Pular para o conteúdo principal

AS ESQUERDAS FESTIVAS ACABAM AFASTANDO AS PESSOAS SÉRIAS


As esquerdas não estão ganhando o jogo. Seu triunfalismo é causado por expectativas fantasiosas com base em vantagens especulativas envolvendo a candidatura de Lula.

Não há condições objetivas para as esquerdas voltarem ao poder.

As instituições que, até pouquíssimo tempo, estavam comprometidas com o golpe de 2016 e o "pacote de maldades" de Michel Temer, não vão devolver o poder que tiraram das esquerdas.

Não há lógica para que isso aconteça. O pessoal que derrubou Dilma Rousseff e contribuiu para a prisão de Lula não vai permitir que o petista conquiste um novo mandato presidencial.

As pesquisas eleitorais são de credibilidade duvidosa, pois não se sabe quem foram os entrevistados. Serão mesmo duas mil pessoas, ou apenas oito, dez funcionários?

Tenho dúvidas que Lula irá ganhar todos os cenários eleitorais.

Além disso, nas ruas, eu vejo, e é sério isso, trabalhadores com raiva de Lula, tratando ele como um traidor.

E aí vem Lula se reunindo com empresários, fazendo acordos com Romero Jucá e Edison Lobão, com declarações diversas de que o mercado está com o petista, irritam o proletariado.

É sério. Vejo isso em todos os cantos. Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Belo Horizonte. O pessoal todo falando mal do Lula.

O antipetismo voltou a todo vapor, para desespero das esquerdas isoladas em suas bolhas digitais.

Claro, dentro desses ambientes digitais, onde umas centenas de pessoas acreditam em fantasias e concordam entre si, um grupo interagindo entre si, todos acreditam que Lula ganhou todas, tem 100% do proletariado ao seu lado e as elites neoliberais se renderão aos desígnios do petista.

Essa fantasia não se reflete na prática, mas pouco importa. Dentro dos feudos das redes sociais, as centenas de pessoas acreditam numa mesma fantasia, elas concordam com tudo, argumentam desculpas entre si que ninguém discorda, e tudo fica legal.

Mas, fora do Brasil-Instagram, Lula pode ser derrotado até mesmo por Eduardo Leite ou mesmo o "insosso" João Dória Jr..

Globo News e Folha de São Paulo já botaram o antipetismo para funcionar.

Não estamos em 2002. O Brasil está em frangalhos, com a Amazônia devastada em uma área equivalente a mais de 3.300 campos de futebol, com pessoas morrendo nas convulsões sociais, dos feminicídios à violência no campo, e isso é grave.

Mas aí vem o jornalista cultural isentão e as esquerdas festivas dizendo que "estamos na melhor fase de toda a História da Humanidade", que "estamos bem" e "tudo vai dar certo", dentro de um clima de positividade tóxica de forjar uma felicidade que não é irreal.

Claro, é uma classe média bem de vida, na qual as esquerdas festivas são uma parte disso, e todo mundo achando que o Brasil virou a sucursal do Paraíso na Terra.

E as esquerdas festivas, que foram uma praga nos anos 1970 nos tempos do desbunde, e ridicularizadas por esquerdistas sérios, preocupados com o empobrecimento do proletariado, voltaram a todo vapor.

São esquerdas que, presas aos "brinquedos culturais", elegem como maior ídolo religioso um suposto médium "espírita" que, diante de uma grande audiência, defendeu radicalmente a ditadura militar e o AI-5 a ponto de ser condecorado efusivamente pela Escola Superior de Guerra.

Se o maior ídolo das esquerdas festivas é um religioso de direita, autor de livros fake, que pregava a aceitação silenciosa da desgraça humana e defendia a precarização do trabalho, então a coisa é pior.

Daí que é compreensível que tanta gente dotada de senso crítico desembarca do esquerdismo e vira reacionário doente.

No livro Caminho de Pedras, um dos primeiros de Rachel de Queiroz, lançado em 1937, que eu li por volta de 2004, há uma explicação para as esquerdas afastarem tanta gente.

No enredo, um movimento de trabalhadores acaba sendo apropriado pelas elites docentes dos professores universitários, perdendo toda a essência da mobilização social original.

