OVERDOSE DE MENSAGENS MOTIVACIONAIS DÃO O TOM DO MORALISMO RELIGIOSO NAS REDES SOCIAIS.
Eu uso uma conta no Instagram "clandestinamente", porque não quero ter perfil nesta plataforma digital, me bastando o Facebook e o Twitter, ou mesmo o WhatsApp, usado mais para motivos "profissionais" ou para manter contato com meu pai e meu irmão.
Nao tenho talento para mostrar uma "vida cor de rosa". Uso o Instagram apenas para consultar fotos e para pesquisa, mesmo.
Só que, de ontem para cá, a minha conta foi invadida por uma overdose de mensagens religiosas e motivacionais. Fiquei horrorizado.
Até mesmo mensagens "espíritas" - a religião com a qual rompi em 2012 e não quero voltar - , incluindo a do "médium" vigarista e picareta, tido como "símbolo de caridade" por uma filantropia tão fajuta quanto Luciano Huck. E que lançou 400 livros de autorias "espirituais" fake.
Foi uma luta ficar bloqueando perfis e denunciando como "golpe ou fraude" ou "spam" e depois ver o feed de imagens mostrar ainda mais canais.
Parecia uma invasão de pragas atingindo uma plantação. Páginas dotadas da mais gosmenta pieguice, frases "motivacionais" que em nada ajudam, porque aconselham sempre o sofredor a aguentar seu sofrimento ou dar murro em ponta de faca para superá-lo.
Outras mensagens, a maioria delas, também vinham com positividade tóxica típica da fé religiosa.
Fiquei estressado, abismado, quase perdi o sono ontem e, na manhã de hoje, ainda tive que fazer mais bloqueios e denúncias no Instagram.
As pessoas vão estranhar meu estado de horror, meu estresse e a minha necessidade de tirar o fim da manhã para dormir, para ver se recuperava a saúde mental, porque a sucessão de páginas "motivacionais", sobretudo as "espíritas", desgastaram minha mente.
Não confio nessas mensagens. Pelo contrário, sinto uma grande estranheza quando, a pretexto do amor, sobram palavras em excesso e faltam atos verdadeiros.
Até quando alguns desses falastrões e escrevinhadores fazem suposta solidariedade, são sempre ações fajutas, das quais o quase nada que é feito em prol do necessitado reclama, mesmo assim, uma infinidade de aplausos ao pretenso benfeitor.
E vamos combinar que essa enxurrada de mensagens ou canais religiosos não é feito com o propósito real de promover o verdadeiro bem, mas criar lacração com o proselitismo religioso.
São páginas monetizadas, que transformam a fé em mercadoria, num contexto mais perigoso e astucioso do que o estereótipo fácil dos "neopenteques" raivosos e estelionatários.
A positividade tóxica de religiões direta ou indiretamente "espiritualistas" é algo que me aflige, pela pieguice e pelo conservadorismo de suas ideias.
Tal como uma porção de açúcar oferecido puro que causa mal estar e doença, as "boas energias" dessas mensagens religiosas são carregadas de muito "açúcar" em doses diabéticas, nas quais a palavra "amor" se torna mais doentia do que saudável.
Afinal, é o "amor-daçar" da fé mistificadora, da motivação que mistura imperativos militares de esforço humano com palavras dóceis que fazem o efeito psicológico comparável ao que um açúcar de muitos carboidratos oferecido para um diabético crônico.
Por isso me senti mal. E tive que descansar e dar um tempo ao Instagram diante dessa avalanche tóxica da obsessão pela fé. Uma positividade tóxica marcada pela pieguice e pelo conservadorismo, que se impõe a uma sociedade ainda muito atrasada que é a brasileira.
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