O complexo de vira-lata dos brasileiros médios se ilude com a falsa ideia dos Estados Unidos da América como nação da modernidade e do progresso.
Ficam de queixo caído quando os EUA despejam cantores e grupos comerciais - alguns não exatamente estadunidenses, mas que haviam feito muito sucesso no país - que, decadentes, veem no Brasil um mercado fértil para conquistar novos trou... quer dizer, fãs.
Só no Brasil que os hasbeen estadunidenses são endeusados além da conta.
Segundo Jessé Souza, os EUA também exercem entre os brasileiros a "superioridade moral" que difere do estigma brasileiro da "corrupção institucionalizada (e, de preferência, estatal)".
A "maior democracia do mundo" é vista como um primor de "modernidade" e "desenvolvimento", embora , em qualidade de vida, a terra do Titio Samuca deixe muito a desejar.
Temos, nos "civilizados" EUA, a realidade aberrantemente revoltante de que a violência policial que mata muitos negros fica quase sempre impune, mesmo quando o efeito dessa impunidade são as explosões de revolta popular e vandalismos cometidos por um povo merecidamente enfurecido.
Merecidamente, porque essas pessoas não têm a quem recorrer e os policiais brancos que matam negros oferecem medo e não segurança.
E uma prova de que todo esse mito dos EUA é papo furado são as eleições para a Presidência da República.
Fora os verdadeiros reality shows que são as campanhas eleitorais, o que faz o noticiário político ser, mesmo sem querer, sensacionalista, o processo eleitoral nem é tão democrático assim.
Primeiro, porque o voto não é exatamente direto. Os estadunidenses votam nos presidentes, mas são delegados do Colégio Eleitoral que decidem se o presidente mais votado será realmente eleito.
Há 20 anos, Al Gore, do Partido Democrata, foi campeão de votos. Mas o Colégio Eleitoral elegeu George W. Bush, do Partido Republicano, o mesmo de Trump.
E aí vemos que Nevada decidiu desacelerar a contagem de votos e deixar a tarefa para se concluir amanhã.
É um sistema de votação confuso, que inclui votos enviados pelo correio, e contagens de votos tão lentas que podem levar até dez dias ou mais.
Neste caso, o Brasil tem como vantagem a agilidade do processo eleitoral feito aqui.
A única coisa positiva da lentidão da contagem dos votos é que a imprensa estadunidense pode prolongar sua cobertura das eleições, e seus comentaristas terem mais dias para trabalhar o tema.
Fora isso, cansa para os estadunidenses esperar tantos dias para conhecer o novo presidente da República.
E imaginar que os brasileiros médios ainda veem os EUA modelo de civilização...
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