa d'Água (curiosamente homônimo a um bairro niteroiense), se construiu uma avenida bem larga, a Via Expressa Baía de Todos os Santos, que liga BR-324 ao Comércio.
Pelos padrões acomodados dominantes em Niterói, essa avenida é "desnecessária".
Pelo raciocínio do "niteroiense médio", bastava o motorista ir da BR-324 por dois caminhos.
Um, pelo Retiro, pegando o Largo do Tanque e os acessos à Cidade Baixa, pegando depois a Calçada e São Joaquim até chegar ao Comércio.
Outro, pela Av. Barros Reis, percorrendo Dois Leões, Sete Portas, Aquidabã e, daí, pelo Túnel Américo Simas, chegar ao Comércio, principal bairro da Cidade Baixa, na capital baiana.
Aos mais apressados podem ir da BR-324 até o Bonocô e, daí, também para o Túnel Américo Simas.
Mas esses dois acessos são longos, complicados e sujeitos a congestionamentos.
Foi bem acertada a construção da Via Expressa Baía de Todos os Santos. Eu e meu irmão chegamos a ver o local ainda em obras.
Em Niterói, temos o grave problema da falta de avenida direta entre Rio do Ouro e Várzea das Moças.
Muitos acham isso "desnecessário", sobretudo o "niteroiense médio" que vive em Icaraí, ou o jornalista niteroiense que, nas redes sociais, mais parece "correspondente da Rua Moreira César".
Aí tem-se aquele "raciocínio".
Quem quiser ir à Região dos Lagos, partindo de Niterói, ou vai pela BR-101, a Niterói-Manilha, ou pegar a Rodovia RJ-104.
Enquanto isso, uma verdadeira "via crucis" é feita para quem sai de Várzea das Moças, tendo que ir pela Rodovia RJ-106 sentido Maricá, fazer o retorno e, se for para o Rio do Ouro, ir a outro retorno, atrapalhando os veículos que querem se dirigir para Maricá e outros lugares na rodovia.
Quem sai do Rio do Ouro para Várzea das Moças tem mais "facilidade", mas pode se esbarrar com um veículo que vai pela Rodovia RJ-106 para Maricá ou mais adiante.
São problemas de mobilidade urbana.
Se engana quem acha que construir uma via direta entre Rio do Ouro e Várzea das Moças é capricho estético, luxo turístico ou coisa parecida.
É mobilidade urbana. O motorista que está na Rodovia Prefeito João Sampaio (antiga Estrada Velha de Maricá) poderia dobrar para a nova avenida e ir para a Av. Ewerton da Costa Xavier, sem precisar pegar a Rodovia RJ-106.
A desculpa de que não pode fazer a Av. Rio do Ouro-Várzea das Moças porque falta tudo nas áreas (de iluminação à escassez de passarelas), simplesmente, não procede.
A necessidade da avenida se soma a essas carências, não se sobrepõe a elas.
A ideia não é criar um bulevar turístico, mas facilitar o deslocamento de dois bairros vizinhos.
Aliás, a nova avenida poderia puxar um novo projeto urbanístico, e, daí, impulsionar ações de infraestrutura, substituição de barracos por conjuntos habitacionais, ter bons serviços de água e energia elétrica, iluminar os entornos etc.
Ignorar isso só porque é um jornalista "burocrático" - que só trabalha com press release de agências - ou porque mora na Rua Coronel Moreira César não justifica.
Agora que a Rodovia RJ-106 vai ser privatizada, isso "dá folga" para o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura de Niterói pensarem na Avenida Rio do Ouro-Várzea das Moças.
Já é hora de desapropriar (sempre com indenização justa) os imóveis localizados nos entornos das ruas Senador Fernandes da Cunha e Jean Valenteau Moulliac.
A Prefeitura de Niterói poderia adquiri-los de maneira adiantada, mesmo que se demore a pensar na nova avenida.
Isso é uma maneira de não complicar os custos e facilitar as coisas quando a nova avenida começar a ser traçada.
O que não pode é ver as coisas ficarem como estão.
Niterói precisa aprender com Salvador e pensar a mobilidade urbana sem o "pragmatismo" viciado que faz o Grande Rio se contentar com seus próprios problemas, que se acumulam e se agravam.
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