PROTESTO CONTRA BOLSONARO NO RIO DE JANEIRO, NA ESQUINA DA AV. PRES. VARGAS COM A AV. RIO BRANCO.
Embora fruto das procrastinações do Movimento Fora Bolsonaro, o protesto marcado para hoje, 02 de outubro de 2021, foi bem-sucedido, pelo menos na adesão de manifestantes.
Não foi um protesto exclusivo das esquerdas, e foi consequência do agravamento da crise do governo Jair Bolsonaro.
O caráter de espetáculo foi inevitável, mas tiradas interessantes como um saco de arroz gigantesco parodiando a carestia, com os rostos de Bolsonaro e Paulo Guedes na embalagem, deram o tom da manifestação.
Centrais sindicais e movimentos sociais participaram do evento, assim como 20 partidos políticos que variavam do PSL ao PCO, passando pelo PT, PSDB, PSOL e Rede.
Até a estonteante jornalista e ativista política Valéria Monteiro, filiada à Rede, participou de um dos protestos, em Campinas, cidade onde ela, natural de Belo Horizonte, se criou.
A ênfase estava no aumento dos preços dos alimentos, no desemprego, no aumento do gás, no risco de apagão elétrico e na corrupção envolvendo o setor da Saúde.
Com todos os defeitos da organização que não quis fazer protestos mais constantes e deixou perder tempo "segurando" Bolsonaro, os protestos de hoje tiveram um bom fôlego.
Houve também protestos em outros países, da Argentina à Bélgica, contra o governo Bolsonaro.
Espera-se que as instituições se sensibilizem e criem um jeito para tirar Jair Bolsonaro do poder.
Em que pese esse sucesso todo, as esquerdas não podem dizer que saíram vencedoras.
É porque existe uma grande diferença entre gritar "Fora Bolsonaro" e "Lula Presidente".
O favoritismo aparente de Lula é apenas especulativo, e o contexto, se observarmos bem, não é propício para as esquerdas voltarem ao poder.
O golpe político contra Dilma Rousseff ocorreu há pouco tempo e os golpistas não vão devolver o espaço político às esquerdas.
Não há lógica de achar que o golpe de 2016 foi um pequeno pesadelo que se encerrou e dará lugar ao grande sonho revolucionário das esquerdas.
Aliás, ando decepcionado com esse otimismo exagerado e que não condiz com as condições da realidade, negativas para a volta das esquerdas.
As esquerdas andam infantilizadas e tolas, afinal são as classes médias, e não as classes populares, que dominam a narrativa e o processo de mobilização.
Enquanto a população de rua vive sem habitação, tomada pelo medo e pela desolação, para não dizer uma revolta e uma tristeza profundas, as esquerdas mais abastadas se comportam como se estivessem em Oslo.
É claro que esquerdas identitárias e esquerdas trabalhistas devem se unir, e , dentro dos limites das desavenças e conflitos temporariamente suspensos, à direita moderada para derrubar Bolsonaro.
Mas nada de Lula fazer alianças cegas aqui e ali e depois achar que seu projeto político original sairá intato diante de tantos acordos espúrios.
Daí que fiquei muito decepcionado e até triste com esse otimismo cego e arrogante, que não observa os limites da realidade.
Comentários
Postar um comentário