
O salário mínimo para 2026 teve um reajuste de menos de 7%, atingindo somente um índice de 6,78%, em relação a este ano. Isso significa que o valor de R$ 1.518, cujo aumento chegou a ser cogitado para R$ 1.631 e, depois, para R$ 1.627, foi acrescido somente de R$ 103, ficando para a quantia de R$ 1.621 para 2026.
É um reajuste típico de sindicalistas pelegos, desses que não ameaçam os privilégios dos patrões, trazendo para os trabalhadores apenas uma parte parcial da remuneração reivindicada, garantindo apenas poucos ganhos para a população mais necessitada.
A desculpa usada pelo governo Lula para dar um reajuste fajuto para o salário mínimo é que a inflação ficou mais baixa que o esperado e, portanto, só foi preciso um aumento nestes parâmetros, considerado pelos tecnocratas do Governo Federal como “aumento real”.
Todavia, esse aumento só vai pesar menos para as classes mais abastadas, sobretudo a chamada burguesia ilustrada, a parte mais festiva e lúdica das classes privilegiadas. O chamado “pobre de novela”, que pode comprar bens de consumo mais sofisticados mesmo pagando em prestações, também será menos prejudicado. Para estes, o salário mínimo é apenas uma referência da qual ganham, no mínimo, três vezes o valor correspondente.
Já quem é realmente pobre, ganha só um salário mínimo por mês e possui famílias numerosas vai ter que continuar apertando o orçamento e obrigando até filhos pequenos a reforçar a renda familiar com trabalho infantil. O aumento dos preços e das contas do mês segue com ritmo mais acelerado e os salários não conseguem acompanhar essa velocidade. Na prática, o novo reajuste acaba se tornando inferior ao salário atual, pois a relação entre salários e preços tende a sofrer uma queda, desvalorizando o novo salário.
Em outras palavras, o poder aquisitivo dos mais pobres sairá prejudicado. Só os razoavelmente mais abastados, os “pobres” da narrativa lulista, sairão beneficiados. É claro que aqueles que têm tempo de sobra para usar as redes sociais vai sair aplaudindo, sobretudo a burguesia ilustrada que aprendeu a gostar de Lula e até passou a exagerar na idolatria. Quem ganha, pelo menos, R$ 6.072 - quatro salários mínimos - e vai ganhar R$ 6.484 ou mais é só sorriso na cara.
Mas os pobres que, por indivíduo, mal conseguem obter trocados além de R$ 1.518 e, depois, de R$ 1.621, terão que redobrar, ter que fazer malabarismos para segurar o dinheiro, incrementar renda e poder ao mesmo tempo ter uma alimentação digna e as contas em dia, o que será muito difícil.
Cabe, portanto, aos abastados não abusarem no consumo impulsivo para não forçar o aumento de preços e abrir mão do supérfluo para ajudar os mais pobres. Caso contrário, o ônus da “boa” sociedade por sua mão-de-vaca será ser assaltada e perder seus bens de maior valor. Não adianta a gente abastada falar português errado para fingir que é pobre. Ela tem que ajudar os pobres, agora que o precário aumento salarial vai fazer o lado de baixo da pirâmide social continuar no aperto.
E assim vemos o quanto é decepcionante o governo Lula. Em políticas salariais, um ex-ooerário perde para criadores de gado que foram Getúlio Vargas e João Goulart, mais generosos com o proletariado. É por isso que, hoje, enquanto a burguesia está gostando de Lula, o povo pobre da vida real se decepcionou com ele, uma atitude que dificilmente tem volta. O jeito é Lula buscar o eleitor mais abastado que lhe garanta um caminho, ainda que apertado, para o quarto mandato.
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