DE QUE ADIANTA AS ESQUERDAS HOSTILIZAREM LUCIANO HUCK E ASSINAREM EMBAIXO EM PRATICAMENTE TUDO QUE ELE APOIA?
Um bom texto publicado no Brasil 247 apresenta motivos para a crise das esquerdas no Brasil.
Escrito por Gilbergues Santos Soares, professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), "Uma esquerda que a direita gosta" reflete o quanto não se pode formar uma "frente ampla" a torto e a direito para combater o bolsonarismo.
É, portanto, um dos primeiros textos contundentes diante desse "novo normal" que é dizer para as esquerdas que não estamos em 2002.
Vinte anos se separarão 2002 e 2022. Não dá para furar a bolha como se quer, porque poderá ser muito doloroso.
Os aliados circunstanciais de dado momento podem se revelar traidores do dia seguinte.
E olha que o articulista fala de gente que já fez parte do ministério de Lula, como Marina Silva e Ciro Gomes, que integram a "esquerda que a direita gosta".
Posso inferir que o problema é muito mais complexo. Afinal, existem os "brinquedos culturais" das esquerdas, que não conseguem se desfazer dessa galeria de "heróis" trazidos pela mídia centro-direitista, incluindo Globo, Folha e o bolsonarista SBT.
Quando o assunto é "cultura popular", a "classe média de Oslo" oculta em muitos esquerdistas influentes recorre a ídolos popularescos, dos ídolos cafonas do passado à pobreza espetacularizada do "funk".
Falam tanto em "combater o preconceito", com uma apelação chorosa demais para quem se julga "intelectual dotado de profunda objetividade e imparcialidade no tratamento da realidade", mas o que defendem já é uma visão preconceituosa das classes populares.
É uma visão que conto com detalhes no livro Esses Intelectuais Pertinentes..., este sim vítima genuína de preconceito, boicotado pelas esquerdas médias por ser "muito elitista" e "injusto com intelectuais queridos" e pela direita raivosa por ser "esquerdista demais".
Esse boicote é uma propaganda potencial para meu livro, cujo conteúdo instigante deve ser lido por todos aqueles que buscam o verdadeiro Conhecimento.
Um Conhecimento que inexiste em festejados livros de auto-ajuda, por badaladas ficções envolvendo cavaleiros medievais, jovens vampiros e Minecraft e por insólitos livros para colorir.
Claro que um dos grandes problemas no Brasil envolve zonas de conforto, e vemos que isso contamina até mesmo a "direita iluminada" de Niterói, que não admite conhecer problemas além dos que estão acostumados a enfrentar, no seu solipsismo cotidiano.
Os niteroienses médios se acham com a razão, medindo a gravidade do problema pela maneira com que conseguem suportá-lo. Muitos sucumbem à crise do "queixoso por hobby", aquele que reclama dos problemas mas se irrita quando alguém tenta resolvê-los.
E as esquerdas ficam caladas diante dos "brinquedos" da centro-direita que escondem no armário. Sejam eles funqueiros, "médiuns espíritas", mulheres-objetos, velhos ídolos cafonas e jogadores de futebol fanfarrões que não sejam tipo Ronaldinho Gaúcho, Romário e Robinho dos Santos.
Esses "brinquedos" são apoiados por Luciano Huck, hostilizado pelas esquerdas. O que torna essa repulsa inútil, porque uma forma de gostar de alguém é gostar de tudo o que ele acredita.
Vivemos a síndrome do bom aluno que odeia o professor, mas segue direitinho seus ensinamentos. Daí que não adianta odiar o professor, seguir suas lições fielmente é uma forma de adoração, por mais que o aluno pule desesperado dizendo que odeia seu mestre.
O silêncio das esquerdas para certas coisas chega a ser vexaminoso. Dois exemplos.
Fala-se que o tal "médium de peruca", glorificado por uma "caridade" tão fajuta quando a de Huck, e que no seu tempo foi pioneiro em literatura fake e apoiador radical da ditadura militar, era um reacionário de carteirinha.
As pessoas se calam diante dessas verdades. Ninguém tem coragem de desmentir, mas ninguém tem a autocrítica para dizer que se decepcionou com o "iluminado homem".
Só existe silêncio, um silêncio omisso, pior do que crianças informadas de que Papai Noel nunca passou de mera ficção.
Imaginemos, no entanto, que se espalhe uma mentira que o "médium de peruca" considerava Fidel Castro um "irmão muito querido".
Aí essas esquerdas omissas rompem o silêncio, diante da esperança de retornarem fantasias bastante agradáveis, e vão festejar pelos quatro cantos diante da lorota de que o "médium" era "realmente progressista".