A própria escritora, originalmente uma comunista, se associou em 1964 ao projeto IPES-IBAD, "institutos" de fachada que pregavam o golpe militar contra João Goulart há um tempo.

E o que hoje são as esquerdas?

Um bando de gente de classe média, que mostra seu caráter festivo quando atribui ao risível sucesso "XiBom Bombom", do grupo As Meninas, como "inspirado em O Capital de Karl Marx".

Isso é raciocínio raso das esquerdas festivas, que preferem as causas identitárias às trabalhistas.

De que adianta essas esquerdas estudarem Karl Marx, Antonio Gramsci e Paulo Freire, ver filmes de Glauber Rocha e ler livros de Noam Chomsky, se preferem o carnaval identitário que nada contribui para a melhoria das vidas dos mais pobres?

E que esquerdismo se espera de gente que defende a música brega-popularesca (difundida a partir de gente conservadora como Sílvio Santos), um suposto "espiritualismo kardecista" (apoiado nas ideias medievais da Teologia do Sofrimento) e num identitarismo que o "sistema" apoia com gosto?

Esse identitarismo não combate o status quo, a ponto de até mesmo redes de lojas bolsonaristas mostrarem em suas campanhas publicitárias gordinhos, negros, gays e mulheres tatuadas sorrindo alegres consumindo os produtos desses estabelecimentos?

É compreensível ver que tem gente muito sensata e com visão de mundo coerente que, ao ver essas esquerdas que estão aí, chutarem o pau da barraca e virarem até mesmo reaças.

Cometem seus exageros, até pela raiva cega ao esquerdismo, mas isso se deve aos próprios erros das esquerdas festivas.

Estas, aliás, se comportam de forma arrogante. Ficam presas aos "brinquedos culturais" da direita, cultuando "médiuns" reaças, funqueiros e funqueiras machistas (a objetificação do corpo nunca é uma arma contra o machismo, mas submissa a seus conceitos), e se acham donas da verdade.

Quando questionadas, as esquerdas esnobam, ridicularizam, gracejam. Passam a cometer valentonismo (bullying) que tanto reprovam nos outros.

Já vi, nas redes sociais, uma conhecida cantora (não vou falar o nome) que, ao saber da informação (verídica) de que o tal "médium de peruca" era um reacionário, disse que esse fato era "invenção das elites ligadas ao Itaú".

É, mas o mesmo identitarismo dessas esquerdas festivas anda de mãos dadas com o Itaú em muitos momentos, e a mídia venal que vomita desaforos contra Lula fica assinando embaixo nesse imaginário idiota que cultua "médiuns", funqueiros, mulheres-frutas, esportistas milionários etc.

Isso faz afastar mais e mais quem poderia estar lutando dentro das esquerdas, propondo ações e abordagens críticas da realidade, gente muito boa que vai para a trincheira da direita defender de verdade o povo trabalhador.

E, em contrapartida, há muito reaça que realiza linchamento virtual nas redes sociais contra quem discorda de ideias obscurantistas que finge "apoio amplo, irrestrito e eterno" ao Lula em troca de vantagens sociais da Espiral do Silêncio.

Lula está se iludindo com a constelação de aproveitadores que farão seu projeto político ser posto a perder.

É muito pior do que haver um Cabo Anselmo nos tempos de João Goulart.

Porque os Cabos Anselmos de hoje são múltiplos e de vários tipos.

São os reacionários de Internet, praticantes de linchamento digital de fazer o "gabinete do ódio" bolsonarista ficar de queixo caído, que fingem "esquerdismo sincero e permanente" para levar vantagens nas redes sociais.

São os intelectuais "bacanas" que querem gourmetizar a degradação da cultura popular, sob a desculpa esfarrapada do "combate ao preconeito" (ver Esses Intelectuais Pertinentes...).

São os neoliberais, entre cientistas políticos, empresários, professores universitários etc, que precisam de Lula para lhes dar generosas gorjetas estatais para seus projetos e instituições, deixando as verbas privadas que eles já têm para o patrimônio de suas fortunas pessoais.

Há "coronéis" do rádio FM da Bahia, do Pará, do Ceará etc, que só apoiam Lula porque sabe que ele lhes dará verbas estatais para que o patrimônio privado desses barões midiáticos não precise ser aplicado em investimentos e sobrasse para o gozo de suas riquezas pessoais.

