PARA OS MILENIAIS E SIMILARES, "MÚSICA COMERCIAL" SÃO MARCELO BONFÁ E DADO VILLA-LOBOS SE EMPENHANDO EM FICAR COM A MARCA "LEGIÃO URBANA".
Com extrema arrogância e irritabilidade grosseiras, os mileniais e até pessoas um pouco mais velhas, nascidas sobretudo de 1978 em diante, tentam inverter o que é o conceito de "música comercial".
Como numa espécie de Tribunal do Umbigo, em que só as convicções pessoais valem para um juízo de valor irreal, ilógico e absurdo mas que se impõe como "verdade absoluta", essas pessoas medem o sentido do comercialismo na maneira oposta daquilo que gostam na música de sucesso hoje.
Ou seja, o que eles curtem é "anti-comercial", pouco importando se o ídolo favorito é gritantemente comercial.
Se você classificar Luísa Sonza como uma cantora comercial, é garantia de você, mesmo com argumentos lógicos e sensatos, ser massacrado nas redes sociais.
Música popularesca em geral? Se você considerá-la comercial, vai haver muita choradeira. Até o jornalista cultural "isentão" vai dizer que "não é bem assim".
Ainda mais quando se há o "brega vintage", em que os bregas dos anos 1990 para trás agora são considerados "geniais", "revolucionários" e "vanguardistas", pouco importando se eles são musicalmente ruins.
Num momento de profundo retardamento cultural nas redes sociais, o pessoal confunde lacração com vanguarda e pensa que tudo que é sucesso e está na moda é "não-comercial".
Vivemos uma sociedade hipermidiatizada e hipermercantilizada e as pessoas pensam que tudo surge de maneira natural, espontânea, pensam que o que é mainstream hoje é "alternativo" ou "vanguarda", o que é um terrível equívoco.
É muita tolice. Se fosse boa-fé, seria uma ingenuidade. Mas em muitos casos é pura má-fé, de gente ressentida ao saber que aquilo que curte e que gosta não é levado a sério pela natureza superficial e medíocre do fenômeno da moda.
São um monte de pessoas frustradas que, recorrendo à Síndrome de Dunning-Kruger (conhecida como a mania da "superioridade ilusória"), ficam desqualificando quem realmente entende de música e sai por aí criticando, com razão, o "estabelecido".
E desqualificando à maneira do Tribunal do Umbigo: com xingações, desculpas esfarrapadas e grosserias.
Isso inverte os valores nessas mentes confusas que controlam o Tribunal do Umbigo na Internet.
"Comercial" agora é aquele nome mais antigo da música de qualidade, o coitado do artista autêntico que, abandonado, luta para permanecer em atividade e divulgar seu trabalho.
"Não-comercial" ou "anti-comercial" é aquele nome de sucesso hoje em dia que "faz parte" do cotidiano pessoal do seu fã.
A desculpa usada é que os nomes comerciais da música atual, da pisadinha ao k-pop, ou mesmo o "brega vintage", por estarem associados à vida diária de uns internautas influentes, pode ser definido como "não-comercial" ou "anti-comercial".
Desculpa fajuta.
Em contrapartida, "comerciais", por exemplo, são os Rolling Stones fazendo uma nova turnê e os dois remanescentes da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, disputarem com o filho de Renato Russo, Giuliano Manfredini, o uso do nome da banda.
"Não-comercial" ou "anti-comercial" são o pop amestrado do BTS, o "funk ostentador" de MC Don Juan, a "sofrência" de Simone e Simaria, o brega-pop ambicioso de Luan Santana, o identitarismo de mercado de Gloria Groove e Pabblo Vittar.
Como "não-comerciais" ou "anti-comerciais" são as lacrações de Gretchen, o romantismo gosmento de Michael Sullivan, a canastrice pedante de Alexandre Pires, o pseudo-saudosismo do Raça Negra e o erotismo grosseiro do É O Tchan.
Pior é que tem muita gente boa assinando embaixo. Vide o constrangedor apoio de Ivan Lins, um grande compositor, às canastrices de Alexandre Pires e Ivete Sangalo.
Numa época em que o senso crítico é discriminado e "imparcialidade" é passar pano até no que há de ruim, isso fica muito complicado.
E eventualmente ocorrem discursos chantagistas dos idiotas da Internet.
Se a gente argumenta que os ídolos dessa patota são mesmo comerciais, eles vêm com irônicas ameaças: "Até o ar que respiramos é comercial".
E eles arrotam comentários agressivos, xingações, ou, às vezes, a cínica risada gráfica "KKKKKKK", para impor a sua pretensa verdade.
E isso vem de gente que consome mídia todo dia: O Globo / Extra, Rede Globo, SBT, Record TV, Rede TV!, Band, Jovem Pan, Veja, Caras, mas jura que só vê Netflix.
Para piorar, isso é uma grande hipocrisia de quem se gaba de ser "contra a hipocrisia" nas palavras fáceis e mentirosas das redes sociais. Numa sociedade manipulada pela mídia, todo mundo pensa ser anti-mídia e se proclama, erroneamente, "alternativo" e "independente", vejam só!
E isso é extremamente horrível, e mostra o quanto a ignorância das pessoas atingiu níveis insustentáveis e catastróficos.
Se chegamos ao ponto de músicos competentes de MPB e jornalistas culturais tidos como imparciais passarem pano na mediocridade musical reinante, é porque o Brasil está culturalmente perdido.
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