Surgirá artigo na Carta Capital, texto de colunista do Brasil 247, vídeo em canal de esquerda do YouTube, e talvez um texto escondido no Jornal GGN, todos glorificando a suposta "imagem progressista" do "bom médium". E muitos memes de esquerda nas redes sociais.
Ou seja, as esquerdas realmente fazendo o jogo da direita, preferindo mentiras agradáveis do que verdades dolorosas.
Outro exemplo é o silêncio que as esquerdas fazem de Solange Gomes, um dos símbolos do machismo feminino brasileiro, que leva a objetificação do corpo feminino às últimas consequências.
A subcelebridade projetada pela Banheira do Gugu nunca foi além da agenda sexual-bravateira, mas ela nunca foi alvo de um questionamento das esquerdas. Mesmo tendo tido um breve caso amoroso com um Alexandre Frota no florescer de seu direitismo.
Infelizmente, "cabras expiatórias" da objetificação do corpo feminino pagavam pelos pecados de quem realmente usa a sensualidade como mercadoria e causa monotemática.
Vide, por exemplo, Joana Prado, a "Feiticeira", e Suzana Alves, a "Tiazinha", ambas a serviço de Luciano Huck, e Andressa Urach, ex-vice-Miss Bumbum e evangélica desiludida com o neopentecostalismo.
Valesca Popozuda fez coisas piores do que Suzana Alves e tornou-se querida de setores das esquerdas.
Perdida numa erotização narcisista e num engajamento pseudo-feminista, a funqueira está próxima de se tornar uma hasbeen, até por não ter o apelo de modernidade que fez Anitta passá-la para trás.
As esquerdas se silenciam de certas coisas achando que não podem "contrariar a felicidade do povo pobre".
Os esquerdistas médios ainda coçam a cabeça diante do apoio de Neymar para Aécio Neves e Jair Bolsonaro. Ainda sonham com um hipotético "Neymarx" instaurando o socialismo através dos gols nas partidas da Seleção Brasileira de Futebol.
Na corrida eleitoral de 2020, as esquerdas reclamam que a candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro, a ex-delegada Martha Rocha, posa de esquerdista.
Mas ninguém fala que Eduardo Paes é um pretenso esquerdista e que os esquerdistas cariocas, tomados da doença do pragmatismo local, vão votar nele sob a ilusão do "desenvolvimentismo".
Como o PSOL não tem o popstar Marcelo Freixo como candidato - ele, ao menos, teve a generosidade de escolher a colega Renata Souza para a tarefa - e Benedita da Silva, do PT, é considerada "indigesta" para o padrão elitista-branco do carioca médio, Paes leva a melhor na disputa.
Martha Rocha, sendo do PDT, acaba sendo vista como uma "combinação" do "velho brizolismo" com o "novo cirismo" que cansam as mentes dos cariocas.
E fala-se nisso dentro das perspectivas das esquerdas viciadas e inconsequentes que, em 2012, eram protagonistas com seus vícios.
Naquela época, meu blogue Mingau de Aço era intragável pelas esquerdas, as críticas ao culturalismo conservador eram mais acolhidas por um público de direita. Quem fosse de esquerda e buscasse visibilidade na época, tinha que oferecer seu traseiro ao "funk".
O mesmo "funk" abertamente apoiado por Luciano Huck, pela Rede Globo e pelas grandes empresas. Ou também por George Soros, sem aqui repetir os clichês da verborragia alucinada da extrema-direita.
Tudo isso é pensado diante da ilusão que as esquerdas têm de que só vitórias pontuais das forças progressistas são suficientes para derrubar o bolsonarismo e recolocar o PT no Governo Federal.
Em princípio, seria bom que o PT voltasse, no caso de não haver empecilhos para tal. Isso porque temo que haja pressão contrária das elites golpistas que fizeram seu triste espetáculo em 2016 querendo mais do que tudo.
O problema que eu vejo é que as elites vão sabotar tudo.
Se a intelectualidade pró-brega, acolhida de forma enganosa pelas esquerdas, sabotou a breve jornada progressista do PT, desviando o povo das lutas trabalhistas e confinando-o no entretenimento identitário brega-popularesco, imagine o que ocorrerá.
E isso tem ainda outro detalhe: no Governo Federal, o presidente da República se torna "vidraça", às vezes da esquerda, outras da direita, ou, no caso de Jair Bolsonaro, em ambos os lados.
Estamos às vésperas de um período ainda mais complicado para o Brasil, e cuja complicação ainda se tornará pior e mais complexa, um nó difícil de desatar.
Uma certeza absoluta deve ser levada em conta: 2002 acabou.
Comentários
Postar um comentário