Ou alguém acha que um Mário Kertèsz da vida, "filhote" da ditadura militar bem mais entrosado a ela do que Ciro Gomes, virou realmente um "marxista desde criancinha", "amigo de infância" do ex-presidente Lula?

Ou alguém imagina mesmo que o "funk", nascido sob o mesmo imaginário carioca que pariu Jair Bolsonaro, se autoproclama "de esquerda" por conta de uma suposta "carteirada da pobreza" e não em troca de verbas estatais para enriquecer MCs e DJs de maior sucesso?

Esses aproveitadores não têm uma visão reacionária diferente de um Paulo Guedes recentemente acusado de operar uma offshore para depositar US$ 9,5 milhões (cerca de R$ 52 milhões) em paraísos fiscais no Caribe.

É até pior, porque tem muito neoliberal que senta no colo de Lula para pedir verbas estatais que acabam inflando ainda mais seus enriquecimentos pessoais, porque até o que investiriam nas suas empresas em verbas estatais seria pouco, a maior parte eles pegariam para si.

E aí vemos o quanto o esquerdismo no Brasil ficou decadente, apesar de haver gente séria e competente atuando.

Mas elas não podem desafiar o esquemão, no qual os aproveitadores e bastardos a gritar "é Lula 2022" com uma convicção mentirosa, comandam todo o processo.

E é todo esse quadro que acaba afastando quem poderia estar ao lado das esquerdas e faz aproximar quem não é tão solidário assim de verdade.

Daí que vemos a inversão de valores. Nas esquerdas, vemos gente que pouco está lixando com os problemas das favelas, que há décadas são consideradas um problema habitacional gravíssimo, mas as narrativas de hoje impõem como "habitats naturais do povo pobre".

Enquanto isso, na direita, vemos gente com maior sensibilidade com o povo trabalhador, rejeitando o "ufanismo das favelas" que as esquerdas festivas tanto pregaram e continuam pregando.

E é todo esse quadro que faz com que as esquerdas estejam mais sujeitas à derrota do que à vitória.

Não vou votar em Lula porque ele acabou se tornando refém dessa esquerda festiva e dos aproveitadores da direita que caíram de paraquedas no apoio tendencioso às causas progressistas.

Sinto um perigo enorme rondando o Brasil. Desde 2016 pressinto essa fragilidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INFANTILIZAÇÃO E ADULTIZAÇÃO

A sociedade brasileira vive uma situação estranha, sob todos os aspectos. Temos uma elite infantilizada, com pessoas de 18 a 25 anos mostrando um forte semblante infantil, diferente do que eu via há cerca de 45 anos, quando via pessoas de 22 anos que me pareciam “plenamente adultas”. É um cenário em que a infantilizada sociedade woke brasileira, que chega a definir os inócuos e tolos sucessos “Ilariê” e “Xibom Bom Bom” cono canções de protesto e define como “Bob Dylan da Central” o Odair José, na verdade o “Pat Boone dos Jardins”, apostar num idoso doente de 80 anos para conduzir o futuro do Brasil. A denúncia recente do influenciador e humorista Felca sobre a adultização de menores do ídolo do brega-funk Hytalo Santos, que foi preso enquanto planejava fugir do Brasil, é apenas uma pequena parte de um contexto muito complexo de um colapso etário muito grande. Isso inclui até mesmo uma geração de empresários e profissionais liberais que, cerca de duas décadas atrás, viraram os queridões...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

A MIRAGEM DO PROTAGONISMO MUNDIAL BRASILEIRO

A BURGUESIA ILUSTRADA BRASILEIRA ACHA QUE JÁ CONQUISTOU O MUNDO. Podem anotar. Isso parece bastante impossível de ocorrer, mas toda a chance do Brasil virar protagonista mundial, e hoje o país tenta essa façanha testando a coadjuvância no antagonismo político a Donald Trump, será uma grande miragem. Sei que muita gente achará este aviso um “terrível absurdo”, me acusando de fazer fake news ou “ter falta de amor a Deus”, mas eu penso nos fatos. Não faço jornalismo Cinderela, não estou aqui para escrever coisas agradáveis. Jornalismo não é a arte de noticiar o desejado, mas o que está acontecendo. O Brasil não tem condições de virar um país desenvolvido. Conforme foi lembrado aqui, o nosso país passou por retrocessos socioculturais extremos durante seis décadas. Não serão os milagres dos investimentos, a prosperidade e a sustentabilidade na Economia que irão trazer uma cultura melhor e, num estalo, fazer nosso país ter padrões mais elevados do que os países escandinavos, por exemplo....

