Um pai tem que tomar muito, muito cuidado quando reclamar dos erros dos filhos.
Quando a bronca é excessiva e prolongada, já não é mais conselho nem ensinamento. É desabafo e dos piores.
Em primeiro lugar, que o pai não se iluda diante dos erros cometidos pelos filhos.
São erros que os próprios pais podem cometer, e o risco pode ser muito maior do que se pensa.
Ficar reclamando demais de quem erra por desatenção pode derrubar a autoestima dos filhos e estremecer a relação com eles.
Além disso, também pode ser que o mesmo erro seja cometido pelo pai desprevenido.
Um erro tem que ser criticado de maneira concisa. É como diz o ditado: "Uma palavra valem duas".
De que adianta mais de 30 minutos de bronca, só para o pai parecer que faz bonito falando em disciplina, se isso só faz os filhos errarem mais e mais?
É como eu havia dito: um erro de um minuto requer uma reprimenda de um minuto. Se a reprimenda dura 30 minutos, são 29 erros que o filho tende a cometer.
Quando o pai erra, ele esconde dos filhos a sua vergonha, e minimiza seu erro achando que é coisa sem importância.
Mas quando são os filhos que erram, o pai se enfurece, sai por aí desabafando para amigos e parentes, perde tanto tempo dando bronca que as palavras lhe faltam.
Com argumentações confusas, o pai tenta dizer que o erro "não é grave", mas não consegue explicar sua indignação apelando para clichês relacionados à vivência social e à atenção na vida.
O pai deve lembrar que o moralismo hierárquico não compensa.
O pior reclamão é o moralista, o pior queixoso é aquele que não quer ver outras pessoas reclamando com razão, dos infortúnios da vida, das desilusões sem fim, das adversidades sem controle.
O pior queixoso quer ver todo mundo alegre ou, quando muito, triste nos limites moderados e aceitáveis da etiqueta social, sem queixar muito, sem se indignar. Mas, em contrapartida, esse pior queixoso reclama de tudo, até do sorriso do ex-presidente Lula.
O pai reclama que os filhos não conseguem arrumar emprego.
Mas, pensemos bem, é o mesmo pai cujos ídolos religiosos são "bispos" e "médiuns" que vivem na moleza, ganhando dinheiro espalhando mistificação, enganando seus fiéis de maneira inescrupulosa.
Os heróis do pai moralista fazem malandragens piores ainda, e, mesmo que trabalhem modestamente em empregos normais, se enriquecem enganando os mais carentes prometendo a "prosperidade neopenteque" ou a "vida futura espírita".
Na juventude, os filhos erram muitas vezes por ingenuidade. Às vezes cometem erros sucessivos, mas isso é para o pai ter paciência e não sair por aí desabafando e dando bronca à toa.
Em muitos casos, o que se está reclamando é do argueiro do olho do mais jovem e socialmente menos favorecido. E a trave no olho do moralista com vantagem hierárquica maior?
Quando filhos erram muito, e, muitas vezes, são erros sem gravidade, o pai tem que ter paciência e, talvez, vibrar para que os filhos acertem, sem orações desesperadas do tipo "Deus, dê um jeito nesses meninos, que não aguento mais!".
É preciso paciência e um pouco mais de positividade. Não dá para espalhar que os filhos são problemáticos e também não adianta o pai ser mais rigoroso visando a ilusão de que, com isso, os filhos passem a aprender alguma coisa.
Bronca demais deprime, intimida, irrita os filhos. E pode lhes causar danos irreparáveis na vida.
O pai tem que pensar nisso, e tomar muito cuidado quando fala aos filhos sobre os erros por eles cometidos. A irritação do pai só lhe trará mais tristeza e problemas futuros.
Um pouco mais de paciência e serenidade pode ensinar melhor os filhos a acertarem.
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