LULA E JOSÉ SARNEY, EM REUNIÃO RECENTE DO PETISTA.
Lula não está forte e nem está vitorioso em sua batalha.
Ele está fragilizado politicamente e teme uma derrota profunda que possa dar fim à sua carreira política.
Parece doloroso dizer isso, mas os fatos confirmam isso.
Se Lula está fazendo acordos com a direita apenas evitando o lado mais radical, mas mesmo assim acenando para uma parcela dos golpistas de 2016, é porque está fraco.
Se ele precisa do MDB e de setores do tucanato e do Centrão para viabilizar sua candidatura, é porque ele não está fortalecido.
Os golpistas de 2016 não vão ceder às exigências de Lula. Seria ingenuidade que cedessem. O golpe foi articulado e feito, com todos os retrocessos, visando a permanência desse legado horrível.
Se Lula estivesse realmente forte, bastava ele. Bastava o apoio das esquerdas, das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais.
Bastariam passeatas e protestos populares, greves e ocupações de latifúndios improdutivos, para pressionar para a derrubada de Bolsonaro e o recuo da direita em geral.
Se Lula articula com a velha direita fisiológica para se viabilizar nos votos presidenciais, é porque ele anda apagado, fraco.
Se ele precisa até de José Sarney e dos claramente golpistas Edison Lobão e Romero Jucá para vencer as eleições, é porque Lula não está seguro de si.
Se Lula quer obter visibilidade na mídia coronelista "mais flexível" - tipo a Rádio Metrópole de Salvador, do astro-rei Mário Kertèsz - , é porque não consegue repercutir por si mesmo.
São críticas duras, e olha que eu os faço de maneira respeitosa ao Lula.
Lula não pode acreditar que fará aliança com os golpistas e pedir para eles respeitarem seu programa de governo.
Ele tinha que tomar cautela nas alianças para a frente ampla. Não estamos em 2002.
Ninguém pode se aliar ao primeiro oportunista que estiver de braços abertos, ou que promete a paz mundial, promete pagar a rodada de cerveja ou apareça com um bebê negro e pobre no colo para forjar comoção.
Os "brinquedos culturais" das esquerdas, que passaram a ver o Brasil como se fosse a novela das nove da Rede Globo, com seus "médiuns", funqueiros e mulheres-objetos de pelúcia, deterioraram seu nível de percepção.
E criam um aspecto surreal. Enquanto as esquerdas acham que a vida nas favelas é "maravilhosa", diante daquela visão ufanista que, se manifesta em 1970, estaria mais próxima dos partidários da ditadura militar, a direita moderada se preocupa melhor com a agonia dos favelados.
As esquerdas pagaram o preço de darem ouvidos a Paulo César de Araújo e outros propagandistas da "pobreza linda" que descrevi em Esses Intelectuais Pertinentes....
Passaram a ter uma "visão de mundo e de Brasil" que constrangeu as classes trabalhadoras e fizeram os pobres se agarrarem no oportunismo dos neopentecostais, vendo que o esquerdismo enxergava as favelas como se fossem a Disneylândia do subúrbio.
Resultado. Dentro do Brasil-Instagram, as esquerdas se acham vitoriosas, cruzando os braços e vivendo de memecracia e tricotadas, e só indo para as ruas de vez em quando, e só para fazer festinhas.
Até hoje o "histórico" protesto de Dois de Outubro não refletiu em coisa alguma na queda de Bolsonaro. Segunda-feira não se falava da "maior manifestação contra Bolsonaro da História do Brasil".
Tudo parecia como se nada tivesse acontecido.
E aí vemos o quanto as esquerdas estão enfraquecidas e debilitadas, acreditando que as instituições que sustentaram o governo Temer irá devolver o poder para os esquerdistas.
E Lula, achando que fazendo a frente ampla demais vai esvaziar e enfraquecer a terceira via, vai acabar esvaziando seu programa de governo.
Não existe almoço grátis e todo acordo envolve uma limitação ao projeto político de Lula. A cada apoio com um direitista, é menos liberdade para Lula implantar suas propostas para melhorar o país.
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