“FUNK” DEIXA A MÁSCARA CAIR COM CASO DA MÃE OMISSA

O discurso vitimista do “funk”, que durante anos usou o coitadismo como estratégia de marketing, anda sendo desmascarado por vários episódios. O machismo e a objetificação da mulher, que derrubaram a tese do suposto feminismo, o enriquecimento abusivo dos funqueiros e as alianças com a mídia patronal mostram o quanto a choradeira intelectual em prol do gênero nunca passou de conversa para boi dormir. Um caso recente que revela a hipocrisia do “funk”, que agora tem o DJ Marlboro transformado em magnata e queridinho da burguesia ilustrada, é o de uma jovem que, em nome do seu hedonismo funqueiro, deixou uma filha morrer em casa, na companhia de apenas seu irmão de conco anos de idade  A jovem Vanusa Moura Ferreira, moradora do bairro de Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, deixou as duas crianças sozinhas em casa para ela sair à noite para curtir um “baile funk”. A filha de oito meses acabou morrendo por possível engasgo com a mamadeira. A mãe foi presa acusada de abandono de inca...

BRASIL QUER SER POTÊNCIA COM VIRALATISMO

A "CONQUISTA DO MUNDO" DO BRASIL COMO "POTÊNCIA" É APENAS EXPRESSÃO DE UMA ELITE QUE SE SENTE NO AUGE DO PODER, A BURGUESIA ILUSTRADA. A vitória de uma equipe de ginástica rítmica que se apresentou ao som da tenebrosa canção "Evidências", composição do bolsonarista José Augusto consagrada pela dupla canastrona Chitãozinho & Xororó, mostra o espírito do tempo de um Brasil que, um século depois, vive à sua maneira os "anos loucos" ( roaring twenties ) vividos pelos EUA nos anos 1920. É o contexto em que as redes sociais espalham o rumor de que o Brasil já se tornou "potência mundial" e se "encontra agora entre os países desenvolvidos", sinalizando a suposta decadência do império dos EUA. Essa narrativa, própria de um conto de fadas, já está iludindo muita gente boa e se compara ao mito da "nova classe média" do governo Dilma Rousseff. A histeria coletiva em torno do presidente Lula, que superestima o episódio do ta...

TEM BRASILEIRO INVESTINDO NO MITO MICHAEL JACKSON

Já prevenimos que o cantor Michael Jackson, que teria feito 67 anos ontem, virou um estranho fenômeno "em alta" no Brasil, como se tivesse sido "ressuscitado" em solo brasileiro. Na verdade, o finado ídolo pop virou um hype  tão sem imaginação que a lembrança do astro se dá somente a sucessos requentados, como "Beat It", "Billie Jean" e "Thriller". Na verdade, essa reabilitação do Rei do Pop, válida somente em território brasileiro, onde o cantor é supervalorizado ao extremo, a ponto de inventar qualidades puramente fake  - como alegar que ele foi roqueiro, pesquisador cultural, ateu, ativista político etc - , é uma armação bem articulada tramada pela Faria Lima, sempre empenhada em ditar os valores culturais que temos que assimilar. De repente Michael Jackson começou a "aparecer" em tudo, não como um fantasma assombrando os cidadãos, mas como um personagem enfiado tendenciosamente em qualquer contexto, como numa estratégia de...

MICHAEL JACKSON: O “NOVO ÍDOLO” DA FARIA LIMA?

MICHAEL JACKSON EM SUA DERRADEIRA APARIÇÃO, EM 24 DE JUNHO DE 2009. O viralatismo cultural enrustido, aquele que ultrapassa os limites do noticiário político que carateriza o “jornalismo da OTAN” - corrente de compreensão político-cultural, fundamentada num “culturalismo sem cultura”, que contamina as esquerdas médias abduzidas pela mídia patronal - , tem desses milagres.  O que a Faria Lima planeja em seus escritórios em Pinheiros e Itaim Bibi (nada contra esses bairros, eu particularmente gosto deles em si, só não curto as ricas elites da grana farta) acaba, com uma logística publicitária engenhosa, fazendo valer não só nas areias do Recreio dos Bandeirantes, mas também nos redutos descolados de Recife, Fortaleza e até Macapá. Vide, por exemplo, a gíria “balada”, jargão de jovens ricos da Faria Lima para uma rodada de drogas alucinógenas. Pois a “novidade” trazida pelos farialimeiros que moldam o comportamento da sociedade brasileira através da burguesia ilustrada, é a “ressurrei...

AS DURAS LIÇÕES DA BOLÍVIA PARA O BRASIL

Na Bolívia, nos últimos anos, o esquerdista Evo Morales foi expulso do poder, a reacionária Janine Anez tomou o poder, depois ela encerrou o mandato e em seguida foi presa e o esquerdista mais do que moderado Luís Arce presidiu o país em seguida. E, agora, é a direita que disputa o segundo turno no nosso vizinho, com os políticos Rodrigo Paz, ex-senador, e Jorge Quiroga, ex-presidente, concorrendo à Presidência da República boliviana. São duras lições para o Brasil e um único parágrafo é bastante para descrever o caso da Bolívia num texto que serve mais para o Brasil. Afinal, o governo Lula fracassou no que se refere ao seu projeto político e não convenceram os “recordes históricos” do chamado “Efeito Lula” porque eles eram fáceis, fantásticos e imediatos demais para serem realidade. Devemos insistir que não dá para fazer reconstrução em clima de festa e, muito menos, sem canteiro de obras. Colheita sem plantação? Com o chefe da nação fora do país? E olha que Lula tem um poder de certa...

MÚSICA BREGA-POPULARESCA É UM PRODUTO, UMA MERA MERCADORIA

PROPAGANDA ENGANOSA - EVENTO NO TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO EXPLORA A FALSA SOFISTICAÇÃO DO CONSTRANGEDOR SUCESSO "EVIDÊNCIAS", COM CHITÃOZINHO & XORORÓ. O Brasil tem o cacoete de gourmetizar modismos e tendências comerciais, como se fossem a oitava maravilha do mundo. Só mesmo em nosso país os produtores e empresários do entretenimento, quando conseguem entender a gramática de um fenômeno pop dos EUA e o reproduzem aqui - como, por exemplo, o Rouge como imitação das Spice Girls e o Maurício Manieri como um arremedo fraco de Rick Astley - , posam de “descobridores da roda”, num narcisismo risível mas preocupantemente arrogante. Daí que há um estigma de que nosso Brasil a música comercial se acha no luxo de se passar por “anti-comercial” usando como desculpa a memória afetiva do público. Mas não vamos nos iludir com essa mentira muito bem construída e muito bem apoiada nas redes sociais. Você ouve, por exemplo, o “pagode romântico”, e acha tudo lindo e amigável. Ouv...

BEATITUDE VERGONHOSA… E ENVERGONHADA

A idolatria aos chamados “médiuns espíritas” - espécie de “sacerdotes” desse Catolicismo medieval redivivo que no Brasil tem o nome de Espiritismo - é um processo muito estranho. Uma beatitude rápida, de uns poucos minutos ou, se depender do caso, apenas um ou dois dias, manifesta nas redes sociais ou pelo impulso a algum evento da mídia empresarial, principalmente Globo e Folha, mas também refletindo em outros veículos amigos como Estadão, SBT, Band e Abril. Parece novela ruim esse culto à personalidade que blinda esses charlatães da fé dita “raciocinada” - uma ideia sem pé nem cabeça que pressupõe que dogmas religiosos teriam sido “avaliados, testados e aprovados” pela Ciência, por mais patéticos e sem lógica que esses dogmas sejam - , tamanho é o nível de fantasias e ilusões que cercam esses farsantes que exploram o sofrimento humano.  Os “médiuns” foram e são mil vezes mais traiçoeiros que os “bispos” neopentecostais, mas são absolvidos porque conseguem enganar todo mundo com u...